Os migrantes da Venezuela, que vivem em uma ocupação espontânea na periferia de Boa Vista, receberam o prazo até o fim deste mês para deixar o local, onde vai ser construída uma maternidade

Abrigo da Operação Acolhida em Boa Vista (Foto: Rogério Silva/OPAS). Imagem postada em: AMAZÔNIA REAL
Boa Vista (RR) – Indígenas Warao que vivem em Boa Vista, capital de Roraima, não têm o que comemorar em pleno mês dos povos indígenas no Brasil. O motivo é a ameaça de despejo, porque o governo do Estado mantém a decisão de desocupar a área onde funciona a ocupação espontânea Yakera Ine (“estou bem” em espanhol), localizada no bairro Pintolândia, na zona oeste da capital. No local, vivem 100 famílias, um total de 340 pessoas. Os Warao são indígenas das regiões de áreas conhecidas como Delta Amacuro, Monagas e Sucre, na Venezuela, que migraram para o Brasil a partir de 2016, fugindo da crise econômica em seu pais.
Euligio Warao, de 40 anos, é um dos caciques [‘aidamo’, na sua língua nativa] na ocupação. Ele conta que em janeiro deste ano foram informados de que deveriam sair em 40 dias. “Precisamos de um espaço para sairmos deste lugar”, reivindica a liderança. “Se não tem, como vamos sair? Não temos para onde ir. Como migrantes e indígenas, nos sentimos abandonados, porque chegam e só dizem que tem que sair desse lugar.”
O local onde eles vivem já serviu como abrigo oficial do governo brasileiro, mas foi desativado. Muitas famílias foram levadas para outros abrigos, mas outras preferiram permanecer na ocupação para manter sua liberdade, autonomia e direito à sua cultura de modos de vida.
A Amazônia Real visitou a ocupação nos últimos dias e constatou uma estrutura precária. Parte do grupo vive dentro de um ginásio em barracos retangulares divididos com tapumes, MDF e lonas – eles reaproveitaram o redário deixado pela Operação Acolhida. Na parte externa, os barracos são semelhantes, mas há acréscimo de madeiras, pedaços de ferro e forro de PVC para formar as paredes improvisadas. Há água potável em cinco torneiras para toda a comunidade e os 13 banheiros que ainda funcionam – também deixados pela ajuda humanitária do governo federal no que antes era chamado de abrigo Pintolândia. No dia a dia, a água dos jiraus e da chuva escorrem e se acumulam pelo local e, segundo os moradores. Neste período chuvoso, invadem onde os Warao dormem por falta de drenagem no espaço.
Por Felipe Medeiros – CONTEÚDO NA ÍNTEGRA E GALERIA DE FOTOS DISPONÍVEL EM: AMAZÔNIA REAL
FONTE: Indígenas Warao serão desalojados pelo governo de Roraima – Amazônia Real
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