Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência

Os Dez homens Mais Desonestos do Brasil

Continuando engarupado na memória:

Tribuna da Imprensa n° 4.314, Rio, RJ
Quinta-feira, 02.04.1964
Pela Recuperação do Brasil

Escorraçado, amordaçado e acovardado deixou o poder como imperativo da legítima vontade popular o sr. João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunho que a história brasileira já registrou, o sr. João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela conheceu.

Temos o direito de dizer tudo isso do Sr. João Goulart porque não lhe racionamos os adjetivos certos, por mais contundentes que fossem, na hora em que ele dominava o poder, e posava de líder todo-poderoso da Nação. Como não nos intimidamos na hora em que Jango e os comunistas estavam por cima e amargamos até cadeia, não precisamos nem fazer a demagogia da generosidade. Mesmo porque não pode haver generosidade nem contemplação com canalhas. E Jango, Jurema, Assis Brasil, Arrais, Dagoberto, Darci Ribeiro, Waldir Pires e toda a quadrilha que assaltou o poder não passam de canalhas.

Além de canalhas, covardes. E além de covardes, cínicos. E além de cínicos, pusilânimes. E além de pusilânimes, desonestos. Bravatearam, fingiram ser machões, disseram que fariam isto e aquilo, mas aos primeiros tiros saíram correndo espavoridos e ainda estão correndo até agora. Alguns, como Aragão, como Assis Brasil, como Crisanto de Figueiredo, como Arrais, como Cunha Melo, como todo o rebotalho comunista, não serão encontrados tão cedo.

E o marechal do povo Osvino Ferreira Alves? Onde se terá metido ele? Ter-se-ia refugiado na Petrobrás, na casa do ínclito e austero sr. Santos Vahlis, ou teria entrado com Assis Brasil e Crisanto de Figueiredo, e tantos outros, na tremenda luta pelo recorde mundial de velocidade?

E o engenheiro Leonel de Moura Brizola que parecia mais valente do que todos os brasileiros reunidos, pelo menos era o que ele dizia, e silenciou cabisbaixo como o palhaço covarde que nunca deixou de ser? E os pelegos de luxo como Osvaldo Pacheco, como Pelacani, como Demistóclides Batista, como Hércules Corrêa, como tantos outros, que foram presos silenciosamente e chegaram a provocar pena de tão covardes que se mostravam?

E o sargento-deputado Garcia, que ainda na segunda-feira, no Automóvel Clube, parecia um homem disposto a tudo, e no aeroporto de Belo Horizonte, quando recebeu a voz de prisão, colocou logo as mãos na cabeça e silenciosamente, sem um protesto, se entregou, olhando apavorado para todos os lados?

Nunca se viu homens tão incapazes, tão desonestos e tão covardes. Agora que o País se livrou do fantasma da comunização podemos repetir o que vínhamos dizendo exaustivamente: todo comunista é covarde, é mau caráter. Os episódios de agora vieram provar que estávamos cobertos de razão.

O País entra hoje numa nova era. Houve a libertação. Agora, precisamos partir para a consolidação. E depois, para as reformas. Pois agora, sim, com um governo de recuperação nacional, unindo o que o País tem de melhor, de mais capaz, de mais competente, de mais responsável, de mais seguro, de mais experiente, partiremos para dar ao povo tudo o que ele precisa para se afirmar, para atingir o legítimo desenvolvimento pelo qual tanto temos lutado. Reformas com um larápio-chefe de “gang” como Jango, NÃO. Reformas com um governo austero e responsável, SIM.

Vamos provar agora que se pode reformar sem precisar estatizar violentamente. Vamos provar que se pode reformar sem agitar. Vamos provar que se pode executar as tão faladas reformas sem precisar tocar na Constituição. Pois agora, mais do que nunca, ela é intocável.

O povo brasileiro lavou a alma. O carnaval que se comemorou ontem em plena chuva só poderia mesmo ter sido feito por um povo que estava precisando dessa desforra que lhe era devida precisamente há 30 meses. O povo que comemorou ontem a queda de Jango foi o mesmo povo que votou contra ele em 1960 e foi traído pela renúncia de Jânio. A comemoração de hoje é pois uma revanche e uma recuperação.

Precisamos agora de organizar o mais rapidamente possível o novo Governo, pois os aproveitadores de sempre já cerram fileiras em torno dos cargos, já se apresentam como os heróis de uma batalha que não travaram. Junto com a organização do novo Governo temos que providenciar, também urgentemente, para que os direitos políticos dos que foram ontem legitimamente banidos pelo povo, sejam cassados para sempre.

Joao Goulart, Darci Ribeiro, Brizola, Waldir Pires, Jurema, Pacheco, Pelacani, Riani e todos os outros terão que ser arquivados para sempre, pois nós democratas não podemos cometer o erro de sempre de jogar fora a vitória com a manifestarão de sentimentalismos espúrios e sem sentido.

Não se trata de vingança, nem estamos aqui defendendo o esquartejamento dos derrotados. Mas quando o destino do País está em jogo, quando se trata de decidir da sorte dos que queriam comunizar o País, não podemos ser generosos ou sentimentais.

Para os civis, cassação dos direitos políticos. Para os militares como Assis Brasil, Crisanto, Cunha Melo, Napoleão Nobre, Castor da Nóbrega e para todos os comuno-carreiristas das Forças Armadas, o caminho é um só e inevitável: a reforma pura e simples. Não falavam tanto em reformas? Pois apliquemos a fórmula a eles.

Enfim, começa hoje uma nova era para o Brasil. Confiemos no espírito público dos homens que salvaram a democracia brasileira, e no discernimento e superioridade com que o Marechal Dutra se conduzirá nos próximos 22 meses.

# Em Primeira Mão #
(Hélio Fernandes)

Os acontecimentos que terminaram com a derrubada do regime comunista e com os “sovietes” que já funcionavam virtualmente começaram na quarta-feira, dia 24. Indiscutivelmente foram os episódios ocorridos na Marinha que precipitaram as coisas. Essa glória ninguém tira da brava Marinha Brasileira. Já reconstituímos minuciosamente os episódios de quarta, quinta e sexta-feira Santa. Contamos também, com abundância do detalhes os acontecimentos que se passaram na segunda e na terça-feira. Essa coluna constituiria o nosso trabalho de ontem, que não pôde ser publicado em virtude de a “Tribuna” ter sido fechada pelo almirante Cândido Aragão.

Agora passamos a narrar, também tanto quanto possível ordenada e cronologicamente, os acontecimentos que começaram na madrugada de terça para quarta-feira, e terminam à 01h00 de quarta para quinta, que é quando entregamos esta coluna.

Às 02h00, de terça para quarta, cinco fontes seguras informavam simultaneamente a todos nós que estávamos no Palácio Guanabara que o almirante Cândido Aragão, à frente de 5 mil homens, marchava para assaltar a sede do governo carioca. Nunca vi homens pacíficos se transformarem em tigres, tigres autênticos, não de rótulos trabalhistas, com tanta rapidez e com tanta autenticidade.

Como por encanto foram aparecendo armas de todos os calibres e das mais diversas procedências, portadas por homens que até ali exerciam afazeres os mais diversos, todos distantes do uso e do manuseio das armas. Carlos Lacerda e o excepcional general Mandin, o grande comandante da praça de guerra em que se transformou o Guanabara, à frente das suas tropas improvisadas e da brava Policia Militar do Estado, se postaram em posição de combate, esperando os fuzileiros de Aragão.

Foi o fato mais importante e mais significativo de toda a memorável campanha. Às 03h00, 04h00, 05h00, 06h00, 07h00 nada de Aragão aparecer. Os nervos foram sendo relaxados, a tensão foi abandonando o ambiente. Mandin, Borges, Toledo, Fontenelle, lá haviam construído em torno do Palácio um sistema de barragem que funcionou maravilhosamente, não permitindo que nenhuma tropa de choque se aproximasse ou tivesse a veleidade de nos atacar.

Depois, os alertas sobre ataques de Aragão se repetiram mais duas vezes. E de ambas ele não veio. Para afinal se concretizar, surpreendentemente, quando já fora dada ordem de cessar fogo, e em frente ao Palácio os tanques e os soldados eram entusiasticamente saudados. Foi nesse momento, quando o povo exigia a presença de Carlos Lacerda, que alguns homens de Aragão avançando pelos fundos do Palácio, procuravam surpreender e ultrapassar o sistema de defesa instalado pelo general Mandin. Mas foram logo repelidos, em menos tempo do que ales certamente esperavam.

O dia de ontem começou confuso, com ações lentas. Parecia que havia alguma coisa que não estava funcionando bem. Mas depois se constataria que o que parecia lentidão excessiva era apenas cautela, prudência, e o desejo de não derramar sangue inutilmente. Nisso o General Castello Branco foi inexcedível.

Por volta das 10h00, este repórter foi informado que o sr. Santos Vahlis estava em sua residência com alguns militares e com o “ministro” Jurema. Faziam um balanço da situação. Apesar de ainda estarem arrogantes e empavonados, o balanço que deram foi tão desmoralizante, que o sr. Santos Vahlis mandou que a empregada colocasse num saco de matéria plástica um pijama, um chinelo, uma pasta de dente, uma escova e um estojo de barba. Explicou:

Vou para a Vila Militar. 

Come lhe dissessem que lá não era o melhor lugar para ele, projetou refugiar-se numa embaixada. Não teve tempo.

A partir do meio-dia as notícias favoráveis foram-se multiplicando. Havia um certo pessimismo em todos os círculos, principalmente pela incapacidade em que se mantinham os democratas de silenciar a cadeia da legalidade formada pelo governo, e que explorava principalmente a onda da Mairinque, Nacional, Mauá e Ministério da Educação. Tudo isso levado para todos os pontos do País pelos canais do DCT, do comuno-negocista Dagoberto Rodrigues.

Primeiro veio a notícia de que o 3° BC, comandado pelo coronel Newton Reis, no Espírito Santo, aderira completamente. Depois se soube com luxo de detalhes que o Regimento comandado pelo general Cunha Melo, que saíra do Rio para interceptar as tropas do General Luís Guedes em Três Rios, aderira completamente. Soldados, sargentos e oficiais se passaram inteiramente para o outro lado, deixando o general Cunha Melo, comuno-carreirista autêntico, falando sozinho.

De Goiás, de Mato Grosso, excepcional o comportamento do Governador Fernando Corrêa da Costa, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul as notícias eram as melhores possível. Do Paraná, chegava a notícia de que todas as tropas do Estado estavam sob o comando de Nélson de Melo e Cordeiro de Farias, que foram para lá via São Paulo. Crisanto de Figueiredo e Castor da Nóbrega, que saíram do Rio para arrebatá-las, não puderam descer em Ponta Grossa por causa do tempo e tiveram que ir para Porto Alegre. Quando tentaram recuperara tempo perdido já estavam superados pela rapidez com que agiram Cordeiro e Nélson de Melo.

O Forte de São João foi tomado pelos oficiais da Escola Técnica, enquanto no Forte Copacabana se travava luta que terminou com a vitória estrondosa das Forças Democráticas e Legalistas. No Leme se localizavam escaramuças, mas o Forte logo depois se entregava às tropas que se opunham a comunização do País.

Mas o fato mais importante do dia acabou sendo a renúncia de Jair Dantas Ribeiro, que se demitiu irrevogavelmente do Ministério da Guerra, passando-o ao General Ancora. Na véspera o velho General tivera uma hemorragia interna devido ao esforço que Jango e Jurema exigiam dele, que queriam se acobertar com o seu nome.

Depois de uma discussão violenta com Jango, Jair Dantas Ribeiro exigiu do então ainda presidente que demitisse todos os comunistas dos postos-chave que ocupavam, dissolvesse o CGT e organizasse um Gabinete inteiramente democrático. Como Jango se recusou pois ainda acreditava, como lhe garantiam Assis Brasil, Jurema e Darci Ribeiro, seu famoso tripé, que suas forças eram superiores às Forças da Legalidade. Jair pediu demissão irrevogável e passou o cargo ao General Ancora.

Tendo constatado que as forças leais ao governo eram insignificantes, o ex-comandante do I Exército, imediatamente deu ordens de cessar fogo na Guanabara, o que praticamente liquidou com a situação. Antes de terminar este capítulo é preciso fazer um comentário sobre a atuação do general Jair Dantas Ribeiro.

Não se pode aceitar pacificamente e com elogios a sua atitude ao exigir de Jango que demitisse os comunistas e liquidasse o CGT por ser um órgão ilegal. Meses antes já os Oficiais Democráticos, os militares lúcidos, os líderes conscientes clamavam contra a comunização do País. E o general silencioso, apoiando Jango.

Quando todos gritavam contra o prestígio espantoso que se dava ao ilegítimo e ilegal Partido Comunista, o que fazia o general? Silenciava e dava todo apoio a Jango. Quando se dizia publicamente que o CGT era um órgão ilegal e subversivo, o que fazia Jair? Silenciava e apoiava Jango.

Por tudo isso é impossível deixar de dizer que a atitude de Jair “imprensando” Jango e exigindo dele a liquidação do Partido Comunista e do CGT foi uma verdadeira traição. Há meses atrás, se tomasse essa atitude, o general Jair se credenciaria perante a opinião pública como um chefe consciente e democrático. Tomando-a no calor dos acontecimentos, não passou de um carreirista vulgar, de um homem que traiu o seu chefe para poder estabelecer uma cabeça-de-ponte com o adversário. Essa é que é a verdade.

Se antes de seu encontro com Jair, Jango já considerava a situação irremediavelmente perdida, depois dessa reunião ficou totalmente desesperado. Passou imediatamente a fazer planos e mais planos de resistência, mas todos eles encontravam um grande e intransponível obstáculo: a vocação democrática da maioria maciça de nossas Forças Armadas.

Só restou, então, uma solução com a qual Jango pretendia ganhar tempo para uma tentativa desesperada de reação. Resolveu seguir para Brasília, acompanhado de alguns auxiliares, do general Assis Brasil, o senhor tem razão general, comunistas somos nós, de sua esposa e dos filhos.

Na capital, as conferências se sucederam evidenciando-se mais uma vez a loucura em que se transformaria qualquer tentativa de resistência às Tropas Democratas. Mas Jango insistia em resistir, tendo afirmado mesmo, textualmente, aos elementos com os quais conferenciou. “Não sou homem de renúncia”.

Pouco antes das 22h00, depois que o general Assis Brasil assumiu a comando militar de Brasília, substituindo o general Nicolau Fico, também do esquema governista, Jango resolveu fugir para o Rio Grande do Sul, atendendo aos acenos de resistência de seu cunhado Brizola, que, de Porto Alegre, tentava reeditar sua pseudo “Campanha da Legalidade”, no que agora não teve sucesso prático.

#Heróis da Libertação tem Passado de Lutas # 

Três Governadores de Estado, um ex-Presidente da República e quatro Generais do Exército foram as principais figuras da Revolução Democrática que alijou do poder o esquema subversivo instalado pelo sr. João Goulart.

O sr. Magalhães Pinto, Governador de Minas Gerais, deu o primeiro passo sensível às aspirações democráticas do povo mineiro, e recebeu integral apoio dos Governadores Carlos Lacerda e Ademar de Barros, escudados, por sua vez nos anseios e determinações das Forças Armadas.

Magalhães Pinto 

Depois de receber várias críticas por não se definir claramente, quanto às manobras do sr. João Goulart, o Governador de Minas Gerais lançou um pronunciamento incisivo, cristalizando o repúdio democrático a seu estilo de governo. No instante preciso, o sr. Magalhães Pinto endossou, em toda linha, a posição assumida pelo General Olímpio Mourão Filho, e formou a rede radiofônica da liberdade, permutando notícias com São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e várias unidades da federação. Graças à sua habilidade, reconquistou para as hostes udenistas, quando assumiu a Presidência do Partido, os dissidentes da “bossa nova”.

Ademar de Barros 

O Governador paulista jamais ocultou sua aversão aos métodos governamentais de Jango, especialmente quanto à natureza de suas relações com o movimento sindical e ao estímulo às greves gerais, de caráter político. Homem profundamente religioso, atribui à Providência Divina o retorno do Brasil aos caminhos democráticos. Entretanto, sua atuação foi fundamental, pois sensibilizou a massa de São Paulo para a necessidade imperiosa de ser afastada a possibilidade de sovietização do País. O clima que soube estabelecer no Estado contribuiu para que o Comandante do II Exército, General Amaury Kruel, se unisse à rebelião mineira. Governante populista, reelegeu-se quando muitos o consideravam destituído de qualquer possibilidade.

Carlos Lacerda

Entrincheirou-se no Palácio Guanabara, disposto a resistir até à morte e sob a ameaça de intervenção no Estado, após se solidarizar, corajosamente, com o Movimento Mineiro. Político de alta inteligência, concentrou sobre si o ódio de seus opositores, e agiu, na hora precisa, inutilizando o esquema político-sindical do sr. João Goulart. Suas campanhas anticorrupção o tornaram famoso em todo o território nacional.

Amaury Kruel 

Seu temperamento de militar profissional, cônscio de seus deveres e responsabilidades, o levou a determinar a marcha do II Exército sobre a Guanabara. O Levante Democrático, em seu entender, era a única forma de evitar que a hierarquia subvertida comprometesse, irremediavelmente, nossas Forças Armadas, causando danos irreparáveis ao Brasil. O conceito de que goza no Exército resultou na adesão de centenas de camaradas. Comandante de tropa e amigo da família Goulart, o general Kruel já chefiou a Polícia Carioca, destacando-se por sua energia invulgar. Nomeado membro da representação brasileira na ONU, renunciou para que pudéssemos economizar dólares.

Cordeiro de Farias 

Um dos grandes articuladores da revolta, percorreu sucessivamente, ao lado do General Nélson de Melo, vários Estados, obtendo a adesão das Forças Armadas para a causa democrática. Na madrugada de terça-feira, desembarcou em São Paulo, viajou para Minas Gerais na manhã do mesmo dia, visitou, à tarde, Mato Grosso, retornou ao Rio horas depois e na madrugada de quarta-feira, esteve em Santa Catarina e no Rio Grande do sul. Obteve o apoio do poderoso III Exército. Gaúcho da revolução de 30, derrotou João Cleofas ao se candidatar ao Governo de Pernambuco, empreendendo uma campanha antigetulista. Sua vitória foi pela margem esmagadora de 23 mil votos. Comandou tropas brasileiras na Itália e participou, como Coronel, da tomada de Monte Castelo. Oficial da reserva é amigo pessoal do Brigadeiro Eduardo Gomes.

Nelson de Melo 

Companheiro de jornada do General Cordeiro de Farias, o que dispensa maiores explicações quanto à importância de sua atuação no Levante Democrático. Pertenceu, sempre, ao chamado “grupo de caserna”, forma-o por militares apolíticos. Chefiou a Casa Militar quando o sr. Juscelino Kubitschek presidiu a República. Aceitou a Pasta da Guerra, após reiterados convites, durante o regime parlamentarista e se afastou da vida política, sem perder de vista o sr. João Goulart, de cujo processo de governar discordou sistematicamente, durante o regime de gabinete.

Olímpio Mourão Filho

O grande General da revolta, seu chefe militar em maior evidência. Instalou, com ousadia e desassombro, a Capital Revolucionária em Juiz de Fora. Revelou-se um estrategista na condução de tropas, que garantiram o sr. Magalhães Pinto, Minas Gerais e o País. Presidiu, durante o governo Juscelino Kubistchek, a comissão Técnica de Rádio.

Eurico Dutra 

O pronunciamento do Marechal Dutra, na última sexta-feira, condenando a subversão hierárquica nas Forças Armadas, consolidou, definitivamente, a aliança Magalhães-Lacerda-Ademar. Ex-presidente da República, imprimiu características de tranquilidade invulgar a seu Governo. O marechal foi herói, na última conflagração mundial, e participou das revoluções de 30 e 37.

Jânio Quadros 

O grande ausente na Revolução Democrática, em nenhum momento externou seu pensamento, publicamente, sobre a situação nacional. Revestido de mística invulgar, sua carreira política foi meteórica. De vereador de um subúrbio operário da capital paulista, elegeu-se presidente da República, com uma diferença de 3 milhões de votos sobre o Marechal Teixeira Lott. Governou durante sete meses e renunciou, “pressionado pelas forças ocultas”. Implantou diretrizes que perduraram, durante algum tempo, em nossa política externa.

# Minas Inicia as Comemorações da Vitória Final #

Belo Horizonte (Sucursal) – O povo mineiro começou a comemorar ontem à noite, em frente ao Palácio da Liberdade, a vitória sobre o jugo comunista. Mais de 300 mil pessoas se concentraram para aclamar o Governador Magalhães Pinto e o General Luiz Carlos Guedes, comandante da ID-4, e também o Coronel José Geraldo de Oliveira, comandante da Polícia Militar mineira. Cantando o Hino de Minas Gerais, acenando com lenços brancos, bandeirolas com a efígie do Governador, bandeiras brasileira e de Minas Gerais, o povo mineiro vibrou em praça pública. […]

# Castello Divulga a Nota Proibida # 

Com a explicação de que:

Tendo havido na imprensa referências desacertadas sobre um documento baixado pelo chefe do Estado Maior do Exército e o ministro Jurema, chamando o mesmo de “Manifesto Reservado”. 

Quando é apenas uma nota a seus subordinados, o General de Exército Humberto de Alencar Castello Branco resolveu desclassificá-lo de “reservado” para “ostensivo” e, assim, pedir a sua publicação na imprensa. Este documento, que foi o “estopim” final da Reação Militar contra o sr. João Goulart, provocou, por outro lato, a exoneração, ontem, do General Castello Branco de suas funções. É o seguinte, na íntegra, o manifesto:

Ministério da Guerra
Estado-Maior do Exército
Rio, 20 de março de 1964

Do General de Exército Humberto de Alencar Castello Branco, Chefe do Estado-Maior do Exército.

Aos Exmos Srs. Generais e demais militares do Estado Maior do Exército e das Organizações subordinadas.

Compreendendo a intranquilidade e as indagações de meus subordinados nos dias subsequentes ao comício de 13 do corrente mês. Sei que não se expressam somente no Estado Maior do Exército e nos setores que lhe são dependentes, mas também na tropa, nas demais Organizações e nas duas outras corporações militares. Delas participo e elas já foram motivo de uma conferência minha com o excelentíssimo senhor Ministro da Guerra.

São evidentes duas ameaças: o advento de uma Constituinte como caminho para a consecução das reformas de base e o desencadeamento em maior escala de agitações generalizadas do ilegal poder do CGT. As Forças Armadas são invocadas em apoio a tais propósitos.

Para o entendimento do assunto, há necessidade de algumas considerações preliminares.

Os meios militares nacionais e permanentes não são propriamente para defender programas de Governo, muito menos a sua propaganda, mas para garantir os poderes constitucionais, o seu funcionamento e a aplicação da lei.

Não estão instituídos para declarar solidariedade a este ou àquele poder. Se lhes fosse permitida a faculdade de solidarizar-se com programas, movimentos políticos ou detentores de altos cargos, haveria, necessariamente, o direito, de também se oporem a uns e a outros.

Relativamente à doutrina que admite o seu emprego como Força de pressão contra um dos poderes, é lógico que também seria admissível voltá-la contra qualquer um deles. Não sendo milícia, as Forças Armadas não são armas para empreendimentos, antidemocráticos.

Destinam-se a garantir os poderes constitucionais e a sua coexistência. A ambicionada Constituinte é um objetivo revolucionário pela violência, com o fechamento do atual Congresso e a instituição de uma ditadura.

A insurreição é um recurso legítimo de um povo. Pode-se perguntar: o povo brasileiro está pedindo ditadura militar ou civil e Constituinte? Parece que ainda não.

Entrarem as Forças Armadas numa revolução para entregar o Brasil a um grupo que quer dominá-lo para mandar e desmandar e mesmo para gozar o poder? Para garantir a plenitude do grupamento pseudosindical, cuja cúpula vive na agitação subversiva cada vez mais onerosa aos ocorres públicos? Para, talvez submeter a Nação ao comunismo de Moscou? Isto, sim, é que seria antipátria, antinação e antipovo.

Não. As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas ou sindico-comunistas.

O CGT anuncia que vai promover a paralisação do País no quadro do esquema revolucionário. Estará configurada, provavelmente, uma calamidade pública. E há quem deseje que as Forças Armadas fiquem omissas caudatárias do comando da subversão.

Parece que nem uma coisa nem outra. E, sim, garantir a aplicação da lei, que não permite, por ilegal, movimento de tamanha gravidade para a vida da Nação.

Tratei da situação política somente para caracterizar a nossa conduta militar.

Os quadros das Forças Aramadas tem tido um comportamento, além de legal, de elevada compreensão face a dificuldades e desvios próprios do estágio atual da evolução do Brasil. E mantidos, como é de seu dever, fiel à vida profissional, à sua destinação e com continuado respeito a seus chefes e à autoridade do presidente da República.

É preciso aí perseverar; sempre “dentro dos limites da lei”.

Estar pronto para a defesa da legalidade, a saber, pelo funcionamento integral dos três poderes constitucionais e pela aplicação das leis, inclusive as que assegurara o processo eleitoral, e contra a revolução para a ditadura e a Constituinte, contra a calamidade pública a ser promovida pelo CGT e contra o desvirtuamento do papel histórico da Forças Armadas.

O excelentíssimo senhor ministro da guerra tem declarado que assegurará o respeito ao Congresso às eleições e à posse do candidato eleito. E já declarou também que não haverá documentos dos ministros militares de pressão sobre o Congresso Nacional.

É o que eu tenha a dizer em consideração à intranquilidade e indagações oriundas da atual situação política e a respeito da decorrente conduta militar.

Humberto de Alencar Castello Branco

# Guanabara Teve Apoio do Exército #
Boletim n° 1
(1° de Abril)

  1. Às 02h45 de hoje, ao correr notícia de que o Palácio Guanabara seria invadido por um grupo de Fuzileiros Navais, o Governador Carlos Lacerda começou a receber a solidariedade de civis e militares, que compareciam à sede do Governo do Estado armados de metralhadoras e revólveres.
  2. Os primeiros a chegar foram os professores do Colégio Militar e cerca de 300 oficiais das três armas, sócios do Clube Militar, que já estão reforçando a defesa do Palácio.
  3. Ainda de madrugada, quando a Rádio Roquette Pinto divulgou um apelo do Governo, pedindo que o povo da Guanabara viesse cerrar fileiras em torno de Lacerda, mais de 500 pessoas se apresentaram. A maioria desses voluntários, que trazia ao pescoço um lenço azul e branco, as cores da Guanabara, era de jovens estudantes, com idade média 18 anos.
  4. Durante a madrugada, o Governador Carlos Lacerda continuou recebendo apoio e solidariedade do povo carioca. Para se juntar aos oficiais que guarneciam o Palácio, chegou, por volta das 04h00, o Brigadeiro Eduardo Gomes.
  5. Ao clarear o dia, o Governador Carlos Lacerda, depois de ser informado da situação pelos Governadores Ademar de Barros e Magalhães Pinto, foi percorrer a rua Pinheiro Machado, visitando as tropas da Polícia Militar e da Polícia de Vigilância.
  6. Depois de agradecer a cada um dos soldados, frisando sempre que o sacrifício fora recompensado, o sr. Carlos Lacerda atravessou a rua para falar com um grupo de moradores de um prédio em frente ao Palácio. Ali, depois de pedir desculpas pelo transtorno causado com o fechamento da rua e a colocação de tropas, Lacerda recebeu a solidariedade dos que o ouviam, que frisavam sempre o fato do Guanabara, estar guardado por caminhões de limpeza urbana, enquanto o Laranjeiras por tanques.
  7. Às 08h00, o Governador voltou à rua, para assistir tocante cerimônia de hasteamento da Bandeira Nacional, com o desfile da tropas em continência. Terminada a cerimônia, que emocionou a todos, o Governador, as autoridades civis e militares da Guanabara e o povo que se aglomerava em frente ao Palácio cantaram o Hino Nacional, sob ovação dos que assistiam à cerimônia dos edifícios em frente.
  8. A seguir, Lacerda foi ao Salão Nobre do Palácio, onde leu o Manifesto dos Generais Castello Branco, Décio Escobar e Artur da Costa e Silva.
  9. Famílias dos prédios defronte ao Palácio Guanabara ajudaram o Governo da Guanabara a lutar pela sobrevivência da democracia fornecendo comida, sanduíches e refrescos às tropas.
  10. O desembargador Vicente Faria Coelho, Presidente do Tribunal de Justiça da Guanabara, esteve hoje, por volta das 12h00, com o Governador Carlos Lacerda, a fim de hipotecar-lhe em seu próprio nome inteira solidariedade. Disse que se colocava à disposição do Chefe do Executivo Carioca “para toda e qualquer circunstância” e acrescentou que “farei o que o senhor quiser”. Revelou também o desembargador Vicente Faria Coelho que trazia ao sr. Carlos Lacerda os votos de solidariedade de todos os membros do Tribunal de Justiça da Guanabara, que o incumbiram de trazer-lhe a sua “disposição de lutar pela sobrevivência da democracia”.
  11. A Rádio Roquete Pinto emissora oficial do Estado, foi retirada do ar, às 11h40 de hoje.
  12. Todos os telefones do Palácio foram cortados à uma hora da manhã.
  13. Centenas de estudantes, com idade média de 18 anos, apresentaram-se ao Governador Carlos Lacerda, atendendo seu apelo. Pegaram em armas.
  14. Todos os civis que constituíam o contingente de defesa do Palácio usavam lenço azul e branco ao pescoço, cores da Bandeira do Estado da Guanabara.
  15. Aumenta, instante a instante, o número de Oficiais das três armas que aderiram a Lacerda. Todos estão fardados. Entre os Oficiais, registraram-se os Almirantes Amorim do Vale, Antônio Guimarães, Pena Boto e o Tenente Coronel Nemo Canabarro, que foi um dos dirigentes da Frente 11 de Novembro.
  16. O avião “Esperança”, cedido ao Governador Carlos Lacerda para sua pregação cívica em todo o país, foi danificado nesta madrugada por um contingente chefiado pelo brigadeiro Nicoll, do Quartel General da 3ª Zona Aérea. Além de prender dois civis que guardavam o aparelho, foram retirados cabos de vela do avião. O aparelho se encontra no aeroporto Santos Dumont, junto ao hangar da Panair do Brasil. Registre-se que o “Esperança” sofreu na semana passada ampla revisão.
  17. O deputado Raul Brunini e a secretária Sandra Cavalcanti gravaram manifestos para o Brasil inteiro, enquanto Lacerda atendia a chamados também de todo território brasileiro, ora para receber solidariedade, ora para prestar declarações e esclarecimentos.
  18. Informou-se que autoridades federais apreenderam numa rua do centro da cidade uma viatura da Guanabara. A notícia não pôde ser confirmada em fontes oficiais.
  19. Às 14h05, dois homens, moradores da rua Paissandu, trouxeram uma cesta de sanduíches de queijo, pacotes de biscoito e 50 latas de patê para a tropas. Seus nomes: Ildefonso Bispo e José Rosa Soares.
  20. Às 14h05, um homem pediu asilo no Palácio Guanabara, o sr. Luís Carlos Lajes, residente na av. Beira Mar, teve seu apartamento Invadido por tropas federais. Seus crimes: ter abrigado Lacerda em seu apartamento, durante os incidentes da Faculdade de Filosofia.
  21. O desembargador Mourão Russel. Corregedor da Justiça da Guanabara, também esteve no Palácio para trazer sua solidariedade no Governador Lacerda.
  22. Às 16h00, a professora Sandra Cavalcanti secretária dos Serviços Sociais, faz um pronunciamento pela TV-Rio. Desmente pelegos e comunistas que lançaram onda de agitação e boatos pela Rádio Nacional, do Governo federal, que ficou a seu serviço.
  23. Logo a seguir, o Governador Carlos Lacerda também faz um pronunciamento pela TV-Rio. Faz um relato da situação, tranquilizou a população, principalmente as donas de casa para que não se deixassem envolver por boatos alarmistas. Terminou o pronunciamento em prantos. Foi no momento exato em que recebia a notícia de que tanques do Exército, comandados pelo filho do General Etchegoyen, chegavam ao Palácio para lhe ser entregues. Todos se emocionaram.

Deus teve pena do povo. Deus é bom. 

Concluiu Lacerda, chorando. O governador falava diretamente de seu gabinete, pelo telefone.

  1. Minutos antes, outra cena tocante quebrava a expectativa reinante no Palácio Guanabara; o Marechal Mendes de Moraes, dirigindo seu próprio carro, chapa 21-71-12, chegava ao Palácio para prestar sua solidariedade a Lacerda. Os dois políticos se abraçaram demoradamente, enquanto prorrompiam palmas de todos os lados. O encontro se deu no Jardim de inverno.
  2. Às 16h30, à frente de uma multidão delirante que dava vivas à vitória da democracia e a Lacerda, chegaram ao Palácio 3 tanques do Batalhão de Reconhecimento Mecanizado, trazidos pelo Coronel Etchegoyen e guarnecidos por soldados do Exército Brasileiro. À frente veio um jipe do Exército. O povo cantava o Hino Nacional e o Hino da Cidade Maravilhosa. Lacerda e seus companheiros foram ao encontro dos militares, que lhe comunicaram estar à sua disposição, de acordo com as ordens recebidas do General Castello Branco. Lacerda chorava. As cinco mil pessoas voltaram a cantar. Desconhecidos confraternizavam-se. Foi um belo espetáculo cívico.
  3. Detalhe: esses tanques estavam no Palácio Laranjeiras. Depois de receberem ordens do General Castelo Branco, dirigiram-se à Rua Pinheiro Machado. Centenas de pelegos e comunistas fizeram cortejo julgando que eles viessem tomar o Guanabara. Davam vivas a Jango e ao Partido comunista. Os caminhões faixa-amarela que bloqueavam a entrada da Rua Pinheiro Machado abriram caminho. Os tanques passaram. Os pelegos e comunistas, ao perceberem que os tanques eram de apoio à democracia, não contiveram sua revolta e despontamento e passaram a ofender o Exército chamando os Soldados de “gorilas“. Enquanto isso, milhares de pessoas, ao saberem que os tanques vinham aderir a Lacerda, abafaram os insultos dos pelegos com palmas e vivas à democracia.
  4. O povo não se conteve e invadiu o Palácio Guanabara aplaudindo os militares e Lacerda com grande exaltação e emoção. Voltaram a cantar o Hino Nacional e o da 28. Outra multidão pedia a presença de Lacerda na sacada do Guanabara. Chovia. Lacerda não pôde falar, pois estava bastante cansado e emocionado.
  5. Em meio à multidão, o Presidente do Tribunal de Justiça da Guanabara.
  6. Nesse momento, correu nova notícia de que um grupo de fuzileiros, aproveitando-se da presença de todos à frente do Palácio, invadia o Guanabara pelos fundos. Houve correrias. Lacerda, de metralhadora em punho. A seu lado entre tantos companheiros o Presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Faria Coelho, de revólver em punho. Estava também presente o Presidente da Assembleia Legislativa, Deputado Vitorino James. Estavam unidos em defesa da democracia os três Poderes da Guanabara.

Boletim n° 2

  1. Às 20h00 de hoje, o Governador Carlos Lacerda fez novo pronunciamento, dessa vez para exaltar e agradecer o trabalho da Polícia Militar, da Polícia de Vigilância e de centenas de voluntários que defenderam o Paládio Guanabara durante toda a crise. Civis e militares permaneceram praticamente mais de 48 horas sem dormir e alimentando-se de sanduíches. Muitos se apresentavam encharcados, pois apanharam toda a chuva que desabou pela cidade. Disse Lacerda:

A Polícia Militar da Guanabara portou-se com a competência dos veteranos e o entusiasmo dos calouros. Espero, antes do fim de meu Governo, poder mostrar meu apreço e meu entusiasmo a essas duas magníficas corporações do povo carioca nesse esforço, a Polícia Militar e a Polícia de Vigilância, além de outras entidades que se excederam em dedicação, eficiência e bravura. Uma palavra aos voluntários civis e militares: homens de todas as idades e de todas as condições sociais, com as cores da Guanabara ao pescoço cumpriram missões e foram admiráveis no cumprimento do dever para com a Pátria 

  1. Foi impecável o esquema de segurança montado no Guanabara pelo incansável General Salvador Mandim, atual secretário de Serviços Públicos. O Serviço de Segurança do Guanabara, chefiado pelo capitão Nei Travassos, teve também papel saliente no cumprimento de sua missão.
  2. Uma palavra também aos tripulantes do avião “Esperança”; por mais de 48 horas permaneceram no Palácio e pegaram em ermas. Deram vibrante demonstração de bravura e desprendimento.
  3. Lacerda recebe cumprimentos de todo o País. Fala com o general Nélson de Melo, com o Governador Nei Braga e outras autoridades. Concede numerosas entrevistas às emissoras de todo e País e até à NBC, de Londres. Ao Deputado Paulo Sarazate, informa que irá dia 25 ao Ceará.

# Em Primeira Mão #
(Hélio Fernandes)

A partir de madrugada de segunda para terça-feira, e durante todo o dia de ontem, os acontecimentos se precipitaram, atingindo o clímax durante a noite. Em alguns lugares os fatos se desenrolaram com muita velocidade e em outros com extrema e enervante lentidão. Com o Governo controlando as rádios e estações de TV, a população não pôde acompanhar o desenvolvimento da situação, perdendo-se em angústia mais do que compreensível. Para facilitar a compreensão do leitor, vou relatar os fatos, mais ou menos cronologicamente, e partir do instante em que se soube que Minas Gerais se rebelara.

06h00: de segunda para terça. Chegam as primeiras notícias de Minas relacionadas com a. sublevação das tropas. A falta de comunicações rápidas estabelece alguma confusão.

Mas às 07h00 o próprio Olímpio Mourão Filho ligou para a casa do General Dutra relatando minuciosamente ao ex-Presidente a situação. Alguns setores militares consideraram que o General Olímpio Mourão se havia precipitado. Mas o comandante da Região explica o fato dizendo que a pressão das tropas sobre ele era enorme, e que se ele não fizesse o que fez, os oficiais, sargentos, cabos e soldados teriam saído à rua mesmo sem comandante, tal é a preocupação dessas tropas com a legalidade e a sua convicção anticomunista.

08h00: A guarnição de Juiz de Fora aderiu imediatamente, o mesmo fazendo todas as unidades de Minas. O governador Magalhães Pinto agindo com discernimento, coragem e rapidez, imediatamente tomou as seguintes medidas:

1° Requisitou todos os coletivos; 

2° Determinou que não houvesse aulas, e requisitou todos os colégios transformando-os em quartéis; 

3° Mandou prender todos os próprios federais, que já se preparavam para deixar o Estado, se encaminhando para o Espírito Santo; 

4° Mandou ocupar todos os próprios federais inclusive o DCT; 

5° Se reuniu no Palácio com todos os Secretários, inclusive Alkmin e Milton Campos. O governador de Minas foi o que mais rápido agiu e com mais energia.

09h00: Os alunos da a Academia Militar de Agulhas Negras, unânimes, tentam manifestar-se a favor da disciplina e contra a quebra da hierarquia comandada pelo próprio presidente da República. O Comandante da Escola, interpretando o pensamento geral baixa uma “Ordem do Dia” violenta condenando os que querem investir contra a disciplina dos quartéis para destruir as Forças Armadas.

10h00: Ademar fala com Magalhães Pinto dando conta da situação de São Paulo, que, segundo ele, está completamente dominada e controlada. MP faz também um relato para o Governador de São Paulo, da situação em Minas. Pouco depois ambos falam com Carlos Lacerda, que atinge já o terceiro dia, e noite, sem sair do Palácio.

11h00: Jango ordena pessoalmente que a Nacional, a Mairinque, a Mauá e a Ministério da Educação deflagrem uma guerra de boatos para confundir e intranquilizar o País. O presidente está no palácio dominado pelo pavor e pelo medo. Às 11h05, o presidente deixa o palácio e vai ao Hospital dos Servidores do Estado fazer a última tentativa para convencer o general Jair Dantas Ribeiro de que os “golpistas tradicionais tramam outra vez contra a legalidade”. Essa cantilena do sr. João Goulart já não comove mais ninguém, pois a situação está iniludivelmente colocada em termos de COMUNISMO E ANTICOMUNISMO. Não transpirou nada da conversa do ministro com o presidente, a não ser os termos do apelo patético e desesperado feito pelo presidente.

12h00: O Governador Carlos Lacerda desce de seu gabinete, dá uma volta no jardim e vai almoçar no restaurante do Palácio. Com ele: seus filhos Sérgio e Sebastião; o chefe do Gabinete Marcelo Garcia, o secretário particular José Zobaran Filho e secretária Sandra Cavalcanti. No mesmo momento Jango volta da conversa com Jair. Está abatido, cansado, desanimado, com a barba crescida, o terno amarrotado. É realmente o presidente do CGT, do PUA, de Assis Brasil e de Jurema.

13h00: Começa uma reunião no Estado Maior da FAB com a presença 32 Brigadeiros. É presidida pelo Brigadeiro Mello. Detalhe interessante, reúnem-se, ligados pelo anticomunismo, Brigadeiros que desde 1954 não se viam, não se falavam ou não se suportavam.

14h00: O general Castello Branco se rendeu finalmente à terrível pressão que os altos chefes exerciam sabre ele, e aceitou a defesa do Movimente de Restauração da legalidade e contra a comunização do País. Apesar de demitido, vai ao Estado-Maior e se reúne com quase todos os Generais com comando de tropas. Passa o dia todo no Ministério, garantido por fortíssima escolta. Só sai do Ministério por volta das 18h50, vai em casa onde se demora apenas 15 minutos, saindo então para outra missão importantíssima.

14h40: Chega ao Rio Abreu Sodré, com importante missão política. Vai direto ao Guanabara, passando a conferenciar, a portas fechadas, com o Governador Carlos Lacerda e com o General Mandim. Depois chega o Deputado Armando Falcão que fizera importantes contatos militares, e se reúne também com eles.

15h00: Manifesto de Juscelino é lido na Rádio Jornal do Brasil. É um manifesto típico de JK. Mas não é de todo ruim. Poderia evidentemente ser muito melhor. O ex-presidente hesitou muito antes de falar. Ainda está dominado pelas preocupações eleitoreiras enquanto o País se levanta em defesa da Constituição e contra a comunização mais do que evidente.

15h30: O 12° RI comandado pelo Coronel Valle se desloca de Belo Horizonte em direção a Paraibuna. Todas as Forças de Minas, do Exército, virão para o Rio, pois para guarnecer o Estado bastam os 17 mil homens da Polícia Militar. O comando das Forças Militares foi instalado em Belo Horizonte no Grupo Escolar Pandiá Calógeras. Por coincidência, o local onde se instalou o QG, tem o nome do civil que foi um dos grandes ministros da Guerra da nossa história.

16h00: Clube Militar e Clube Naval se reúnem em conjunto na sede do primeiro. É decidido pelo Clube Militar apoiar irrestritamente a luta dos oficiais da Marinha pela preservação da disciplina e da hierarquia, sem o que não existem as Forças Armadas nem a Ordem Jurídica.

17h00: Prontidão na Marinha. Oficiais e marinheiros que estavam no Arsenal de Guerra são surpreendidos e não podem mais sair. Na porta do Ministério, Aragão tenta falar com alguns oficiais mas é repelido. A apresentação dos oficiais foi feita nos seus respectivos navios e repartições sem o menor atrito e até com muita cordialidade entre comandantes e comandados, o que aliás sempre foi uma constante na Marinha.

17h15: Os boatos espalhados pelo governo, de que haveria congelamento de depósitos bancários, provocaram quase uma verdadeira corrida que era o que o governo pretendia. Isso fazia parte do plano de intranquilizar o País. Logo depois era decretado feriado bancário até segunda-feira.

17h30: Mais de 50 Coronéis do Exército, violentamente anti-Jango estão trabalhando desde cedo num verdadeiro trabalho de “lançadeiras”. Instalam um QG no centro da cidade e se encarregam do trabalho de ligação e comunicação. O presidente instala um dispositivo de segurança no palácio, que os seus técnicos consideram invencível. Não é essa a opinião da maioria do Exército.

17h45: Brizola é localizado no Rio Grande do Sul onde tenta restabelecer a “cadeia da legalidade” que tanto sucesso obteve em 1961. Mas não consegue sucesso, pois as condições agora são completamente adversas. Antes, Brizola defendia a posse do vice-presidente eleito, não importa que fosse o seu cunhado. Agora defende “apenas” a comunização do País.

18h00: O General Luiz Guedes, comandante da ID 4, Minas Gerais, ao receber a ordem vinda do Rio para que entregasse o Comando ao oficial mais antigo, fez uma declaração pelo rádio, dizendo o seguinte:

Hoje é o dia “D” da luta anticomunista. Todo o esquema está funcionando como foi previsto há uma semana eu já não admitiria ser demitido. Quanto mais hoje. Não passarei o cargo e não recebo mais ordens de governos ilegais. 

18h30: O General Olímpio Mourão Filho, comandante da Região, Minas Gerais, ao receber também ordem para entregar o comando, fez uma curta declaração dizendo o seguinte:

Há dois anos as Forças Armadas vem sendo enxovalhadas. Hoje daremos fim a esta situação. Não passarei o comando pois não reconheço mais autoridade nos que emitiram essa ordem. 

18h45: Minas está calma, com o Governador Magalhães Pinto tomando todas as providências e exercendo o controle da situação com mão de ferro Depois de assinar atos nomeando os srs. Milton Campos e Afonso Arinos para os cargos de “Secretários Sem Pasta” e Alberto Deodato para o de supervisor do rádio e TV. O Governador foi jantar em casa. Como sintoma da tranquilidade do Estado esse não pode ser melhor.

Urgente 

21h00: Assustado com o rumo dos acontecimentos, Jango telefonou seguidamente para o General Kruel em São Paulo, pedindo-lhe que não investisse contra o seu mandato que representava a legalidade. O General Kruel respondeu duramente dizendo que o Presidente havia traído o seu mandato e se deixado dominar pelos comunistas.

22h00: Jango manda distribuir um comunicado por todas as estações de rádio, dizendo que Juscelino fora ao palácio e hipotecara solidariedade ao governo. Imediatamente o ex-presidente desmente a nota, explicando que fora ao Laranjeiras a chamado de Jango e que não se solidarizara com o seu governo.

23h00: Jango mandou divulgar a notícia de que o general Jair Dantas Ribeiro assumira o Ministério da Guerra e distribuíra nota à Nação dizendo que restabeleceria a ordem e acabaria a baderna que alguns poucos queriam implantar. O Ministro Paulo Mário, num esforço desesperado para preencher os claros na Marinha, chamou ao seu gabinete 12 oficiais da reserva e ofereceu-lhes a convocação para a ativa, caso aceitassem em aderir ao governo. Disse mais que eles poderiam escolher os cargos que quisessem. Nem assim eles aceitaram. 300 Oficiais da reserva do Exército entre Generais e Coronéis foram ao Palácio Guanabara oferecer os seus serviços ao Governador Carlos Lacerda. Afirmaram textual e pessoalmente ao Governador:

Se não houver munição não tem importância. Serviremos no tráfego, carregaremos macas, enfim o que queremos é ajudar. 

Foi uma demonstração comovente de solidariedade e de desprendimento. A FAB aderiu quase que inteiramente à legalidade e a luta contra o comunismo. Desde as 20h00 que o Brigadeiro Teixeira, que é um homem lúcido e atento, dava a situarão como perdida e não via mais jeito de virá-la. Desde que o Grupo de Transporte e a Base de Santa Cruz comunicaram que não sairiam para ajudar os comunistas a situação na FAB ficou definida.

Às 23h00, o General Castello Branco faz um levantamento minucioso da situação e ficou ainda mais tranquilo do que já estava. As notícias que chegavam do Rio Grande de Sul, de Goiás, de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo e de outros Estados, sem falar em Minas, cuja tropa já estava toda descendo para o Rio de Janeiro, tranquilizaram o ex-Chefe do Estado-Maior e deram segurança a toda a Nação.

24h00: Depois de horas de espera angustiosa e de interminável silêncio, o General Kruel fez, finalmente, o seu tão esperado manifesto à Nação, comunicando que estava vindo para o Rio de Janeiro para acabar com o domínio comunista sobre o governo que melancolicamente se encaminhava para o fim, previsto há muito tempo. O governo do sr. João Goulart estava virtualmente no chão. Como medida de desespero, o CGT decretou a greve parcial progressiva, além de paralisar os telefones, procurando de todas as maneiras intranquilizar a Nação. A essa hora se espalhava a notícia de que o general Ladário Telles viajara para o Rio Grande para assumir o comando do III Exército enquanto o general Benjamin Galhardo estaria chegando ao Rio para assumir o comando do Estado-Maior ocupado até ontem de manhã pelo General Castelo Branco, este era procurado por forças ainda governistas mas se mantinha em lugar incerto e não sabido.

Finalmente, 20 minutos depois da meia-noite, vinha de São Paulo a notícia de que as tropas do II Exército estavam marchando para o Rio de Janeiro, para darem o golpe final no governo comuno-carreirista-negocista-sindicalista do sr. João Goulart. Era o fim melancólico. Esperava-se que essas tropas chegassem ao Rio mais ou menos às 7 ou 8 horas da manhã, segundo comunicação do próprio Kruel.

Enquanto isso se passava em São Paulo, nas Laranjeiras e nos arraiais governistas instalava-se o pânico e o desespero. Os líderes sindicais fugiam espavoridos; alguns espoletas palacianos procuravam esconder-se em qualquer lugar. E o próprio Jango desaparecia rapidamente não sendo encontrado até o momento em que encerrávamos esta coluna e entregávamos praticamente o jornal ao leitor. Infelizmente a descrição final deste governo de primários e de negocistas tem de ficar para amanhã.

# Os Dez Homens Mais Desonestos do Brasil # 

1°    João Goulart: Em 1955, o então vice-presidente João Goulart teve de arranjar às pressas, no Banco do Brasil, um empréstimo de 10 milhões de cruzeiros. Foi um escândalo, 10 anos depois, sendo única e exclusivamente homem público o sr. João Goulart ostentava uma fortuna fabulosa e comprava fazendas à vista pagando 1 bilhão de cruzeiros.

2°    João Goulart: O dedo de João Goulart começou a aparecer pela primeira vez em negociatas, no governo do seu mestre Getúlio Vargas. No mar de lama que corria aos pés do então presidente ele foi um dos que mergulharam mais a fundo. Malandro, matreiro, esperto, foi comprometendo os outros e deixando seu nome sempre de fora.

3°    João Goulart: Não houve uma só questão no seu governo que não se transformasse numa negociata colossal. Lavou dinheiro de todo mundo, cobrou comissão de tudo, foi enriquecendo na base de propinas de ajustes, de ação ou de omissão mas sempre paga por nós. Nunca se viu em toda a história da República um vigarista como Jango.

4°    João Goulart: A fortuna deixada pelo pai não representava coisa alguma. Era um patrimônio insignificante, e ainda assim divisível por três. No levantamento feito sobre a fortuna de Jango, essa herança foi avaliada em pouco mais de 500 mil cruzeiros. Mas sempre o sr. João Goulart fez crer que a herança era colossal.

5°    João Goulart: No levantamento feito pelo Deputado Antônio Carlos Magalhães sobre as origens da fortuna de Jango, chegou-se à conclusão que ele tem só em terras, o total de 780 mil alqueires, isto é: cinco vezes a superfície do Estado da Guanabara. Isso para um homem que em 1955 tinha apenas 500 mil cruzeiros.

6°    João Goulart: A prosperidade do ex-presidente, já podemos chamá-lo assim, começou com a sua primeira eleição para vice-presidente. Seus bens foram sendo multiplicados misteriosamente (?), foram crescendo vertiginosamente, foram transformando o antigo estancieiro num homem de colossais haveres, com bens espantosos.

7°    João Goulart: Com a segunda eleição a vice-presidente, Jango se lançou definitivamente, ao mesmo tempo em que tirava a máscara mesmo. Foi comprando terras em vários lugares, se transformando em proprietário em Goiás e em Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Estado do Rio. E isso em poucos anos.

8°    João Goulart: Mas foi como presidente que Jango se transformou no maior latifundiário do País. Foi depois que assumiu o cargo deixado por Jânio que Jango comprou algumas das suas melhores fazendas como Três Marias e Uruaçu. Para dificultar as investigações algumas fazendas foram colocadas como propriedade de sociedades anônimas.

9°    João Goulart: De onde viria o dinheiro para tão súbita e fabulosa prosperidade? Naturalmente de apropriações dos recursos do contribuinte, além de propinas dadas por interessados em obter favores. Por exemplo: só das refinarias o sr. João Goulart levou 1 bilhão de cruzeiros, pagos em três prestações.

10° João Goulart: Foi assim desonestamente, que o ex-presidente construiu a sua fortuna. Pode-se dizer sem medo de errar que Jango é ainda mais corrupto e cínico que Juscelino, o que parecia impossível. É por isso que ao fazermos a reportagem dos 10 homens mais desonestos, achamos uma injustiça colocar alguém ao lado de Jango.

Os Dez homens Mais Desonestos do Brasil

Hiram Reis e Silva, Bagé, 10.03.2025, um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.  

– Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;   

Link: Currículo do Canoeiro Hiram Reis e Silva 

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
  • Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
  • Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
  • Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
  • E-mail: hiramrsilva@gmail.com

FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor

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