Para promover a retomada da plantação de roças e possibilitar que os Yanomami voltem a produzir o próprio alimento, um total de 10 lideranças jovens do povo Yanomami, do estado de Roraima, participaram de um intercâmbio sobre agroecologia, conservação de recursos genéticos e segurança alimentar. Trata-se da 10ª edição do curso “Diálogos Agroecológicos com Povos Indígenas” que ocorreu no período de 11 a 15 de março em Brasília, com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). As lideranças são das regiões de Alto Mucajaí, Baixo Mucajaí, Auaris/Olomai e Surucucu, da Terra Indígena Yanomami (TIY).

O evento integra o Plano de Trabalho do TED Embrapa x MDS voltado para a revitalização de práticas agrícolas tradicionais e a proteção da biodiversidade | Foto: Divulgação/Funai
O treinamento foi promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Funai, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
Além de fortalecer a colaboração entre instituições, a iniciativa visa subsidiar ações do Plano de Segurança Alimentar do povo Yanomami, promovendo a integração entre saberes tradicionais e tecnologia e conservação de sementes nativas.
Segurança alimentar indígena
O curso foi previamente elaborado com as organizações indígenas e a Funai em formato de diálogo para facilitar a troca de conhecimentos entre os indígenas e os pesquisadores e técnicos da Embrapa sobre a Terra Indígena Yanomami, os desafios de segurança alimentar, entre outros.
A programação incluiu visitas a três unidades da Embrapa em Brasília para os indígenas conhecerem bancos de germoplasma, viveiros de plantas nativas e áreas de produção agroecológica. Em cada unidade aconteceram círculos de diálogos com os pesquisadores e técnicos.
Um dos dias da programação foi dedicado à visita a uma chácara no entorno de Brasília, onde a agroecologia e a produção orgânica são práticas comuns. A última atividade da oficina foi a visita guiada por Brasília, denominada “visita cidadã”, para apresentar Ministérios, Câmara e Senado Federal para os indígenas participantes conhecerem o funcionamento de instituições públicas do Estado Brasileiro.
Para os organizadores, no contexto dos diálogos interculturais, o curso fortalece o diagnóstico e a reflexão participativa sobre a situação da agricultura indígena e as ameaças à manutenção das práticas e à conservação das sementes tradicionais. Isso contribui para fortalecer o orgulho da herança cultural dos agricultores indígenas em serem considerados guardiões da biodiversidade.
“Os participantes retornaram às suas aldeias e vão compartilhar a experiência com outros indígenas de se manterem como os guardiões das sementes tradicionais. O objetivo do curso é promover a multiplicação e distribuição para a retomada das roças tradicionalmente plantadas e, assim, dar suporte à alimentação dos membros da comunidade, além da troca e distribuição para outras aldeias dentro do território”, explicou o coordenador-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai, Jefferson Fernandes do Nascimento.
Diálogos Agroecológicos
Desde 2015, a Embrapa organiza os “Diálogos Agroecológicos” como um espaço de intercâmbio de conhecimentos entre povos indígenas e pesquisadores. O conteúdo é organizado em parceria com a Funai e organizações indígenas. Ao longo de nove edições, mais de 200 agricultores participaram das formações, entre professores e lideranças dos povos como Krahô, Canela, Apinajé, Kayapó, Paresi, Xavante e povos do Parque do Tumukumaque.
Neste ano, o evento integra o Plano de Trabalho do TED Embrapa x MDS voltado para a revitalização de práticas agrícolas tradicionais e a proteção da biodiversidade. A edição de 2025 teve como foco o território Yanomami, com destaque para os desafios de segurança alimentar e conservação de sementes nativas.
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