RSS - PostsBOA VISTA (RR) – A liderança indígena e presidente da Urihi – Associação Yanomami, Júnior Hekurari, destacou de forma positiva as ações contra o garimpo ilegal em 2024, em declaração à CENARIUM nessa sexta-feira, 3. No último dia 31, o governo federal informou que encerrou o ano passado com mais de 3,8 mil operações de combate a invasores e proteção na Terra Indígena Yanomami (TIY), localizada nos Estados de Roraima e Amazonas.
Equipe de agentes federais desmobiliza equipamentos de garimpo (Reprodução/PF) -Imgem postada em: Revista Cenarium
“Hoje, o povo Yanomami e a floresta estão enxergando uma nova esperança e uma luz para melhores condições. O governo federal devolveu o nosso bem-estar dentro das nossas comunidades, com as operações nos conseguimos voltar para nossa casa para, enfim, se organizar novamente. Agora, retornamos aos antigos costumes, como os rituais, festas e os trabalhos comunitários para reconstruir as vidas perdidas. Em 2021 e 2022 perdemos muitas crianças e, hoje, podemos nos organizar para enterrar as cinzas desses entes queridos que não temos mais”, disse Hekurari.
A Casa de Governo, que coordenou as ações durante os últimos nove meses, atuou para a retirada de diversos invasores na TIY, por meio de destruição da logística criminosa e da assistência às comunidades indígenas.
De acordo com Junior Hekurari, as lideranças indígenas da região reconhecem o trabalho complexo da Casa de Governo realiza dentro do território. Para ele, em comparação aos anos anteriores, o ano de 2024 representou um grande avanço na retirada de garimpeiros retirados da região.
Redução de novos garimpos
Os dados divulgados pelo governo federal apontam que houve uma redução de 96,3% na abertura de novos garimpos em comparação ao ano de 2022, período que representou o auge do garimpo ilegal na TIY.
Nesses anos foram registrados milhares de garimpeiros no território, o que resultou em impactos devastadores, como desnutrição, aumento de casos de malária, escassez alimentar e a interrupção do cultivo das roças tradicionais.
“É importante que o trabalho do governo federal continue no território, mantendo essas operações até o último garimpeiro ser retirado, para não retornar como foi o ano de 2022. Estamos com nossas esperanças renovadas, as árvores e os frutos estão crescendo novamente, mesmo que os peixes estejam contaminados, não temos outras formas de alimento, então voltamos, também, a praticar a pesca. A Sesai também precisa manter as atividades, porque ainda estamos sofrendo bastante com a malária”, pontuou a liderança.
Ações de órgãos contra o garimpo ilegal
Em trabalho conjunto com diversos órgãos, o governo federal e a Casa de Governo conseguiram combater a expansão do garimpo ilegal na região. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, apreendeu 21,6 quilos de ouro, avaliados em mais de R$ 10 milhões, em uma fiscalização na BR-174, em Rorainópolis (RR).
Além disso, no ano de 2024, a Polícia Federal (PF) realizou uma ação que apreendeu 7,8 quilos de ouro ilegal no aeroporto de Roraima. O valor avaliado chegou a, aproximadamente, R$ 3 milhões. No total, foram mais de 33 quilos de ouro apreendidos durante o ano.
As ações também ocorreram na fronteira, com uma apreensão de 103 quilos de mercúrio, avaliados em R$ 309 mil, que seriam destinados para extração ilegal na TIY. Totalizando essas operações em 2024, os números chegam 226 quilos de mercúrio confiscados.
Em relação às destruições de materiais utilizados no garimpo, foram mais de 80 mil litros de óleo diesel e a interdição de postos de combustíveis que forneciam suporte às atividades criminosas, assim como a obstrução de mais de 50 pistas de pouso clandestinas, 1.063 motores e mais de 120 toneladas de cassiterita, além de inutilizarem 26 aeronaves usadas para o transporte de equipamentos e insumos, desmantelando a infraestrutura que sustentava as operações criminosas na TIY.
Por fim, foram realizadas 19.365 abordagens, resultando em 2.516 autuações, 229 notificações emitidas e 159 prisões, atingindo diretamente as redes criminosas. As multas aplicadas somaram R$ 11,4 milhões, enfraquecendo financeiramente as operações ilegais. As ações também causaram um prejuízo acumulado de R$ 267 milhões ao garimpo ilegal, enfraquecendo significativamente a logística das atividades.
Por Ian Vitor Freitas / Editado por Adrisa De Góes / Revisado por Gustavo Gilona / Publicado por Revista Cenarium – ‘Nova esperança’, diz líder Yanomami sobre ações contra garimpo ilegal
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