BRASÍLIA (DF) – Plataforma de Inteligência Artificial do Instituto Imazon (PrevisIA) estima que 6.531 km² de florestas da Amazônia estão ameaçados de desmatamento em 2025, no período que compreende o mês de agosto de 2024 a julho deste ano. Os Estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso aparecem como as maiores áreas sob risco de desmate.
Segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2023 e julho de 2024, foram detectados 6.288 km² de perda de floresta na Amazônia, queda de 31% em relação ao período anterior. Caso a estimativa do Imazon se confirme para 2025, a perda será 4% maior da registrada neste ciclo.
De acordo com a organização, a ferramenta também indica as áreas ameaçadas na região desde 2021, com uma assertividade média de 73% nesses últimos quatro anos.
Conforme o PrevisIA, o Estado do Pará aparece com 35% de suas áreas de floresta ameaçadas, seguido do Amazonas, com 20%, e Mato Grosso, com 17%. Os três concentram 72% de todo o território ameaçado. O Acre tem 10% de suas áreas sob ameaça, Rondônia (8%), Roraima (5%), Maranhão (3%), enquanto Amapá e Tocantins têm 1%.
Mesmo com o alto índice, a ferramenta do Imazon estima que os Estados do Pará reduzirão o desmatamento em 2025, em comparação a 2024. No caso das áreas paraenses, o número pode cair de 2.362 km², no ano passado, para 2.287 km² este ano. O Mato Grosso sairia dos 1.264 km², em 2024, para 1.115 km².
O Amazonas, ao contrário, pode apresentar uma alta na área desmatada neste ano, caso se confirme a projeção do PrevisIA. Em 2024, foram 1.143 km² desmatados no Estado e a previsão para 2025 é chegar a 1.300 km². Os Estados do Acre (448 km² para 684 km²) e Rondônia (325 km² para 548 km²) também acompanham a tendência de aumento, estimada pela ferramenta.
O pesquisador do Imazon e coordenador da PrevisIA, Carlos Souza Jr., alerta para a necessidade de se atuar para proteger as áreas indicadas pela plataforma classificadas com risco muito alto, alto ou moderado de desmatamento, a fim de reduzir ainda mais a derrubada das florestas na Amazônia e avançar no alcance da meta de desmatamento zero em 2030.
“Ação essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e mitigar os efeitos das mudanças climáticas que já estão nos afetando seriamente, como as cheias no Rio Grande do Sul e as secas na Amazônia. Precisamos usar essa tecnologia a favor da floresta”, afirma o pesquisador.
O Imazon explica que, como uma das variáveis usadas pelo modelo adotado pelo PrevisIA são os dados históricos de desmatamento detectados pelo Prodes, “a previsão da plataforma pode ser considerada conservadora”. Isto porque, em 2024, houve um aumento significativo da derrubada e das queimadas, a partir de agosto, um mês após o fechamento do calendário do Prodes, e esses dados não foram considerados no modelo de risco para 2025.
“Conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, de agosto a outubro de 2024, meses que integram o calendário de 2025 do Prodes, já perdemos 1.628 km² de florestas, 25% da previsão. Isso significa que as ações de prevenção precisarão ser intensificadas principalmente a partir de maio, quando as chuvas na Amazônia deverão reduzir, o que facilita o desmatamento”, explica Carlos Jr.
A PrevisIA é uma plataforma que utiliza a inteligência artificial para indicar áreas sob risco de desmatamento na Amazônia e foi lançada em 2021 pelo Imazon, em parceria com a Microsoft e o Fundo Vale. “A metodologia analisa um conjunto de variáveis como a presença de estradas legais e ilegais, o desmatamento já ocorrido, as classes de territórios, a distância para áreas protegidas, os rios, a topografia, a infraestrutura urbana e informações socioeconômicas”, esclarece o Imazon.
Terras Indígenas sob maior risco
Dez Terras Indígenas (TIs) aparecem com o maior risco de desmatamento em 2025, das quais seis estão localizadas no Pará, três no Amazonas e as demais no Mato Grosso, Roraima e Maranhão. Mato Grosso divide com o Pará a TI Parque do Xingu e o Amazonas divide com Roraima a TI Yanomami.
A TI Kayapó, no Pará, figura no ranking como a mais ameaçada, com uma área de 25,43 km², o equivalente a 2,5 mil campos de futebol sob risco de serem derrubados, segundo o Imazon. Em seguida, está a TI Apyterewa, também no Pará, com 24,82 448 km² sob ameaça, território que liderou a previsão feita para 2024, e foi alvo de uma ação de desintrusão pelo governo federal, o que pode ter contribuído para a descida nas previsões para 2025.
As TIs do Alto Xingu (MT/PA) e Alto Rio Negro (AM) aparecem com pouco mais de 13 km² ameaçados de desmatamento em 2025 pela PrevisIA. Os demais territórios indígenas ameaçados são Cachoeira Seca (PA), Yanomami (RR/AM), Munduruku (PA), que inclusive está sob processo de desintrusão, Araribóia (MA),Trincheira Bacajá (PA) e Vale do Javari (AM).
Unidades de Conservação
Das dez Unidades de Conservação (UCs) sob maior risco de desmatamento em 2025, seis são estaduais, três federais e uma municipal. A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, de responsabilidade do Estado do Pará, lidera a lista como a mais ameaçada (95,03 km²), pelo segundo ano consecutivo. Conforme o PrevisIA, o risco é de quase 10 mil campos de futebol para 2025.
Em segundo, está a Resex Chico Mendes, no Acre, que tem 71,55 km² de seu território ameaços de desmatamento, seguida da APA do Tapajós (PA), com 50,18 km². Logo em seguida estão a Estação Ecológica (Esec) Soldado da Borracha (RO), Floresta Nacional do Jamanxim (PA), APA do Arquipélago do Marajó (PA), Resex Jaci-Paraná (RO), Flota do Paru (PA), APA do Lago de Tucuruí (PA) e APA Tapuruquara (AM), única de responsabilidade municipal.
Por Ana Cláudia Leocádio / Editado por Adrisa De Góes / Revisado por Gustavo Gilona – Imazon estima ameaça a 6,5 mil km² da Amazônia em 2025 – REVISTA CENARIUM
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