MANAUS (AM) – A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) divulgou imagens inéditas de povos isolados na Terra Indígena (TI) Massaco, em Rondônia. Os registros, revelados recentemente, foram feitos no início de 2024, por equipamentos de monitoramento.

Indígenas na Terra Indígena (TI) Massaco (CGIIRC/Funai) -Imagem postada em: Revista Cenarium

O trabalho foi feito por meio de Bases de Proteção Etnoambiental (Bapes), que são estruturas físicas permanentes, localizadas em pontos estratégicos dos territórios, sem a necessidade de promover contato direto e sem nenhuma interferência em seu modo de vida.

Segundo a Funai, a divulgação das imagens busca reafirmar a presença indígena nas TIs e reforçar a necessidade de proteção territorial contra ameaças à sua sobrevivência.

Terra Indígena Massaco

A Terra Indígena Massaco está localizada entre os municípios de Alta Floresta D’Oeste e São Francisco do Guaporé, no Estado de Rondônia. Seu território foi demarcado em 1998, e possui uma área de 421.895 hectares.

Uma câmera instalada pela Funai em uma das trilhas capturou, em fevereiro de 2024, imagens de um grupo de nove indígenas do sexo masculino, com idades estimadas entre 20 e 40 anos. Os registros foram feitos no momento em que eles pegavam ferramentas, como facões e machados, deixadas por equipes da Fundação em 2021 para auxiliar a caça e coleta de alimentos.

Segundo a instituição, uma questão que chamou atenção foi que a câmera estava visível, e mesmo assim os indígenas não a tocaram e não se aproximaram nem por curiosidade.

“Nota-se que foi uma aproximação planejada e organizada, com um grupo de pessoas, somente homens, a maioria jovens, preparados com inúmeros estrepes confeccionados que foram colocados nos locais de presença do não indígena e na própria trilha por onde chegaram e retornaram, caso alguém os seguisse”, detalhou Altair Algayer, sertanista da Funai.

Outro ponto de destaque é a aproximação dos indígenas, cada vez mais frequente, nos extremos dos limites da TI, o que os expõe ao contato direto e indireto com não indígenas. De acordo com observações dos agentes, essa aproximação, muitas vezes, é pela necessidade de expandirem sua área de ocupação em busca de recursos para sua sobrevivência que, aparentemente, tem apresentado crescimento demográfico.

As informações e imagens coletadas pela Funai ajudarão na análise de dados sobre esses povos, sobre como vivem e se desenvolvem, como priorizam seus movimentos, a forma de manejo na ocupação do território, a prática do nomadismo e sua aptidão pela caça e coleta, aspectos da cultura material, dados demográficos, estilo arquitetônico das suas habitações, hábitos alimentares, entre outros.

Por Letícia Misna / Editado por John Britto / Publicado por Revista Cenarium Funai divulga imagens inéditas de indígenas isolados em TI de Rondônia 

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