Desafio é fazer o investimento de créditos de carbono chegar em iniciativas efetivas de preservação ambiental

Neste episódio de Ambiente é o Meio o professor José Marcelino de Resende Pinto recebe a historiadora e pós-doutoranda do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP Ana Paula Salviatti para discutir a financeirização do meio ambiente.

Ao longo do episódio, a historiadora argumenta que os créditos de carbono vieram para criar um mercado e dar apelo comercial para a preservação ambiental, mas sem um resultado efetivo, com redução de 0,02% na emissão de gases de efeito estufa na primeira fase do Protocolo de Kyoto.

Ana Paula informa também que o Protocolo de Kyoto acabou, que as novas cúpulas do clima não criaram um arcabouço para substituí-lo e os créditos de carbono ficaram no mercado paralelo, auditados por empresas privadas, em um mecanismo que não é muito confiável.

Ainda segundo a historiadora, nós vivemos um neoliberalismo ambiental, onde os créditos de carbono têm papel fundamental. Ela cita, como exemplo, a produção do óleo de palma. Para produzi-lo, é necessário queimar a floresta de palma para depois prensar as plantas. Se o produtor coloca uma lona sobre o solo durante esse processo, consegue emitir créditos de carbono por evitar uma contaminação do solo, mesmo ainda emitindo uma alta quantidade de poluentes durante a queima da palma.

Ainda sobre o óleo de palma, Ana Paula explica que esses créditos de carbono são vendidos no mercado aberto, usados por empresas para conseguir certificações de redução de pegada de carbono e também por fundos de investimento para vender produtos financeiros com responsabilidade verde.

Ana Paula cita iniciativa do governo brasileiro de criar um mercado interno de créditos de carbono auditado pelo ente público com o desafio de fazer o investimento chegar em iniciativas de preservação ambiental.

Ouça o episódio completo clicando no player acima.

Por  – Jornal da USP – Ambiente é o Meio #158: Créditos de carbono geram financeirização do meio ambiente – Jornal da USP