O Serviço Geológico do Brasil apresentou dados gerados a partir de sensoriamento remoto na Conferência Internacional South America Water from Space 2024

Imagem postada em: SGB

Belém (PA) – O uso de satélites para monitorar rios tem permitido acompanhar o avanço da seca na região amazônica. Dados gerados ao longo de 2023 e 2024, por meio do sensoriamento remoto, foram apresentados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) na Conferência Internacional South America Water from Space 2024, que ocorre em Belém (PA). A programação do evento começou na terça-feira (29) e encerra neste sábado (2).

No evento, o pesquisador Daniel Moreira enfatizou a importância do monitoramento por satélites para obter dados, especialmente em locais de difícil acesso, e permitir análises mais precisas e abrangentes sobre as condições dos rios: “O sensoriamento remoto permitiu fazer um mapa dessa seca e mostrar a intensidade da seca. Realmente, os dados mostraram que a seca foi muito mais extrema neste ano, na Bacia do Rio Solimões”.

O projeto Dinâmica Fluvial é realizado há 16 anos, no âmbito de um acordo de cooperação entre o SGB e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França. Os dados obtidos neste trabalho são apresentados em uma plataforma lançada recentemente. Confira aqui o conteúdo.

Satélites ampliam a compreensão sobre eventos climáticos extremos 

As tecnologias para sensoriamento remoto têm se mostrado promissoras para monitorar os rios e ampliar a compreensão sobre os eventos climáticos extremos. O SGB atuou na equipe científica do projeto SWOT for South America (SWOT para a América do Sul), realizado entre 2020 e 2023, para a validação e calibração dos dados do satélite. Agora, o projeto entrará em nova fase: no projeto SWOT for the AMazon BAsin (SAMBA), que permitirá observações mais detalhadas sobre a Bacia Amazônica.

O SWOT é um satélite capaz de gerar nuvens de pontos com informações detalhadas sobre os recursos hídricos, abrangendo mais de 90% dos corpos d’água do planeta, fornecendo observações em alta resolução espacial e temporal.

De acordo com o pesquisador Daniel Moreira, a pesquisa comprova a eficiência dos dados de satélite para monitoramento hidrológico, o que estimula a ampliação do número de satélites com essas características, tornando possível gerar cada vez mais dados sobre os rios. “Chegaremos em um momento em que será  lançada uma “constelação” de satélites com as mesmas características, assim teremos vários satélites que vão passar um atrás do outro e vamos conseguir monitorar com uma frequência muito maior. A nossa grande contribuição pela pesquisa do SGB é dizer que o satélite funciona de forma ideal para o monitoramento. Depois disso, passamos da fase experimental-científica para a fase operacional, para aplicação em projetos em hidrologia”.

Moreira ressalta que, a partir dos dados de observação por satélite, é possível acompanhar as mudanças no clima e elaborar projeções sobre padrões de chuva, comportamento dos rios, desmatamento e expansão urbana. “A partir dessa grande fonte de dados, a gente tem cenários modelados e podemos prever quando esse cenário vai atingir um grau de problema crítico”.

O pesquisador francês Paul Coulet, da Universidade de Toulouse, apresentou estudos preliminares sobre variações no nível do mar e nos rios para os próximos anos, além de destacar as observações que indicam o aumento da frequência e intensidade de episódios da seca: “A maré vai variar, a vazão vai variar, a dinâmica do alagamento vai variar por conta de mudanças climáticas”. Segundo ele, esse entendimento é fundamental para o planejamento urbano de comunidades ribeirinhas, de modo a garantir que construções ocorram em locais mais seguros.

A conferência 

A 4ª Conferência Internacional South America Water from Space é coorganizada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), em parceria com o Instituto Nacional Francês para o Desenvolvimento Sustentável (IRD), a Agência Espacial Francesa (CNES) e a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro). São patrocinadores o Instituto Tecnológico Vale (ITV) e a Itaipu Binacional. Como apoio, estão o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS), a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Geosciences Environment Toulouse (GET).

Larissa Souza
Núcleo de Comunicação

Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia – Monitoramento por satélite permite acompanhar avanço da seca na região amazônica – SGB