Museu Goeldi promove oficina para apoiar a reabertura do Museu Kuahí (AP), ponto de referência para o conhecimento e contato com as culturas indígenas do extremo norte do país
O Museu Paraense Emílio Goeldi, o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e a Secretaria de Cultura do Amapá promovem até 8 de novembro, em Belém, uma oficina de museologia prática para um grupo de 14 indígenas das etnias Karipuna, Galibi Marworno, Palikur, Galibi Ka´lina, funcionários do Museu Kuahí dos Povos Indígenas do Oiapoque (AP). A iniciativa busca promover a capacitação em aspectos da conservação de acervos etnográficos e outras estratégias museológicas.
Fundado em 2007, o Museu Kuahí é o espaço turístico mais visitado daquele município, sendo um ponto de expressão, memória e preservação da cultura material dos povos indígenas do extremo norte do Brasil, assim como de pesquisa e valorização de suas identidades por meio de ações que envolvem tanto as populações das aldeias quanto parcerias com instituições científicas, museus nacionais e internacionais e organizações socioambientais.
O acervo do Kuahí conta com mais de 300 peças, incluindo as de uso cotidiano e de representatividade para a cosmologia dos povos da região, no entanto esse rico patrimônio estava inacessível ao público devido às obras para reforma do espaço que já duram nove anos. Com a iminente reabertura do museu, a equipe se prepara para oferecer novas experiências aos visitantes.
A oficina de museologia realizada no Museu Goeldi é coordenada pela museóloga e antropóloga Lucia Hussak van Velthem, curadora da Coleção Etnográfica da instituição, que conta com mais de 15 mil peças da cultura material de 120 povos indígenas, sobretudo da Amazônia brasileira, incluindo as etnias que vivem no Oiapoque. Todo o acervo recebe os cuidados de conservação, documentação e organização realizados pela cientista social Suzana Primo dos Santos, originária do povo Karipuna.
Lúcia van Velthem, que trabalha com etnias do norte do Amapá há mais de quatro décadas, esclarece que a oficina foi elaborada para proporcionar um painel das práticas museológicas do Museu Goeldi em torno de aspectos da curadoria, conservação, documentação e exposição de artefatos de procedência de povos indígenas, com ênfase ao material oriundo daquela região.
Durante a programação, os participantes também terão a oportunidade de conhecer outras práticas expositivas realizadas em Belém. Além de Lucia van Velthem e Suzana Karipuna, todas as atividades são acompanhadas pela equipe da Reserva Técnica Kurt Nimuendaju, da Coordenação de Ciências Humanas – COCHS (Fábio Jacob, Jemilly de Aquino Mendes e Leonardo de Souza Silva) e também Karol Gillet, da Coordenação de Museologia do Goeldi.
As atividades da Oficina acontecem na Reserva Técnica no Campus de Pesquisa e ainda no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi e também em outros espaços museais de Belém (PA).
Texto: Fabrício Queiroz – Agência Museu Goeldi – Intercâmbio interinstitucional e intercultural em museologia – apoio ao Museu Kuahí — Museu Paraense Emílio Goeldi
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