A flor das cinzas
No útero da terra mãe, uma semente germina como que implorando para nascer e transformar-se numa vida feliz capaz de honrar e descansar no fulgente colo da verde mata em estesia.
Soprando a copa dos vegetais, o vento manso percebe que o rebento cresceu e desenvolveu-se de forma harmônica e aprazível, entrelaçando as suas vivificantes raízes nas veias abertas de cores líquidas que correm concatenadas, banhando o corpo da Mãe-d’água e lavando a alma dos briosos e benevolentes povos da floresta.
Mas a exacerbada estúrdia da consciência humana em derrocada – desprovida de tolerância e benignidade – provoca de maneira fútil e execrada, a morte do imensurável e inefável habitat natural amazônico. As veias secam, o lugar esmaece, o chão esturrica e a vida é violentamente extirpada diante da imprecação horripilante do ecocídio planetário em agonia.
A imensurável florestania do homem com a terra é odiosamente ceifada e impiedosamente condenada ao malogro pela incúria estatal vigente e por uma sociedade envolvente reacionária e espoliadora da dadivosa e complacente terra mãe.
Na clarividente abominação e aversão de uma conjuntura nacional e internacional que privilegia o poder do capital e fortalece os estados beligerantes, é possível acreditarmos que da catástrofe ambiental e do flagelo humano ainda possa surgir uma flor das cinzas.
Por: Marquelino Santana
FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor
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