O workshop é realizado anualmente com os cientistas do projeto coordenado pelo Inpa (MCTI/Brasil) em convênio com a Alemanha
O projeto Observatório da Torre Alta na Amazônia (Atto, Amazon Tall Tower Observatory, na sigla em inglês) encerrou nesta sexta-feira (4) mais uma edição do seu Workshop, com objetivo de fomentar a troca de informações e integração entre cientistas. A programação, que iniciou na quarta (2) no Auditório da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), teve como objetivo com palestras e exposições de pôsteres de cientistas envolvidos com o projeto. O Atto é um projeto de cooperação científica Brasil-Alemanha, tanto em financiamento quanto em avanço científico, executado no lado brasileiro pelo Inpa, e na Alemanha, pelo Instituto Max Planck de Biogeoquímica (MPI-BGC) e pelo Instituto Max Planck de Química (MPI-C).
“É interessante ver a comunidade Atto aumentando. A participação de brasileiros, principalmente de amazônidas, vem crescendo bastante ao longo do tempo, o que é muito interessante para o projeto. O Atto hoje é um projeto bem estabelecido, uma cooperação de muito sucesso com a Alemanha”, ressalta o coordenador do projeto pelo Inpa, o pesquisador Carlos Alberto Quesada.
Desde sua criação, o projeto já contribuiu com aproximadamente 130 artigos científicos publicados em revistas de alto nível e com a formação de 75 jovens cientistas, entre mestres e doutores. “Nós estamos incorporando cada vez mais alunos, na grande maioria brasileiros. Essa formação é quem vai nos substituir: cientista climático do futuro. E o Atto está tendo um papel muito importante neste processo, fornecendo uma base sólida para projeto, para região amazônica e para os pesquisadores do clima, que é o que a humanidade precisa cada vez mais”, destaca Quesada.
O diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira, destaca o Atto como um símbolo de cooperação científica e inovação, contribuindo para o avanço da ciência ambiental e fortalecendo as conexões entre instituições e países. “O Atto tem ganhado proeminência por suas características únicas, pela inovação e por sua atuação na fronteira do conhecimento sobre a interação entre atmosfera e clima. O Atto tem duas questões absolutamente cruciais: olhar o presente para compreender as interações da floresta e o clima; e projetar quais podem ser as consequências para a floresta e para o clima, com as mudanças provocadas pelo aquecimento global”, ressalta.
O Atto fornece uma plataforma de estudos de longo prazo sobre a interação da floresta amazônica com as trocas de água e energia, ciclos biogeoquímicos, aerossóis, nuvens e precipitação, gases de efeito estufa e a resposta da floresta a mudanças climáticas. O projeto envolve cientistas com diversas formações como químicos, físicos, meteorologistas, biólogos, ecólogos, entre outros.
O sítio de pesquisa do Atto está localizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã (RDS-Uatumã), no município de São Sebastião do Uatumã, no interior do Amazonas. A estrutura conta com uma torre principal de 325 metros de altura e mais duas torres auxiliares de 80 metros.
Segundo a coordenadora do Atto pela Alemanha, Susan Trumbore, do MPI-BGC, o workshop é uma boa oportunidade para interagir com outros pesquisadores e descobrir como as pesquisas estão interligadas. “A floresta amazônica é um ecossistema muito complexo e, para entender a função integrada, precisamos de muitas pessoas e disciplinas. Isso é bom para os alunos entenderem os sistemas mais complexos e como funcionam. Também é uma boa oportunidade de interagir com outros pesquisadores”, frisa.
Nova fase
Carlos Alberto Quesada destaca que a nova fase do projeto é caracterizada por síntese e integração, alinhando diferentes disciplinas que irão integrar seus resultados, para tentar compreender de forma mais abrangente o funcionamento da floresta.
Ainda segundo Quesada, a nova fase conta com uma ampla quantidade de dados e informações coletados em cada uma das disciplinas de abrangência do projeto: micrometeorologia, estudos de processos ecológicos na floresta, aerossóis, formação de nuvens, ciclo da água e diversos outros aspectos. “Cada uma dessas disciplinas possui uma base sólida de artigos e de dados. Nós estamos entrando nessa nova fase de síntese e integração, que na minha opinião é onde nós vamos ter as maiores descobertas e os maiores impactos na pesquisa”, explica o pesquisador.
Aproximação com a comunidade
Ao longo dos anos, o Atto tem desenvolvido atividades educativas com as comunidades próximas ao sítio de pesquisa do projeto, que fica na RDS Uatumã (a 150 Km de Manaus). Fruto de demandas das comunidades, o Atto Escola é uma plataforma digital interativa que reúne diversos materiais didáticos como jogos, cartilha, tutoriais, materiais para professores e vídeos para auxiliar o aprendizado. Todo conteúdo está disponível para download.
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