A Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami, em Boa Vista (RR), recebeu um reforço importante para a assistência integral aos indígenas: a contratação de 12 intérpretes para auxiliar no atendimento. Os profissionais são essenciais para que a comunicação seja plena entre paciente e equipe médica.

Foto: Walterson Rosa/MS

Na prática, os profissionais otimizam o contato com o indígena e tornam a assistência mais completa. Eles foram preparados para atuar em regiões remotas, como o território Yanomami, que é de difícil acesso e possui particularidades culturais.

Os novos trabalhadores foram contratados pela Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS) para atuar no território. O coordenador de enfermagem da Casai Yanomami, Marcos Vinicius, explica que a maior dificuldade no momento de atendimento médico era compreender o indígena.

“Era muito mais difícil entender o estado de saúde dos indígenas por conta da linguagem. Os intérpretes facilitam essa interlocução entre paciente e o médico no atendimento. É um grande avanço que foi muito esperado por nós”, salienta.

Marcos Vinicius destaca que o reconhecimento da profissão faz parte da série de investimentos do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), na reformulação da assistência para os Yanomami, que sofreu um processo de desestruturação entre 2019 e 2022.

“Era uma profissão que, até então, não era regulamentada dentro da Sesai e hoje, graças ao apoio do Ministério da Saúde, foi efetivada essa contratação. Esses profissionais chegam para somar com a nossa equipe de maneira muito importante”, opina.

Primeira experiência

Um deles é o Yanomami Leomar Ximenes, de 23 anos, contratado para ser intérprete. Ele mora há alguns anos entre o seu território e Boa Vista e, desde o início de 2024, estuda Enfermagem na capital de Roraima. Seus pais vivem no território e ainda não sabem que o filho vai trabalhar junto aos seus.

“Não pude contar, pois eles não têm telefone nem acesso à internet”, explica. Com o salário, pretende ajudar sua mãe financeiramente. “Estou ansioso sobre como vai ser, quero fazer bonito na minha primeira experiência profissional”, diz.

Investimentos 

O Ministério da Saúde divulgou, em 5 de agosto, um novo informe do Comitê de Operações Emergenciais (COE) Yanomami. No primeiro trimestre deste ano, foram notificados 74 óbitos no território. Na comparação com igual período do ano passado, houve uma queda de 33%. Nos três primeiros meses de 2023 foram registradas 111 mortes. O documento ressalta que os principais agravos tiveram queda como, óbitos por malária, desnutrição e infecções respiratórias agudas graves.

O povo Yanomami tem a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 380 comunidades e 30 mil indígenas. Desde janeiro de 2023, o ministério investe para mitigar a grave crise causada na região pelo garimpo ilegal.

A pasta aumentou o efetivo de profissionais, dobrou o investimento em ações de saúde e trabalhou para garantir a assistência e combater doenças, como a malária e a desnutrição no território.

Otávio Augusto
Ministério da Saúde – Casai Yanomami recebe 12 intérpretes para atuarem nos atendimentos médicos — Ministério da Saúde

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