Brasil sofre com queimadas e papel da Repam ganha força em defesa da Amazônia

A seca histórica e os pontos de queimadas concentrados em biomas como a Amazônia, Pantanal e Cerrado têm afetado o Brasil inteiro que sofre com a fumaça que encobre o céu de uma área equivalente a 60% do território do país, segundo o Inpe. Em meio a esse triste cenário, mas encorajada pelo seu propósito, a Rede Eclesial Pan-Amazônica – Repam – comemora 10 anos de fundação articulando ações em defesa da vida dos povos, dos territórios e da biodiversidade de 9 países da região.

Em 4 de setembro, o registro do fogo no Amazonas – Postada em: VATICAN NEWS

Uma Amazônia que encanta e preocupa, afirma o Irmão João Gutemberg Sampaio, secretário-executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica, em vídeo divulgado por ocasião do aniversário de 10 anos de fundação da Repam. Uma Amazônia rica de paisagens e culturas, mas que tem sofrido muita agressão pelo homem e as mudanças climáticas, particularmente hoje, com a seca e as queimadas que têm afetado também biomas como o Pantanal e o Cerrado, gerando tanta fumaça para encobrir o céu das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram registrados mais de 164 mil focos de incêndio no país entre janeiro e início de setembro, sendo considerado o maior número desde o ano de 2010. Os estados mais afetados são Mato Grosso, Pará, Amazonas e Tocantins, que concentram 56% dos pontos de queimada contabilizados desde o início de 2024. No início desta semana, o Brasil tinha quase 5 milhões de km2 cobertos por fumaça: é uma área equivalente a 60% do território nacional, segundo o Inpe.

Uma das formas de prevenção, como concordam os especialistas, é promover ações de conscientização sobre a importância da Amazônia para a humanidade, como tem feito a Igreja, especialmente nesses últimos 10 anos através da atuação socioeclesial da Repam junto a outros organismos e à sociedade, num percurso de comprometimento com temas mais emergentes da região, como justiça social, ecologia integral e defesa dos direitos dos territórios junto aos povos amazônicos. “Precisamos cuidar das pessoas, das comunidades, das culturas, dos territórios e da biodiversidade”, afirma Ir. João, ao acrescentar:

“Ao celebrarmos os 10 anos, nós vemos a importância dessa rede de incidência num contexto muito adverso. Uma Igreja que avança no cuidado, já que sempre teve mártires, pessoas dedicadas, muitos agentes de pastoral, homens e mulheres corajosos para cuidar dos povos e defender o ambiente, mas forças adversas que cada vez mais destroem usam a Amazônia como simples fonte de riquezas financeiras e, assim, não cuidam dos povos, mas sempre há muita depredação. No momento da celebração dos 10 anos neste mês de setembro, temos muitas queimadas, temos a seca, frutos dessa dessa crise climática que aflige nossos povos. Então isso nos dá uma visão do que é a importância de estarmos cada vez mais nessa defesa do bem e na defesa da vida para que os povos tenham vida e os nossos territórios não sejam destruídos. A Repam quer ser sempre fonte de vida no coração da Igreja e na defesa dos povos e dos seus territórios.”

O apoio do Papa à rede eclesial

As comemorações de aniversário da rede eclesial da Igreja Católica na Amazônia Legal desta quinta-feira (12/09) envolvem inclusive a comunidade internacional, já que a Repam atua em ação coordenada eclesial nos 9 países que compõem a região: além do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e território ultramarino da Guiana Francesa. Um encontro em modalidade on-line intitulado “10 anos da Repam: memória e profecia” foi realizado a partir da sede das Pontifícias Obras Missionárias (POM) em Brasília. Foi nesse espaço que em 2014, os bispos se reuniram para atender ao desejo da Conferência de Aparecida, realizada em 2007, que em seu documento final destacou a necessidade de “criar nas Américas consciência sobre a importância da Amazônia para toda a humanidade. Estabelecer entre as Igrejas locais dos diversos países sul-americanos, que estão na Bacia Amazônica, uma Pastoral de Conjunto com prioridades diferenciadas para criar um modelo de desenvolvimento que privilegie os pobres e sirva ao bem comum”. E o Irmão João finaliza:

“Uma iniciativa que foi sendo gerada durante muitos anos e que se consolidou em 2013, em um encontro muito importante no Equador, e que depois se concretizou em sua fundação no mês de setembro de 2014 em Brasília, com grande apoio do Papa Francisco, que tinha sido nomeado Papa no ano anterior, e que no ano seguinte à fundação da Repam nos presenteou com a rica Encíclica Laudato si’. Ao celebrarmos os 10 anos da Repam nós estamos celebrando a sua luta e o seu esforço pela defesa dos direitos humanos, pela justiça socioambiental e o bem viver, pela defesa e cuidado dos povos amazônicos, pela grande dimensão missionária das mulheres da sua ação em defesa dos territórios e também na animação mesmo da própria vida pastoral da Igreja, o grande valor das crianças e da juventude que precisam de um futuro melhor, o tema das fronteiras e da comunicação.”

Por: Andressa Collet – Vatican News – Brasil sofre com queimadas e papel da Repam ganha força em defesa da Amazônia – Vatican News 

Relacionada: Bolívia: bispos exortam ação rápida diante de incêndios florestais – Vatican News