Operação “BRACOLPER” chega a sua 50ª edição para reforçar confiança mútua entre nações e desenvolver a interoperabilidade
Um exercício multinacional envolvendo as Marinhas do Brasil, Colômbia e Peru é realizado há 50 anos na tríplice fronteira, com intuito de fortalecer a presença na região, desenvolver a interoperabilidade nos rios da Amazônia Ocidental e estreitar os laços de amizade e confiança mútua entre as nações vizinhas. Trata-se da Operação “BRACOLPER”, cujas fases 1 e 2 tiveram início em 10 de julho e se estenderão até 10 de agosto.
Nesta edição, chamada de Operação “BRACOLPER OURO 2024”, os meios da Marinha do Brasil (MB), subordinados ao Comando do 9º Distrito Naval (Com9ºDN), navegaram cerca de 880 milhas náuticas (cerca de 1600 quilômetros) de Manaus (AM) até a fronteira com a Colômbia, e depois até a cidade de Iquitos, no Peru, pelo Rio Amazonas.
A Operação “BRACOLPER” é realizada em três fases, sendo a primeira em Letícia (Colômbia), a segunda em Iquitos (Peru) e a terceira em Manaus (Brasil), esta última será realizada entre os dias 26 de agosto e 9 de setembro, abrangendo regiões da Amazônia brasileira, colombiana e peruana.
Nas fases 1 e 2 da Operação, a Marinha do Brasil empregou os Navios-Patrulha Fluvial (NPaFlu) “Raposo Tavares” e “Roraima” e o Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) “Carlos Chagas”, subordinados ao Comando da Flotilha do Amazonas, além de uma aeronave do 1° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Noroeste (EsqdHU-91) e um pelotão de Fuzileiros Navais do 1º Batalhão de Operações Ribeirinhas (1ºBtlOpRib)
Importância estratégica
O Comandante do 9º Distrito Naval, Vice-Almirante João Alberto de Araujo Lampert, explicou que a operação trata de problemas e ameaças comuns presentes nas fronteiras dos três países.
O Almirante Lampert acrescentou que, no âmbito da “BRACOLPER”, a Marinha promove Ações de Assistência Hospitalar com intuito de prestar assistência social nos rincões da Amazônia e, assim, também contribuir com o desenvolvimento da região.
A primeira edição da Operação “BRACOLPER” ocorreu no ano de 1974 e, desde então, vem sendo realizada anualmente (com exceção dos anos de 1978 e 1981). “São 50 anos de sucesso, 50 anos em que se evoluíram ações, operações, interações e certamente esse caminho evolutivo permanece vivo com a mesma vontade entre as três Marinhas e nós temos certeza de que nos próximos 50 anos ainda mais evoluções ocorrerão”, concluiu o Almirante Lampert.
Exercícios conjuntos
Segundo o Comandante Sandir, dentre os realizados nas Fases I e II, destaca-se o exercício de Assalto Fluvial, com tiro real realizado pelos Pelotões de Fuzileiros Navais, ocasião em que a MB disponibilizou uma Lancha de Ação Rápida (LAR) para parcela de tropa da ARC e outra para a MGP.
Também foi realizado exercício de Evacuação Aeromédica (EVAM), com aeronave da MGP e NPaFlu da MB, onde pela primeira vez houve o içamento de fato do tripulante acidentado (simulacro). Houve, ainda, o exercício de Bloqueio Fluvial, realizado próximo a tríplice fronteira, onde as equipes de abordagem dos navios se revezaram, compartilhando experiências e procedimentos operativos.
“São exercícios que exigem minucioso planejamento, elevada coordenação e gerenciamento do risco de forma combinada. Isso permite absorvermos relevantes ensinamentos obtidos, nessas interações, que refletirão no fortalecimento da confiança mútua e na padronização de procedimentos, especialmente no combate aos crimes transfronteiriços na tríplice fronteira Noroeste do nosso País”, finalizou o Comandante da Flotilha do Amazonas.
O Primeiro-Tenente (FN) Jackson Cruz, Comandante do Pelotão de Operações Ribeirinhas na Operação “BRACOLPER”, destacou a importância do aprestamento das tropas. “Poder ver o trinômio Navio-Fuzileiro Naval-Helicóptero, pilar básico das Operações Ribeirinhas, em ação, com munição real, foi uma experiência incrível. Além disso, operar com Fuzileiros Navais de duas marinhas diferentes (Colômbia e Peru), observando suas táticas, técnicas e procedimentos, foi bastante enriquecedor para todos os militares do meu Pelotão de Operações Ribeirinhas”, afirmou.
Comemorações
Durante a Operação “BRACOLPER”, nas fases 1 e 2, a Marinha do Brasil se fez presente nas solenidades cívico-militares em comemoração à Independência da Colômbia, em 20 de julho, e à Independência do Peru, em 28 de julho.
Em ambos os eventos, a comissão representativa do Brasil foi composta por uma guarda-bandeira e dois pelotões. Os desfiles foram seguidos de Parada Naval, onde os navios brasileiros desfilaram ao lado dos navios colombianos e peruanos perante autoridades civis e militares dos países vizinhos.
Na cidade de Iquitos, no dia 26 de julho, o NAsH “Carlos Chagas” abriu as portas para receber a população peruana, por meio de uma visitação pública realizada no Porto Enapu. O público teve a oportunidade de embarcar no navio brasileiro, visitar os conveses externos e conhecer parte da tripulação do navio.
Assistência social
No âmbito da Operação “BRACOLPER”, o NAsH “Carlos Chagas” promoveu Ação de Assistência Hospitalar (ASSHOP) em seis comunidades indígenas localizadas no Alto Solimões, no Amazonas. A equipe de saúde do navio realizou mais de 8 mil procedimentos de saúde, incluindo atendimentos médicos, consultas odontológicas, exames laboratoriais, exames de raio-x e distribuição de medicamentos, beneficiando 558 pessoas.
A Capitão-Tenente (Cirurgiã-Dentista) Thalita Mourão, da Policlínica Naval de Manaus, foi uma das profissionais de saúde destacadas para a missão. “Geralmente, a equipe de saúde de terra é a que vai os médicos e os técnicos de enfermagem, por meio de lanchas, e na comunidade eles realizam triagem, aferição de pressão, glicose, entre outros serviços. Se o médico avaliar que o paciente precisa de raio-x ou exame de sangue mais específico, esses pacientes vêm para bordo para fazer a realização desses exames. Aqui no navio, também recebemos os pacientes para os atendimentos odontológicos, onde podemos realizar extração, restauração e limpeza”, explicou.
José Anacleto Firmino, Cacique da Comunidade São Francisco, da etnia Ticuna, agradeceu aos profissionais da Marinha pela assistência prestada. “É muito importante para a comunidade e para os pacientes esse atendimento do pessoal da Marinha, trazendo consultas médicas e odontológicas para o nosso povo. Eu agradeço muito mesmo, com meu coração”, afirmou.
A Tenente Thalita já serve na MB há quase oito anos e, ao longo desse tempo, participou de inúmeras Ações de Assistência Hospitalar promovidas pelos navios da Marinha na Amazônia Ocidental, levando saúde e cuidado aos locais mais distantes e isolados da região.
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Victor Cruz
Fonte: Agência Marinha de Notícias (ver galeria de fotos) – Marinha do Brasil participa de operação multinacional na Amazônia | Agência Marinha de Notícias
Relacionadas:
- Marinhas do Brasil, Colômbia e Peru celebram os 50 anos da Operação BRACOLPER | Comando Do 9° Distrito Naval
- Comando do 9º Distrito Naval realiza desfile militar e visitação pública em Iquitos, no Peru | Comando Do 9° Distrito Naval (marinha.mil.br)
- Operação BRACOLPER: Exercício de Evacuação Aeromédica é realizado em formato inédito no Rio Amazonas | Comando Do 9° Distrito Naval (marinha.mil.br)