Capitanias dos Portos instalam, gratuitamente, cobertura do eixo do motor em embarcações no Pará e Amapá
Como forma de conscientizar a população sobre os acidentes relacionados ao escalpelamento e dar visibilidade à realidade enfrentada pelas vítimas, a Lei nº 12.199/2010 instituiu a data de 28 de agosto como Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento. Neste dia, a Marinha do Brasil promove palestras em escolas, portos, feiras e locais de grande circulação de pessoas, sobre formas de evitar o acidente. Durante as ações, as equipes de Inspeção Naval instalam, gratuitamente, o equipamento que protege o motor, eixo e partes móveis das embarcações e distribuem toucas para os cabelos de mulheres e meninas. Este ano, as toucas foram doadas pela associação civil Empório Naval.
Escalpelamento é o arrancamento brusco e acidental do couro cabeludo. Esse grave acidente ocorre em embarcações de pequeno porte, durante a pesca artesanal ou transporte de passageiros, quando os cabelos compridos, na maioria dos casos, de mulheres e meninas, se enrolam nos eixos e partes móveis dos motores. No Pará e no Amapá, áreas com maior incidência de casos de escalpelamento, a Marinha do Brasil desenvolve ações educativas e de fiscalização, visando reduzir o número de acidentes.
As consequências do escalpelamento são graves e variam conforme as áreas afetadas no acidente, como crânio, pálpebras, orelhas e face. As principais sequelas incluem dores de cabeça ou cervicais crônicas, dificuldade na audição, fala e visão. Essas disfunções comprometem a qualidade de vida, o lazer e o emprego das vítimas, que muitas vezes ficam impossibilitadas de trabalhar. O longo tratamento consiste em cirurgia plástica reparadora e implante capilar, e acompanhamento psicológico, e pode durar por toda a vida.
Vítimas
Na tarde de 19 de janeiro de 2001, Deusiane Pantoja de Almeida, à época com 15 anos, seguia de barco, acompanhada da mãe e de irmãos, no rio Cairari, em Moju (PA), com destino à roça onde trabalhava com a família. Deusiane abaixou-se para retirar a água do barco, quando seus cabelos foram puxados pelo eixo do motor. O couro cabeludo da adolescente foi totalmente arrancado. Ela também perdeu as pálpebras e sobrancelhas e parte de uma orelha, além de ter sofrido fraturas no rosto e membros superiores.
Deusiane foi encaminhada para um hospital em Mocajuba (PA), centro urbano mais próximo do local do acidente e, após os primeiros atendimentos, foi transferida para Belém, onde passou por duas internações hospitalares, que duraram nove meses. Vinte e três anos se passaram desde o fatídico acidente. Deusiane já passou por 38 procedimentos cirúrgicos.
Hoje, Deusiane é ativista em prol da prevenção ao escalpelamento. Para divulgar a causa, ela usa as redes sociais e também atua em parceria com a Marinha do Brasil em ações educativas em comunidades ribeirinhas no Pará e no Amapá.
“Da minha dor, eu levantei a bandeira para trabalhar pela prevenção do que aconteceu comigo, pelo que passei e passo, até hoje, para que outras pessoas não venham a passar. O escalpelamento condena a um tratamento para o resto da vida, deixando traumas e sequelas”
Recomendações aos usuários de embarcações
• nunca arme rede ou se aproxime do eixo do motor com cabelos soltos;
• prenda os cabelos, com touca, boné ou chapéu;
• evite usar colares ou cordões;
• mantenha as crianças sob supervisão de um adulto.
Segurança da navegação
A Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário (Lei 9.537/97) prevê a obrigatoriedade do uso de proteção nas partes móveis das embarcações. Interessados na instalação gratuita de cobertura de eixo devem entrar em contato com as Capitanias:
Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR): (91) 3218-3950 ou (91) 98134-3000
Capitania Fluvial de Santarém (CFS): (93) 3522-2870
Capitania dos Portos do Amapá (CPAP): (96) 3281-5480 ou (96) 99162-8039
Fonte: Agência Marinha de Notícias – Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento: Marinha alerta sobre como evitar acidente | Agência Marinha de Notícias – (ver galeria de fotos e casos de escalpelamento no Pará e no Amapá / de 2018 até agosto de 2024)