De ruim a péssima: com fumaça, qualidade do ar cai mais ainda em Manaus e internautas repercutem

MANAUS (AM) – A qualidade do ar em Manaus tornou a piorar na noite desse sábado, 10, quando os indicadores do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) avançaram de ruim para péssimo. Nas redes sociais, internautas relatam o forte cheiro de fumaça que permanece neste domingo, 11, enquanto os números ainda indicam níveis preocupantes do ar na capital.

Manaus coberta por fumaça neste domingo (Reprodução/Carol Veras/CENARIUM) – Republicação gratuita, desde que citada a fonte. AGÊNCIA CENARIUM

Confira abaixo os indicadores apresentados pelo Selva na noite desse sábado:

(Reprodução/Selva) – Postada em: Revista Cenarium

Vídeos divulgados pela população apresentam uma paisagem cinza sobre a capital. O pesquisador em meteorologia e professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Rodrigo Souza, coordenador do projeto EducAir, relatou à CENARIUM que na região com a maior concentração de florestas do Brasil a expectativa de vida é 1,2 ano menor justamente por conta da alta concentração de micropartículas poluentes encontradas no ar, como ocorrido esta semana.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que a concentração anual média de partículas finas no ar não deve exceder 5 µg/m³ (microgramas por metro cúbico). Atualmente, no Amazonas, essa concentração está em 16 microgramas, o que representa três vezes o valor recomendado.

Saúde

A assistente social Jocenir Carvalho afirma que teve o sistema respiratório prejudicado por conta do período crítico de poluição do ar no ano de 2023: “No período mais crítico, fui hospitalizada com falta de ar. Eu nunca apresentei sintomas de asma antes, mas a partir desse período, comecei a usar bombinha. Os médicos me alertaram sobre o perigo de se estar exposta muito tempo ao ar nessa qualidade e me recomendaram passar o máximo de tempo dentro de casa”, relata a profissional da saúde.

Nos primeiros dez dias de agosto deste ano, o Amazonas teve quase 3 mil focos de queimadas, conforme dados da plataforma BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram registrados 2.845 focos no Estado, um aumento de 179,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apuí lidera com 2.517 focos, seguido por Lábrea com 1.286, ambos localizados no sul do estado, conhecido pelo alto índice de incêndios florestais.

Em 2023, o mês de outubro registrou o maior nível de poluição do ar em Manaus, com uma concentração de monóxido de carbono de 53,6 ppm (partes por milhão). Na sequência, novembro apresentou uma concentração de 39,8 ppm, de acordo com o Relatório Mundial Sobre a Qualidade do Ar. Esta condição foi causada devido ao número de queimadas registradas no período da seca histórica no ano passado.

O Amazonas também registrou, no ano passado, quase 20 mil queimadas, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Até novembro, foram contados 19.580 focos de calor, tornando o ano o segundo mais crítico desde o início do monitoramento pelo Inpe em 1998. O ano mais devastador foi 2022, com 21 mil focos de queimadas.

O Selva

O Selva é uma ferramenta abrangente que monitora diversas variáveis ambientais, incluindo, também, chuvas e descargas elétricas em tempo real. O sistema é desenvolvido pela UEA, por meio do Programa de Educação Ambiental sobre Poluição do Ar (EducAIR), com o apoio do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (Fuea) e da Fundação Cuomo.

Por: Carol Veras – Da Cenarium – De ruim a péssima: com fumaça, qualidade do ar cai mais ainda em Manaus (revistacenarium.com.br) 

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