MANAUS (AM) – Levantamento do Instituto Centro de Vida (ICV) determinou que 50% das áreas atingidas pelas queimadas no Mato Grosso pertencem ao bioma Amazônia. O Estado concentra três biomas: o Cerrado, que aparece no ranking em segundo lugar, com 34%; e o Pantanal, com 16%. A plataforma de monitoramento inclui mapas online, painéis de dados e mapas históricos, oferecendo uma visão abrangente sobre as ameaças ambientais.
Os dados foram levantados pelo sistema de Inteligência Territorial do ICV, com a colaboração do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Departamento de Terras e Registros (Dter), e divulgados nesta terça-feira, 2. A frequência de atualização do portal varia conforme o conjunto de dados. As principais ameaças monitoradas pelo portal são o fogo e o desmatamento.
O mapa detalha as principais áreas atingidas pelos incêndios, que ocorrem em maior frequência em territórios savanificados e pastagens. Áreas de floresta apresentam mais de 71 mil hectares atingidos pelas chamas, cerca de 11% do total. Ano passado, o portal indicou picos de incêndios fora de época.
Um dos responsáveis pelo sistema de inteligência territorial, Vinícius Silgueiros, relatou que “a maioria dos incêndios, em 2023, aconteceu no mês de maio, mas geralmente esse aumento acontece a partir de agosto”.
Conforme o painel, as queimadas em áreas indígenas representam 17% de 644 mil hectares. As áreas mais atingidas não estão cadastradas em nenhum órgão governamental, que incluem estradas e regiões próximas a rios. Entre os três municípios mais atingidos pelas ocorrências estão Cáceres, com 11%; Tangará da Serra, com 10%; e Poconé, com 6%. Queimas controladas são permitidas em imóveis rurais, e 14% dos registros ocorreram em áreas com autorização.
Dados
O ICV trabalha com a agricultura familiar e realiza a tipologia fundiária utilizando dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com isso, conseguem medir onde estão ocorrendo desmatamentos e queimadas.
O Instituto também acessa bases de dados da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do Estado, do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Sistema Nacional de Cadastro Rural (Sincar).
O Instituto utiliza geotecnologias para promover uma compreensão integrada da dinâmica territorial. Essas ferramentas são aplicadas no planejamento do uso do solo e dos recursos florestais, embasando práticas produtivas sustentáveis e monitorando as transformações da paisagem, com foco nas perdas e ganhos de floresta.
Incêndios no Pantanal
Após a temporada de fogo em novembro do ano passado, o Pantanal voltou a ficar sob alerta. Entre janeiro e o início de junho de 2024, os focos de incêndio no bioma aumentaram 974% em comparação com o mesmo período de 2023.
Os dados são do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Atualizada diariamente, a plataforma mostra que, até o dia 4 de junho, o bioma registrou 978 focos, em comparação com 91 focos em 2023.
O acumulado deste ano é o segundo maior dos últimos 15 anos, ficando atrás apenas de 2020, quando foram registrados 2.135 focos. Naquele ano, cerca de 30% do bioma foi consumido pelas chamas.
O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) reportou que o Rio Paraguai, o principal da região, apresenta os menores níveis históricos. Desde o início do ano, a estação de medição de Porto Murtinho (MS) registrou alturas abaixo de 250 cm, enquanto o normal varia entre 250 e 550 cm no período.
O governo federal anunciou, em junho, o lançamento de um pacto com governadores do Pantanal e da Amazônia para combater incêndios, devido às projeções de seca intensa para os dois biomas. A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, afirmou que o governo precisará de recursos extraordinários para a contratação de brigadistas e a implementação de políticas de prevenção.
Conteúdo na íntegra, gráficos, mapas disponíveis em: AGÊNCIA CENARIUM
Carol Veras – Da Cenarium
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