“Não tem nenhum dinheiro que pague isso”, declarou a militar emocionada a bordo do Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) “Dr. Montenegro”

Médica da Marinha apresenta o recém-nascido a mãe após o parto – Imagem: Comando Operacional Catrimani II – Fonte: Agência Marinha de Notícias

A Marinha do Brasil, por meio dos militares embarcados no Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) “Dr. Montenegro”, realizou, ontem (24) o parto de uma criança indígena na comunidade do Caju, situada na Terra Indígena Yanomami. Esta é a primeira vez que um Navio Hospitalar consegue navegar pelo Rio Catrimani e prestar atendimentos a bordo dentro da Terra Indígena Yanomami. Anteriormente, os militares da Marinha tinham que ser transportados por lancha para oferecer os atendimentos.

Após serem acionados pelos moradores da comunidade, os militares deslocaram-se ao local e encontraram a mãe caída no chão em uma área de mata, já em trabalho de parto. Os primeiros atendimentos ocorreram no local, e a mãe foi levada a bordo do navio, onde o bebê, da etnia Yanomami, nasceu de parto normal, com 2,852 kg e 48,5 cm. Tanto o bebê quanto a mãe estão estáveis e continuam sendo acompanhados pela equipe de saúde do Navio, que está abarrancado na comunidade.

A Primeiro-Tenente Danielle Costa, pediatra a bordo, descreveu a experiência. “Ao chegar lá, o bebê já tinha nascido na terra e a mãe estava sozinha, esperando ainda o nascimento da placenta. Nós a assistimos, ela estava cansada e há muito tempo naquela posição. Comunicamos que íamos pegar o bebê para fazer a higiene e o clampeamento do cordão umbilical da forma mais segura. Higienizamos o cordão, clampeamos e mostramos para ela que íamos cuidar do bebê, trazendo-o para o navio onde fizemos a higiene completa e demos toda a assistência pediátrica, incluindo pesar, medir e testes de triagem possíveis a bordo”.

Danielle também compartilhou a emoção de participar de um momento tão especial. “Foi para isso que eu vim para a Marinha. Não tem nenhum salário ou consultório fora que vai proporcionar isso. Só a Marinha traz a gente aqui. Não tem como viver isso de outra forma. Não tem nenhum dinheiro que pague isso. E eu sou pediatra para isso, para cuidar dessas crianças que precisam”.

Subordinado ao Comando da Flotilha do Amazonas, o “Dr. Montenegro” faz parte da Força Naval Componente e atua, desde o dia 12 de julho, em prol da Operação “Catrimani II”. O navio já atendeu comunidades de Paraná da Floresta, Carvoeiro, Moura, Tupanaoca e Santa Maria do Boiaçu. Até o momento, 383 pessoas, entre povos originários e ribeirinhos, foram atendidas, totalizando 4.208 procedimentos e distribuindo 13.400 medicamentos.

Outras ações de assistência hospitalar

Já no período de 9 a 19 de julho, o NAsH “Soares de Meirelles”, acompanhado da Lancha “Multirum IV”, da Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental, e de duas Lanchas de Apoio ao Ensino e Patrulha (LAEP) também realizou atendimentos na Terra Indígena Yanomami.

Durante todo o período, foram realizados 508 atendimentos e diversos procedimentos médicos e odontológicos nas Comunidades Panacarica, Tupanaú, Sacaí, Vista Alegre, Caracaraí, Santa Maria do Boiaçu, Canauini e Vila Cachoeirinha (RR), além das comunidades indígenas de Caju, Curral e Tabatinga.

Comando Conjunto Catrimani II

A Operação CATRIMANI II é uma ação conjunta entre órgãos de Segurança Pública, Agências e Forças Armadas, em coordenação com a Casa de Governo no Estado de Roraima, no emprego, temporário e episódico, de meios na Terra Indígena Yanomami, em cumprimento à Portaria GM-MD N° 1511, de 26 de março de 2024, que visa agir de modo preventivo e repressivo contra o garimpo ilegal, os ilícitos transfronteiriços e os crimes ambientais.

Fonte: Agência Marinha de Notícias – Médica da Marinha faz parto de emergência em Terra Indígena Yanomami | Agência Marinha de Notícias