Em entrevista coletiva realizada na última quarta-feira (03/07), que contou com a participação das ministras de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou os dados mais recentes do DETER-B e do PRODES, que fazem parte do Programa de Monitoramento do Desmatamento (BiomasBR).
A apresentação feita pelo INPE, representado na ocasião pela pesquisadora Silvana Amaral e pelo Coordenador-Geral de Ciências da Terra, Gilvan Sampaio, revela uma significativa redução no desmatamento da Amazônia, do Cerrado e da Mata Atlântica.
Dados do DETER-B para a Amazônia e o Cerrado
O sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER-B) do INPE registrou quedas expressivas nos dados de desmatamento para o primeiro semestre de 2024:
- Amazônia: A área sob alertas de desmatamento caiu 38% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, totalizando 1.639 km², a menor desde 2018. Em junho de 2024, a redução foi de 31% (457 km² em comparação a 663 km² no ano anterior). De agosto de 2023 a junho de 2024, a área sob alertas de desmatamento foi de 3.644 km², representando uma redução de 51% em relação ao mesmo período de 2022-2023.
- Cerrado: No primeiro semestre de 2024, houve uma queda de 15% na área sob alertas de desmatamento, totalizando 3.724 km² em comparação com 4.396 km² no mesmo período do ano anterior. Em junho de 2024, a redução foi de 24% (662 km² em comparação a 875 km² no ano anterior). No entanto, de agosto de 2023 a junho de 2024, a área sob alertas de desmatamento no bioma aumentou 15%, totalizando 6.571 km² em comparação com 5.735 km² no período anterior.
Os dados indicam uma redução contínua do desmatamento na Amazônia e uma tendência inicial de diminuição no Cerrado, o que sugere uma consistência na queda do desmatamento.
Resultados do PRODES para a Mata Atlântica
O Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES) do INPE também indicou avanços significativos na preservação da Mata Atlântica. Entre agosto de 2022 e julho de 2023, houve uma redução de 25,9% no desmatamento deste bioma, totalizando 765 km², a menor área desmatada desde o início da série histórica em 2001.
Esta redução ocorre após anos de crescimento acelerado do desmatamento na Mata Atlântica: em 2020, foram desmatados 790 km² e, no ano seguinte, 927 km². Em 2022, o desmatamento ultrapassou a marca dos 1.000 km², mas agora houve uma queda de quase 26%, representando um feito significativo para este bioma, que é um dos mais ameaçados do país.
Três quartos do desmatamento registrado no período de agosto de 2022 a julho de 2023 concentram-se em cinco estados: Minas Gerais (22,8%), Bahia (21,9%), Rio Grande do Sul (11%), Santa Catarina (10,6%) e Paraná (10,3%).
“As principais regiões estão na área entre o norte de Minas Gerais e no sul da Bahia, além do Rio Grande do Sul”, disse Silvana Amaral, pesquisadora do INPE.
De acordo com o INPE, 71,6% da vegetação nativa da Mata Atlântica foi desmatada especialmente pela exploração durante os ciclos econômicos brasileiros, bem como pela construção de rodovias e ferrovias, pelo avanço da pecuária e da expansão urbana. E estima-se que cerca de 70% da população brasileira vive hoje em território deste bioma.
Assista aqui à entrevista coletiva.