Popular – Público

Mais uma vez tenho a honra de repercutir um artigo de meu Caro Mestre Higino Veiga Macedo.

Intelectualidade Metafórica 

As ciências e os axiomas não admitem METÁFORAS. Metáforas são recursos para harmonizar poemas, romances e contos usados segundo os sentimen­tos poéticos dos autores. Higino –  28 de maio de 2024

Nas consultas a dicionário há sempre referências ao latim, ou o vulgar, usado pela plebe, ou o latim clássico, usado nos tratos eruditos escritos e falados. E esse erudito fez chegar à civilização ocidental muitas palavras que, pela pureza de significados ainda persistem intactos e fundamentais. É o que se vê na ciência. E erudito, também, se mantiveram o “latim eclesiástico e canônico” até hoje na Igreja Católica.

As línguas descendentes do latim, há muito comento, não foram evoluções particularizadas por “serem vivas e dinâmicas” como se justifica, sem critério. A degenerescência de hoje é a que aconteceu com latim, em sua degeneração do clássico para o vulgar

E como? Os soldados romanos, os escravos, os não patrícios eram formados de povos de diversas regiões conquistadas sentiam dificuldades de sua língua mãe a adaptar-se ao latim. Vulgarizavam as pronuncias e seus significados por não deter o saber clássico e adaptavam-no ao seu estilo de pronuncia.

Seguindo os antecedentes, até o hoje o português sofre de degenerações de significados e significantes. Por motivos de elegâncias nas escritas há o exagero do uso de figuras de linguagens. A que mais noto é a METÁFORA.

E por isso, os textos legais que “deveriam guardar pureza de significados” é uma eterna bagunça linguística. Todos os dias se criam significados novos para palavras velhas usando os neologismos metafóricos e estrangeirismos desnecessários, já com deformação evolutiva, para justificarem suas pós-graduações no estrangeiro.

Qual a consequência? As leis precisam de intérpretes.

Qual o requisito para intérprete? Nenhum, basta ser indicado pelo Executivo, um dos “poderes de governo”, para criar o outro poder de governo, o Judiciário com a aprovação do outro poder de governo o Legislativo, cujos poderes unidos aparecem em algum texto como O PODER DA UNIÃO ou A UNIÃO E SEUS PODERES. Apenas para registro: no sistema republicano, a maior autoridade é o Presidente da República que representa a Nação e não o Estado, ser imaterial, abstrato sem resposta aos órgãos do sentido, Isto é, “intangível”. Daí eu afirmar que há Chefe de Nação e não Chefe de Estado. A Nação é viva o Estado não.

Mas essa meia página apenas para tentar justificar os significados, deteriorados, de duas palavras, podendo até ser três, com deterioração desde o latim. Pior que os “metaforeiros” (com aspas, negrito e sub linha) deformam até significados de palavras de obras clássicas quando eles agem na tradução e ou interpretação dos significados antigos para justificar suas metáforas novas e assim novos significados que o autor original jamais imaginaria que um dia teria.

As palavras são as do título: Popular – Público.

Popular

Se for aos dicionários, vai aparecer a chorumela de populus em latim e que vale pra popular, povo, população, público. Buscando em Elucidário, e um dos melhores é o de Joaquim de Santa Rosa VITERBO, nota-se que a palavra em latim [popŭlo,as,āvi,ātum,are] pode ser verbo – popular, com significado de “povoar”; e pode ser adjetivo vindo do “ante positivo latino” popŭlu, i [povo, conjunto de cidadãos; aquela faixa de pessoas  que se posiciona ao mesmo tempo entre o Senado (abaixo) e à plebe (acima)] e tem infinidades de acepções. Hoje a acepção usada é a de ralé, massa, plebe, proletário. Os marxistas insistem em significa-la como “população”.

Ao se tomar o verbo, parece, muito arcaico e em desuso.

Ao se tomar o ADJETIVO, se entende o uso indevido da palavra, quando usada em: governo popular; movimentos populares; poder popular; cultura popular. A palavra em sua origem já estratificada os habitantes em seguimentos, como o adotado após o renascimento vindo também do latim: classes [classe, divisão, conjunto dos cidadãos romanos divididos em categoria segundo o censo] – (Houaiss UOL).

Público 

Origem, claro no latim publicus = palavra oriunda do grego polis (que deriva do grego arcaico politikum = aquele, aquilo que pertence à polis):

  Relativo ou pertencente aos habitantes, administrado pela população de um país; 

  O que se destina a população (povo + imigrantes). O que é não privado (particular) e nem estatal; 

Bem poucos países usam esta palavra com pureza de significado. Talvez os ingleses. Aos ingleses, as equipes de futebol, que tem sócios, é pública; a estação de TV que sobrevive com doações – BBC, é pública; as igrejas de diferentes credos é pública. Pública porque não é ESTATAL e nem PRIVADA. E, ali, há o controle ESTATAL do que é PÚBLICO. Há que se prestar conta dos gastos com numerário do Público. Assim como, os órgãos do Estado prestam contas dos numerários do Estado.

Portanto, a maioria confunde público com ESTATAL. Poucos diferencia público do PRIVADO.

No Brasil, somos uns dos que confundem os dois conceitos. Aqui o orçamento do Estado, planejado pelo Governo, para o bem estar da Nação é público; o funcionário do Estado (faz o Estado funcionar) é funcionário público, a serviço da nação, daí ser servidor.

Isso leva a pensar em Platão. Quando não se tem o perfeito entendimento da palavra, do objeto, da ideia, cada um entende como lhe convém, age como lhe convém e defende argumentos que lhe convém. Se se fala de “instrumento de cozinha branco” devo definir que falo de fogão pois o interlocutor pode achar ser geladeira. Nunca nos entenderemos. Pena que não temos um dicionário, uma academia, oficiais, que zelassem pelos significados que interessam à Nação e assim, se perpetuaria como cultura, tradição… o farol que ilumina o proceder individual quando estabelecido. Desse modo, cada termo tenha sua definição o que evitaria as “saladas de frutas” em particular dos legisladores, dos operadores das leis, dos cumpridores das leis.

Duas palavras: Popular e Público, aparentemente simples, com significados distorcidos pelos excessos metafóricos, no mínimo.

Higino Veiga Macedo.

Por: Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 07.06.2024 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

O Canoeiro Hiram Reis e Silva

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP);
  • E-mail: hiramrsilva@gmail.com

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