No silêncio da casa ribeirinha entrelaçada à verde mata não há espaço para a xenofobia de fronteira. Não há no aconchegante lugar, espaço para a truculência humana doentia e não há um sentimento odioso e pugnaz que amedronte a natureza vivificante.

Foto: Marquelino Santana

A tenaz família ribeirinha não é tacanha, nem subserviente a sociedade envolvente reacionária que procura ameaçar e destruir o bem viver e seus tradicionais modos de vida. A perniciosidade humana atenta cotidianamente contra os valores éticos e morais dessas coletividades, ferindo o imaginário coletivo, exterminando as suas sagradas ancestralidades e obliterando de maneira malevolente as relações ontológicas entre essas briosas populações e a mãe terra em agonia.

A mendacidade de muitos agentes com seus projetos capitalistas neoliberais desenvolvimentistas, torcem de forma ardilosa para o malogro das minorias étnico-raciais e para a derrocada humana de seus sagrados direitos constitucionais vigentes. Dessa forma o labéu dos lacaios, e usurpadores das riquezas florestais, continuam usufruindo de forma ilegal e criminosa dessas riquezas, provocando com suas ações horripilantes o etnocídio planetário da humanidade.

Para o escritor João de Jesus Paes Loureiro, uma das características desse modelo capitalista na Amazônia tem sido as profundas transformações que imprime à natureza, à paisagem e ao homem, na medida em que o sistema de vida é radicalmente conflitado. Segundo no diz Loureiro, é um modelo que leva ao desapossamento do homem, a uma ação desnaturadora da paisagem e seu entorno cultural.

A materialidade e a imaterialidade poetizante dos povos da floresta com seus saberes originários e tradicionais não podem cair no mais fútil apagamento ou na invisibilidade social desejada pela força delituosa do capital exacerbado. O sentimento e o pertencimento de lugar precisam prevalecer no encantatório mundo das singularidades e pluralidades das coisas da Amazônia.

Por: Marquelino Santana

FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor

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