Jornada Patriótica – 2ª Perna
Jaguarão é conhecida como “Cidade Heroica”, o texto a seguir, também retirado de Zero Hora, de 1996, esclarece o porquê de tal denominação:
A Cidade Resiste ao Cerco
A data de 27.01.1865 talvez seja mais importante para os jaguarenses do que a fundação da Vila [06.07.1832]. Naquele dia, uma força composta por dois corpos da Guarda Nacional resistiu durante 48 horas a uma tentativa de invasão do território brasileiro por mais de 1,5 mil homens do exército uruguaio. Sitiada e em desvantagem bélica, a guarnição comandada pelo Coronel Manoel Pereira Vargas acabou vencendo o inimigo no cansaço.
O episódio rendeu ao município o título de “Cidade Heroica” e ao Brasil, a demarcação das fronteiras à margem esquerda do Rio Jaguarão.
Nenhum general esperava por aquele ataque surpresa. A atenção dos militares brasileiros estava concentrada na tomada de Paysandu – cidade uruguaia. “Os blancos prepararam o cerco de Jaguarão para desviar a atenção de nossos exércitos”, considera o advogado Eduardo de Souza Soares, 52 anos. Um relatório escrito pelo próprio Coronel Vargas no dia 18.05.1865 faz uma síntese dos acontecimentos.
“No dia 19 de janeiro, recebi participações do movimento de forças crescidas dos blancos que se aproximavam do Cerro Largo no Estado Oriental”, noticiou o oficial.
Enviado pelo uruguaio Basilio Muñoz, o exército uruguaio era mais de três vezes superior aos 15° e 28° corpos de cavalaria da Guarda Nacional. “A nossa força era cerca de 500 homens, que tinham apenas 60 ou 70 clavinhas de fuzil”, escreveu Vargas. Derrota na certa. Mesmo assim, o Coronel tratou de preparar Jaguarão para o combate. Pouco depois das 09h00 do dia 17, o confronto teve início com vantagem para o lado “blanco”.
“As balas do inimigo passavam além da nossa coluna, ao passo que as nossas pouco alcançavam as suas fileiras, devido à inferioridade do armamento”, lamentou o oficial brasileiro. O Comandante percebeu que o melhor ataque seria a defesa. Recuando para as trincheiras, a pequena força resistiu. Vargas recusou todas as propostas de rendição. Com a ajuda dos vapores de guerra Apa e Cachoeira ‒ ancorados no porto ‒ o Coronel e seus soldados viraram a noite na defesa da cidade. Na madrugada, os uruguaios estavam derrotados. “Na noite de 27 para 28, retirou-se o inimigo praticando toda a sorte de atentados”, descreveu o Coronel. Com apenas um morto e cinco feridos, a guarnição tinha evitado a invasão do Brasil. (FARRAPOS)
Domingo, dia 20.03.2016, partimos, às 07h00, debaixo de uma chuva constante e fria, a bordo do “Corais”, com destino à Foz do Jaguarão. Inicialmente eu pretendia continuar da Foz até a Ilha Grande do Taquari e em caso de mau tempo, aportar na Foz do Tacuari. Depois de 03h30, debaixo uma chuva fina e fria, que acompanhou-nos durante toda a viagem, e encarangados aportamos na velha casa de bomba d’água abandonada (32°38’15,1” S / 53°11’51,3” O) à margem esquerda do Rio Jaguarão onde acantonamos, em virtude do mau tempo. A proteção da chuva a qualificava como excelente abrigo.
Relato Pretérito ‒ Rio Jaguarão
Domingos de A. e Silva (1865)
Jaguarão (Rio de –). Nasce na serra de Aceguá, por diversos braços, e deságua na Lagoa Mirim, […] É navegável por vapores até cinco léguas acima da sua Foz, e sobre suas margens e as de seus afluentes existe grande abundância de carvão de pedra, cujas minas trata-se de explorar como já dissemos quando tratamos do Candiota. (SILVA)
Jaguarão ‒ I. G. do Taquari (21 a 22.03.2016)
A confusão começou durante uma apresentação do espetáculo “Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos” na noite de sábado (19), em Belo Horizonte. Na metade do musical, o personagem de Botelho diz “era a noite do último capítulo da novela das oito”. Mas Botelho resolveu acrescentar e falou: “era também a noite em que um ex-Presidente ladrão foi preso”. Ele citou ainda “uma Presidente ladra”. […] Por meio de sua assessoria, Chico Buarque se manifestou dizendo que não vai mais autorizar o uso de suas canções no espetáculo.
(Redação ‒ Correio 24 horas, Salvador, BA, 21.03.2016)
Na madrugada desta terça (22), o Ministro Luiz Fux determinou o arquivamento de uma ação da AGU que pedia para o tribunal reverter a decisão de Gilmar que não só impediu Lula de assumir um cargo no governo Dilma, como determinou o envio das investigações envolvendo o petista para o Juiz Sérgio Moro no Paraná. (Redação ‒ Folha de São Paulo, SP, 22.03.2016)
Dia 21.03.2016, partimos rumo à Boca do Jaguarão, às 08h00. Fiz uma rápida parada na Foz para fotografar um dos marcos fronteiriços que estava totalmente fora d’água. Ao contornar a Ponta do Muniz, nossa rota foi alterada para SO e as vagas vindas do quadrante Este lancinavam a alheta de bombordo varrendo o convés do “Argo II”. Aumentei a distância da mão esquerda da pá do remo e procedi de maneira inversa com a mão direita evitando a relativa frenagem que resultaria do emprego do leme.
Paramos, para descansar, em um banco de areia frontal ao Lago Merín, onde reside o escritor Benedetti. Os ventos agora vinham de SE. Depois de alguns minutos, continuamos nossa jornada no rumo geral Sul, aproados diretamente para a Ilha Grande do Taquari enfrentando ventos de proa. Na Ilha, adentramos numa enseada já conhecida e montamos acampamento no mesmo lugar de nossa primeira jornada por estas plagas. À noite o vento rodou novamente, vindo agora de SO a 30 km/h, golpeando impiedosamente nossa barraca. Aguardamos uma pequena trégua, proporcionada pelo vendaval e pela chuva, para envolver a barraca com lona, caso contrário acordaríamos encharcados. Tinha percorrido 36,3 km.
² 1° Perna Total = 349,1 km.
² 2° Perna Parcial = 197,4 km.
² Total Parcial = 546,5 km.
Na terça-feira, dia 22, os ventos fortes forçaram-nos a permanecer na Ilha. Mudamos o acampamento para um local protegido dos ventos, aproveitei para secar o material e limpar os peixes. Como a quantidade de peixes era muito grande, fiz uma rápida moqueagem ([1]) de alguns deles para preservá-los para o consumo até o dia seguinte.
À tarde realizei um tour pela ilha e além da variada avifauna encontrei fêmeas de cágados que se dirigiam para as dunas para a desova.
Relato Pretérito ‒ Ilha de Taquari
Domingos de A. e Silva (1865)
Taquari (Ilha de –). Ilhas da Lagoa Mirim, situadas 5 léguas abaixo da Foz do Rio Taquari entre 32°53’ e 32°55’ de Latitude Austral e 10°12’ e 10°25’29” de Longitude Oeste do Meridiano do Observatório do Rio de Janeiro; são em número, de oito, sendo três grandes e cinco pequenas, e todas pertencentes ao Império. (SILVA)
Por: Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 20.05.2024 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.
Bibliografia
SILVA, Domingos de Araujo e. Dicionário Histórico e Geográfico da Província de São Pedro ou Rio Grande do Sul ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Casa dos Editores Eduardo & Henrique Laemmert, 1865.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
- Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
- Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
- Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
- Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
- Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
- Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
- Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
- Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
- Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
- Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
- Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
- Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
- Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
- Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
- Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP);
- E-mail: [email protected]
[1] Moquear: assar lentamente a pesca com o couro ou escama sobre um gradeado ou diretamente sobre as brasas. O processo permite que o produto possa ser consumido em até 7 dias.
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