Chegaram ao fim, nesta terça-feira (26/03), as atividades relacionadas a distribuição de cestas básicas, na Terra Indígena Yanomami (TIY), de mais de 36 aeronaves empregadas na Operação Catrimani, entre elas o C-105 Amazonas, o C-98 Caravan, o H-60L Black Hawk, o HM-1 Pantera, o HM-2 Black Hawk, o HM-4 Jaguar e o UH-15 Super Cougar. A atuação de forma coordenada e em apoio mútuo propiciou que esses vetores alcançassem 2400 horas de voo, entregando 360 toneladas de suprimentos a 236 comunidades da TIY. Além disso, também foram realizadas cinco missões de Evacuações Aeromédicas (EVAM) e, ainda,  apoio às ações da Polícia Civil (PCRR) e da Polícia Federal (PFRR) do Estado de Roraima.

Os 374 militares da Marinha do Brasil (MB), do Exército Brasileiro (EB) e da Força Aérea Brasileira (FAB) envolvidos na Operação atuaram de forma intensa no apoio logístico para fornecer assistência humanitária às comunidades indígenas (CI) da TIY, conforme a Portaria GM-MD nº 263, de 16 de janeiro de 2024, que regulamenta o emprego temporário e episódico das Forças Armadas, em caráter emergencial, na região.

No mesmo dia, durante uma coletiva de imprensa realizada no Sexto Batalhão de Engenharia de Construção (6º BEC), em Boa Vista (RR), foi apresentado um balanço geral com dados positivos da Catrimani I, que atingiu com pleno êxito a meta estipulada pela Portaria que a originou e que regulamentou a distribuição de 15.000 cestas de alimentos às comunidades da TIY. “Desde o ano passado, também em operações emergenciais, juntamos os nossos esforços e em coordenação com as Agências e Órgãos de Segurança conseguimos resultados muito positivos. Na Catrimani I continuamos com esse propósito. E os resultados apontam que alcançamos o objetivo dessa fase. Minhas palavras são de agradecimento a todas as equipes, as Agência e Órgãos de Segurança”, ressaltou o Comandante do Comando Operacional Conjunto (COpCj) Catrimani e do Comando Militar da Amazônia (CMA), General de Exército Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves.

Em complemento, o Chefe do Estado-Maior do COpCj Catrimani, Brigadeiro do Ar Eduardo Miguel Soares, pontuou a importância do trabalho em conjunto para a conquista dos resultados positivos. “O sucesso dessa Operação se deu, primordialmente, devido à sinergia entre as Forças Armadas, a FUNAI e os Órgãos de Segurança. Porque o trabalho sendo feito de forma coordenada permite que a entrega de cestas seja feita com ainda mais eficiência e chegue em todas as comunidades indígenas da TIY, conforme o planejamento da FUNAI. Os números expressivos, da Operação, após finalizarmos a Operação, demonstram o compromisso das Forças Armadas em garantir o apoio logístico às comunidades indígenas”, ressaltou o Chefe do Estado-Maior do COpCj Catrimani, Brigadeiro do Ar Eduardo Miguel Soares.

Complexidade da Operação

É importante destacar que, apesar de ter um objetivo claro e definido, todos os processos da Catrimani I precisaram ser minuciosamente planejados e executados, com base em uma logística mais complexa do que se possa imaginar. No que diz respeito à entrega de cestas de alimentos por  lançamentos de cargas – chamados de ressuprimentos aéreos – por exemplo, a coordenação entre Forças Armadas, Agências, Base Aérea de Boa Vista (BABV) e os Pelotões Especiais de Fronteira (PEFs) foi imprescindível para garantir a eficácia da ajuda humanitária na TIY.

Isso porque para executar esse tipo de atividade, as cestas de alimentos, após serem disponibilizadas na BABV, pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), passaram por toda uma preparação que inclui serem condicionadas no método CDS (do inglês Container Delivery System), equipadas com paraquedas e, por fim, lançadas no 4ª Pelotão Especial de Fronteira, em Surucucu (4ª PEF), por meio do C-105 Amazonas, da Força Aérea Brasileira (FAB), uma das aeronaves empregadas na Operação. Todo esse trabalho de montagem das cestas foi realizado pelo Batalhão de Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e Suprimento pelo Ar (B DOMPSA), que inclusive também atuou no recolhimento do material em solo, após os lançamentos.

“O especialista DOMPSA embarcado realiza diversos procedimentos, configurados em função de mestre de lançamento (ML) e auxiliar de mestre de lançamento (Aux ML). Já o especialista DOMPSA em solo, denominado Chefe da equipe de Terra (Ch Eqp Terra), dentre várias atribuições, é responsável pelas atividades de segurança, sinalização, informações, recolhimento de cargas e retraimento da Zona de Lançamento (ZL), fazendo os paraquedas, deslizadores e voltarem ao local de montagem”, destaca o Chefe do 2º Contingente do Destacamento B DOMPSA na Operação Catrimani, Tenente Aldo Melo de Lima Junior.

Pelotão Especial de Fronteira (PEF)

Como parte da Operação, o 4º PEF, em Surucucu, sediado a mais de 350 km de Boa Vista (RR), foi um importante ponto estratégico, não apenas para a distribuição das cestas de alimentos às aldeias indígenas, mas também exerceu um papel fundamental quanto ao abastecimento das aeronaves engajadas na Catrimani. Uma vez que, na lateral da pista de pouso do aeródromo, foram posicionados dois tanques flexíveis de combustível com capacidade de 10.000 litros cada e motobombas para viabilizar o abastecimento. Dos PEF, os suprimentos eram distribuídos às aldeias por meio de helicópteros.

Vale ainda destacar que o 5º Pelotão Especial de Fronteira (5º PEF), sediado em Auaris, também se engajou na Catrimani para prover apoio logístico à distribuição de suprimentos às comunidades indígenas.

Esquadrões em ação

Com perfis distintos e doutrinas específicas, os 12 esquadrões aéreos empregados na Operação, atuaram sob uma cuidadosa coordenação do COpCj Catrimani para atingir o mesmo propósito: prestar assistência humanitária a todas as aldeias indígenas da TIY apontadas pelo planejamento da FUNAI, entre elas Macaxeira, Auris, Xirimihik II, Onkiola, Surucucu, Palimiú, Parima, Kuratanha, Kalissi Posto, entre outras.

“Agradeço todos os esforços, inclusive das ações no ano passado, para que a população indígena pudesse restabelecer o seu modo de vida. Quanto a Catrimani I, digo com muita certeza, que conseguimos atender toda a região crítica de Auaris e Surucucu. Não temos notícia de nenhuma comunidade que não tenha recebido apoio. O que podemos perceber é que eles conseguiram abrir muitas roças a partir dessas entregas. Então, a partir disso, podemos perceber que tem funcionado muito bem essa estratégia”, destacou a Coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’kuana da FUNAI, Elayne Rodrigues Maciel.

Quanto à operacionalidade dos esquadrões, o Comandante da Aeronave MAR7103, Capitão de Corveta (Fuzileiro Naval) do Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Norte da Marinha do Brasil (Esqd HU-41) Anderson de Oliveira Bragagnolo, destacou aspectos essenciais do vetor UH-15 Super Cougar, engajada na missão. “Sua capacidade de carga elevada, grande espaço interno e versatilidade forneceram um amplo espectro de opções para o seu emprego dentro da Catrimani. O Esquadrão HU-41 voou mais de 100 horas nessa Operação realizando ações, como o transporte de cerca de 60 toneladas de material, a entrega de mais de 2.300 cestas básicas; e a execução de evacuação aeromédica (EVAM)”, disse.

O piloto e Adjunto-Chefe da Seção de Comunicação Social do Quarto Batalhão de Aviação do Exército (4º BAvEx), Capitão Mateus Lima Peixoto Braga, evidenciou capacidades relevantes da tripulação engajada na missão. “Com suas aeronaves HM-1 Pantera, HM-2 Black Hawk e, mais recentemente, o HM-4 Jaguar, o Esquadrão Coronel Ricardo Pavanello esteve de prontidão, com a capacidade de atuar em qualquer ponto da Amazônia, seja de dia ou de noite. Essa capacidade foi fundamental e essencial na Catrimani, ressaltou.

A atuação da FAB na Operação se destaca pelo emprego de diversas aeronaves de asa rotativas e asas fixas, entre elas o C-98 Caravan, que possui capacidades elevadas para atuar nesse tipo de Operação. “O C-98 Caravan é uma aeronave muito versátil capaz de pousar em pistas curtas e não preparadas (sem pavimento). Ressalto que em cada surtida para a pista de Surucucu, conseguimos transportar até 700kg de suprimentos, podendo ser combustível, em apoio aos helicópteros, cestas básicas, pessoal e demais suprimentos em apoio à Operação”, destacou o Comandante de Aeronave do Primeiro Esquadrão de Transporte Aéreo (1ª ETA) – Esquadrão Tracajá, Tenente Aviador Fernando Henrique Miyagusiku Kanashiro.

Próximos passos

Após a Catrimani I, novos rumos estão sendo avaliados pelo Ministério da Defesa junto a Casa de Governo, Forças Armadas, Agências e Órgãos de Segurança (OMS). Em contribuição ao Plano de Ação Permanente na TIY, os próximos passos seguem em direção as ações fixadas pela Portaria GM-MD Nº 1511, de 26 Março de 2024, que regula o emprego, temporário e episódico, de meios das Forças Armadas, em apoio às ações governamentais na TIY. “Em coordenação mútua, teremos novamente uma organização conjunta para atuar em um objetivo comum: combate ao garimpo ilegal e prover segurança para que as equipes de saúde consigam chegar nas comunidades para realizarem seu trabalho. A Operação Catrimani I foi uma fase e esse trabalho será continuado, com outras logísticas e estruturas, que já estão sendo estudadas”, enfatizou o Diretor da Casa de Governo em Roraima, Nilton Luis Godoy Tubino.

Fotos: Ascom CMA/ CECOMSAER e 6º BEC (VER GALERIA DE FOTOS) 

Fonte: Comando Operacional Conjunto CATRIMANI – Forças Armadas fecham Operação Catrimani com entrega de mais de 300 toneladas de alimentos na TIY (eb.mil.br)  

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