A Fiocruz Rondônia intensifica ações de rastreio de doenças febris agudas, devido a uma preocupação que se acentua diante da alta endemicidade da região para mais de 150 tipos de arbovírus, catalogados na biodiversidade amazônica. Os arbovírus incluem os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela, que são mais conhecidos da população, além dos vírus mayaro e oropouche.

No período de 10 de janeiro a 06 de fevereiro deste ano, foram analisadas 452 amostras de pacientes atendidos na rede pública de saúde de Porto Velho (foto: Fiocruz Rondônia)

Considerando que o estado de Rondônia apresenta números elevados para doenças febris agudas, a Fiocruz faz o acompanhamento de casos suspeitos para caracterizar o perfil clínico e epidemiológico e identificar as principais arboviroses circulantes no estado. Os estudos são coordenados pelo Laboratório de Virologia Molecular, em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa-Porto Velho), com a Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz e com o Centro de Pesquisa em Medina Tropical de Rondônia (Cepem-Sesau).

No período de 10 de janeiro a 06 de fevereiro deste ano, foram analisadas 452 amostras de pacientes atendidos na rede pública de saúde de Porto Velho (RO), no Cepem-Sesau e nas policlínicas Ana Adelaide e José Adelino, abrangendo diferentes regiões do município. Todos os pacientes apresentavam quadro suspeito para doença febril aguda. Do total de amostras processadas para o período, 221 foram caracterizadas como positivas, sendo 22 para dengue (DENV-1) e 199 para oropouche (OROV).

Coordenadora do estudo, Deusilene Vieira acredita que este trabalho é importante para o entendimento do perfil epidemiológico e molecular para o acompanhamento dos casos, especialmente quando se tem um resultado expressivo de pacientes confirmados para o vírus oropouche, uma infecção que se confunde com a dengue pelos sintomas apresentados.

Segundo a pesquisadora, “em um cenário de limitações no rastreio das arboviroses, a inclusão do diagnóstico para oropouche e mayaro não apenas amplia a capacidade diagnóstica e o acesso da população à saúde pública, mas também facilita a avaliação de casos febris agudos de origem desconhecida, permitindo que gestores públicos avaliem as ações de controle e vigilância em suas localidades”.

Este trabalho tem o financiamento dos editais Inova Amazônia e Amazônia+10, e conta ainda com o apoio do Instituto Nacional de Epidemiologia na Amazônia Ocidental (INCT-EpiAmO).

Monitoramento ampliado

Para dar reforço ao diagnóstico de doenças febris agudas causadas por arbovírus na região, a Fiocruz Rondônia ampliou parcerias com Secretaria Municipal de Saúde de Humaitá, município localizado ao sul do Amazonas. As parcerias representam o compromisso mútuo entre as instituições para o fortalecimento das ações de vigilância e atenção à saúde da população – principalmente aquelas localizadas em regiões mais distantes – buscando oferecer respostas mais precisas e diagnóstico adequado aos casos suspeitos.

A secretária municipal de Saúde de Humaitá, Sara dos Santos Riça, destacou a presença da equipe de pesquisadores da Fiocruz no município, alertando para a necessidade de um trabalho de rastreio das arboviroses, “só assim poderemos ter informações mais precisas sobre a prevalência dos casos em nosso município e atuar de forma mais abrangente no enfrentamento dessas doenças”, reforçou.

Em Humaitá, a Fiocruz Rondônia realizou capacitação com profissionais da saúde (30/1), enfocando especialmente nos vírus mayaro e oropouche e as suas características clínicas em relação a outras arboviroses consideradas endêmicas na Amazônia. Foi realizada ainda busca ativa em comunidades rurais do município nos distritos de Cristolândia e Realidade, e coleta de amostras biológicas de pacientes com suspeita para arboviroses.

José Gadelha (Fiocruz Rondônia)Agência Fiocruz de Notícias