O harmonioso e embelecido mundo das águas torna-se mais fabuloso e fascinante quando a natureza estetizante nos presenteia com um encontro deslumbrante de cores líquidas entre as correntezas dos rios Mamu e Abunã na Amazônia brasileiro – boliviana.
O encontro intermulticultural ensina a humanidade como viver com tolerância e brandura e como viver sem altercação, insolência e xenofobia. Nesse colossal e brioso entrelaçamento da floresta brasiviana, as águas escuras do Mamu se imbricam com as águas amareladas do Abunã, e nesta transcendental comunhão de complacência e suntuosidade da fronteira transcendental, elas brilham de forma prodigiosa, ensinando as nações à viverem sem mácula, ódio ou conspiração doentia.
O rio Mamu nasce no Município de Santa Rosa del Abuná, atravessa radiante o Município de Ingavi até chegar a sua foz no Município de Santos Mercado. Os três municípios pertencem ao Departamento de Pando na Bolívia. Depois de percorridos aproximadamente 164 km, esse caudaloso rio despeja suas águas inebriantes no rio Abunã, mais especificamente na Região da Ponta do Abunã – Município de Porto Velho – Rondônia – Brasil.
A empatia sublime e encantatória das águas brasivianas tem na alma de suas coletividades tradicionais uma divinal heterotopia de pertencimento de lugar. O lugar com suas simbologias e representações apropria-se viscosamente de suas encantarias florestais, de suas memórias coletivas e dos sentimentos de enraizamento sócio – linguístico – cultural de seus devaneantes modos de vida.
O encontro das águas afasta da alma humana os estereótipos e estigmatizações oriundos de um marco divisor xenófobo e reacionário que mutila e fere os beneplácitos processos de paz entre os povos singulares e plurais da humanidade planetária.
Por Marquelino Santana
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