As consequências de um anátema desenvolvimentista e coercitivamente concentrador de capital fere profundamente o ecoequlíbrio amazônico. A ação predatória e afrontosa do homem, além de alimentar desregradamente o capitalismo ardil, provoca uma rede exacerbada e violentadora dos modos de vida das populações originárias e tradicionais da Amazônia em conflito.
Natureza, língua e cultura são no dia a dia extirpadas e hostilizadas pelo avassalador processo de desterritorialização das coletividades de seus suntuosos espaços vividos. Esse pugnaz e opróbrio processo condena o bem viver ao malogro e oblitera nocivamente o sentimento de perenidade do homem com a terra.
O ato de ser cosmopolita é perniciosamente alijado das divinais experiências vividas em detrimento ao insaciável ato do ter agonizante do capital. Esse clarividente antagonismo é visivelmente caracterizado pela exclusão das minorias étnico-raciais marginalizadas e pela implantação de um modelo de desenvolvimento econômico de concentração de renda globalizado e suas estratégias de exploração predatória da natureza que asfixia e viola o direito à vida e à dignidade humana.
O holocausto dos povos da floresta não cessa, o lugar outrora sagrado sobrevive fragmentado, enquanto os conhecimentos ancestrais são criminalmente enclausurados ou postos reacionariamente numa espécie de calabouço perpétuo da vida proibida de ser essencialmente vivida. O pensamento retrógrado do lucro exacerbado age como se fosse um tablado de execução pública da memória coletiva e um infortúnio desmedido e angustiante de execração ao bem viver.
Uma visão holística de mundo fortalece o enfrentamento à ignobilidade dos processos de degradação social e ecológica, e contribui briosamente para a sustentação de resistência e resiliência contra concepções estigmatizadoras que escabrosamente continuam afugentando saberes e desalojando almas.
Por: Marquelino Santana
FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor
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