MANAUS (AM) – Ouro, dinheiro e maquinário pesado são exibidos por garimpeiros na rede social Tiktok como forma de exaltar a atividade mineradora na região amazônica. A AGÊNCIA CENARIUM AMAZÔNIA fez uma busca na plataforma e encontrou uma série de vídeos que mostram o trabalho e a vida em áreas de garimpo.
Em imagens atribuídas à região de Cumaru do Norte, município do Sudeste do Pará, onde a extração de ouro ilegal se tornou alvo de operações da Polícia Federal (PF) neste ano, é possível ver o rastro de destruição causado no meio ambiente, como desmatamento, inundação de terras e assoreamento de rios – processo pelo qual o leito de um rio ou lago se eleva devido ao acúmulo de sedimentos e detritos.
Escavadeiras hidráulicas e bombas d’água, equipamentos de alto preço, também são exibidos como forma de mostrar a presença do garimpo na região. As hashtags #garimpo, #garimpodeouro e #trendgarimpo são as mais usadas nos vídeos.
Em uma das publicações, o autor da postagem escreveu: “O governo pode até tentar nos destruir, mas ‘nós’ é trabalhador e sem limite. O garimpo não para”. A frase faz alusão ao governo federal, que intensificou operações contra o garimpo ilegal desde o início do terceiro mandato.
As ações contra o garimpo ilegal neste ano já causaram prejuízo de R$ 1,1 bilhão em bens como máquinas, segundo levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgado em setembro pela organização Repórter Brasil.
A inutilização de equipamentos como tratores, escavadeiras, balsas, dragas, aviões e helicópteros, além de motores e barcos, é necessária quando não há condições logísticas para a retirada deles do terreno onde acontece a atividade garimpeira.
Garimpo em TI
Nos primeiros seis meses deste ano, os órgãos de repressão da força-tarefa do governo federal que atuam na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, destruíram 323 acampamentos de garimpo e 151 balsas garimpeiras. A atividade é considerada ilegal em áreas protegidas.
Maior território indígena do País, com 27.152 pessoas, a reserva vive uma grave crise sanitária que ganhou notoriedade em janeiro, causada pela presença de garimpeiros ilegais e que se tornou emergência de saúde pública. A região representa 4,36% do total de terras indígenas no Brasil.
A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças na região, gera violência, conflitos armados e aumenta o desmatamento e a poluição de rios, devido ao uso do mercúrio, o que traz prejuízos para a caça e a pesca dos povos tradicionais.
Adrisa De Góes – Da Agência Cenarium Amazônia – Editado por Jefferson Ramos – Revisado por Adriana Gonzaga- Republicação gratuita, desde que citada a fonte. AGÊNCIA CENARIUM – Agência Cenarium Amazônia (aamazonia.com.br)
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