Brasília (DF) – O Amazonas enfrenta a pior seca do século, com mais de mil focos de calor, rios virando desertos, populações isoladas que agora lutam para ter o que beber e comer. A estiagem prolongada agravada pelo fenômeno do El Niño é parte responsável pela situação que afeta mais de 500 mil habitantes. Mas não só ela. A falta de um planejamento preventivo dos governos desemboca em uma grave crise humanitária que já dura cerca de um mês e meio e afeta quase 99 mil hectares de áreas de influência de fogo.

Foto: Alex Pazuello/Secom. Postada em: AMAZÔNIA REAL

Em uma coletiva de imprensa na sexta-feira (13), o governo federal admitiu ter encontrado apenas 25 mil reais nos cofres para combater emergências desse porte, um legado bolsonarista marcado pela negação da crise climática. O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), autorizou a implementação de Medida Provisória como uma resposta à crise humanitária, que prevê recursos destinados diretamente para os municípios a partir de planos de trabalho ainda em execução.

Ações emergenciais já estão sendo implementadas, como o envio de 150 brigadistas adicionais, a aplicação de mais de 11 mil multas ambientais e o direcionamento de 35 milhões de reais do Fundo Amazônia para prevenção e combate a incêndios pelos brigadistas dos Corpos de Bombeiros estaduais. A implementação de um modelo de monitoramento da qualidade do ar, assim como a formulação de um inventário e plano estadual de emissões atmosféricas, evidenciam uma tentativa de resposta à crise em curso.

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, detalhou como o governo federal vem atuando para atenuar a crise. Em entrevista exclusiva à Amazônia Real, ele admite que é preciso “melhorar de forma contínua nossa capacidade de resposta”, já alertando que outras crises virão nos próximos anos.

A inércia governamental de Jair Bolsonaro (PL) em relação à política de prevenção das consequências da crise climática contribuiu para a escalada da atual catástrofe, em um cenário em que mais de 60 municípios se encontram em estado de emergência só no Amazonas. Governos estaduais aliados ao bolsonarismo facilitaram a vida de desmatadores, grileiros e invasores de terras indígenas, mantendo ativa a lógica destrutiva. Hoje, 73,5% dos focos de incêndio foram registrados em áreas já desmatadas.  “A seca está  tão intensa e a gente começou a ter fogo em floresta, sim, não apenas em áreas desmatadas”, alerta Agostinho.

Ex-deputado federal pelo PSB (de 2019 a 2023), Rodrigo Agostinho é biólogo, ambientalista e advogado. Ele já foi membro titular do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) por mais de 10 anos e ingressou pela primeira vez no Ibama como estagiário, nos anos 1990.

Por Tainá Aragão“Começou a ter fogo em floresta, sim”, alerta presidente do Ibama – Amazônia Real (amazoniareal.com.br)

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