MANAUS (AM) – Investigado por “esquentar” ouro (similar à lavagem de dinheiro) para organização criminosa de contrabando do minério ilegal extraído de terras indígenas, Werner Rydl, empresário austríaco, mas naturalizado brasileiro, também foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta-feira, 20, diz ser fundador de um País independente, localizado próximo à Foz do Amazonas.
Durante as ações na manhã dessa quarta-feira, 20, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 48 de busca e apreensão em seis Estados da federação. As investigações foram divididas em três operações das Superintendências da Polícia Federal do Amazonas, Roraima e Tocantins, que tinham como objetivo a desarticulação da quadrilha envolvida em diversos crimes, entre eles a extração ilegal de ouro, “esquentamento” do minério, falsidade ideológica e extravio de bens da União.
No Amazonas, a operação foi denominada “Emboabas”, focada na extração do ouro, comercialização e falsificação de documentos para a comercialização do produto. Em Roraima, a operação foi chamada de “Eldorado”, que investiga supermercados pela venda de produtos em troca de ouro ilegal extraído de terras indígenas na Venezuela, país que faz fronteira com o Estado. Em Tocantins, a operação foi batizada de “Lupi”, que ocorria pela extração e comercialização ilegal do ouro. Em todos os casos, os criminosos também atuavam na venda de ouro para outros países (exportação).
O empresário austríaco Werner Rydl, é um dos investigados nas três operações. Segundo a Polícia Federal, Werner alega ter patrimônio de R$ 20 bilhões em ouro declarado à Receita Federal. A quantia exorbitante estava sendo utilizada pela quadrilha no esquema de “esquentamento”. Rydl seria o responsável por emitir documentação de venda para os empresários responsáveis pela exportação do ouro ilegal.
O delegado chefe da Força-Tarefa de Segurança Pública Ambiental da Polícia Federal, Adriano Sombra, explicou a correlação entre o empresário de minério preso, identificado como Brubeyk Garcia Nascimento e Rydl. “Esse indivíduo possui um patrimônio declarado na Receita Federal de mais de R$ 20 bilhões em ouro. Então, foi identificado que ele utiliza essa quantidade exorbitante que ele afirma ter adquirido ao longo dos anos, para vender ouro como mercadoria para Brubeyk.“, explicou.
‘País independente’
À Polícia Federal, o investigado afirma ter fundado um País nomeado como “Seagarland”, com moeda própria baseada em gramas de ouro, que ele declarou ter juntado ao longo dos anos no Brasil. O território de Werner fica localizado próximo à Foz do Amazonas, entre os Estados do Amapá e Pará e possui 141.533 km².
A região próxima à Ilha do Marajó, localizada entre os Estados do Amapá e Pará, é conhecida pela sua biodiversidade. Lá é onde o Rio Amazonas deságua e se encontra com o mar Atlântico, formando uma diversidade biológica única no mundo.
O local têm se tornado centro de disputa entre a Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente. A empresa de economia mista entrou com pedido de exploração de petróleo em 2021, que até então está barrada pelos técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por não medir adequadamente os impactos para a região.
A empreitada de fundar seu próprio país teria começado ainda em 2014, quando Werner Rydl deu início à exploração mineral de áreas submarinas localizadas a 20 quilômetros da costa brasileira, em águas internacionais. Quatro anos após conseguir finalizar o projeto, em fevereiro de 2018, durante o governo de Michel Temer (MDB), o empresário conseguiu o registro do território como propriedade particular.
Conforme o site de Werner, o reconhecimento foi dado pelo Ministério de Planejamento, por meio da Secretaria do Patrimônio da União com o protocolo 7648022 e processo número 03154.015197/2018-53. A reportagem buscou informações sobre a concessão por meio dos números informados, mas não localizou a documentação nos portais do governo federal.
Além da fundação do Estado independente, Werner também é responsável pela criação da Seagar Gold Bank, a qual é responsável pela produção de vários minerais e organizar a moeda própria do “país” chamada de “Eternity”. A criação da moeda aconteceu a partir do transporte de montantes de ouro para a região, retirados de depósitos que Rydl afirma ter espalhados pelo Brasil.
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium Amazônia – Editado por Jefferson Ramos – Revisão por Gustavo Gilona – Austríaco cria País na Foz do Amazonas para armazenar ouro de TI Yanomami (revistacenarium.com.br)
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