Editorial da Science traz alerta dos co-presidentes do Painel Científico para a Amazônia, Carlos Nobre e Marielos Peña Claros, sobre a urgência com que a comunidade internacional precisa se engajar com o bioma
No início de agosto deste ano, uma cúpula de oito países amazônicos foi realizada em Belém, Brasil, onde discutiram o futuro da Amazônia. As nações reconheceram que a Amazônia está muito próxima de atingir um ponto crítico para se transformar em um ecossistema degradado. O resultado das discussões foi a Declaração de Belém, um plano ambicioso para proteger e conservar as florestas amazônicas e para apoiar os povos indígenas e as comunidades locais. A preocupação surgiu, no entanto, porque não conseguiram chegar a um acordo sobre atingir a desflorestação zero até 2030 e sobre evitar novas explorações de combustíveis fósseis na Amazônia. A Declaração também carece de indicadores específicos e mensuráveis. Os ministros das Relações Exteriores têm, portanto, um papel muito importante no aperfeiçoamento da agenda e dos prazos para que a Declaração de Belém possa ser implementada.
Por mais de três décadas, a ciência apontou para os riscos de a Amazônia atingir um ponto crítico. Vários estudos recentes demonstram agora quão próximo está: a estação seca no sul da Amazônia prolongou-se entre 4 a 5 semanas ao longo dos últimos 40 anos, a mortalidade de espécies de árvores que gostam de umidade aumentou e a perda de árvores está a transformar as florestas em uma fonte de carbono em vez de um sumidouro de carbono.
A Amazônia é um sistema integrado em diversas escalas espaciais e temporais. Por exemplo, o transporte de vapor de água na atmosfera (os chamados “rios voadores”) transporta água dentro da Amazônia, bem como da Bacia Amazônica para outras partes da América do Sul. Até 40% da precipitação na Amazônia ocidental e nos Andes depende da água que é reciclada pelas florestas na Amazônia oriental e central. À medida que a precipitação gerada por esses rios voadores diminui com o desmatamento, as decisões tomadas no Brasil em relação ao desmatamento têm implicações para outros países amazônicos e para a América do Sul em geral. É necessário olhar primeiro para a Amazônia a partir de uma perspectiva regional, para melhor conceber soluções integradas. Um enfoque regional da Declaração de Belém é, portanto, um passo fundamental para a sua implementação.
Leia a íntegra: Science – A regional approach to save the Amazon | Science
PUBLICADO POR: JORNAL DA CIÊNCIA – Edições – Jornal da Ciência (jornaldaciencia.org.br)
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