A Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet) e membros da Comunidade Quilombola do Igarapé Preto, em Oeiras do Pará,  realizam de 19 até 22 de setembro, das 18 às 21:30 horas, na Escola Municipal Zumbi dos Palmares, localizada na BR – 422, S/N, duas oficinas de capacitação, sendo uma voltada para a construção de um “Plano de Negócios Modelo de Decisão Effectuation” e  outra sobre Marketing Digital.

Oficina de plano de negócio marketing digital

As ações integram o Projeto de Pesquisa Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Remanescente do Quilombo do Igarapé Preto e contam com o suporte operacional da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp).

As inscrições para as capacitações podem ser feitas por dois links: Plano de Negócios: https://forms.gle/nCyPzhk5XABQxVeY6; e Marketing Digital: https://forms.gle/r3V1HkXVHfLTrHtYA. Ou, presencialmente, com Hanna Letícia, bolsista e moradora da comunidade.  As aulas serão ministradas presencialmente pelos educadores Eduardo Gomes, professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Pará (ICSA-UFPA), e Flávio Moura, integrante do Núcleo de Tecnologia da Informação do Projeto de Pesquisa e graduando em Engenharia da Computação da Universidade Federal do Pará.

Flávio Moura, integrante do Núcleo de Tecnologia da Informação do Projeto Igarapé Preto

Os conteúdos das capacitações reforçam o Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial na Comunidade Quilombola do Igarapé Preto que já realizou inúmeras oficinas  para o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade.  Já foram consolidados o levantamento de um perfil social,  fundiário, econômico, cultural, ambiental e turístico do quilombo.  “As novas oficinas compartilham conhecimentos sobre o empreendedorismo comunitário voltado à competitividade e à inovação com planos de negócios mediante a realidade territorial para fortalecer o desenvolvimento com o uso das tecnologias sociais”, explica Edivan Nascimento, integrante do Projeto e discente do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (ICJ-UFPA).

Gestores Renato das Neves, Edivan Nascimento e Eduardo Gomes

Para Flávio Moura, integrante do Núcleo de Tecnologia da Informação do Projeto e graduando em Engenharia da Computação da Universidade Federal do Pará, a primeira oficina realizada em agosto de 2022, nos permitiu fazer o exercício teórico da Engenharia da Computação e colocar em prática uma leitura social das múltiplas ferramentas tecnológicas que estruturam a ação do marketing digital para um território quilombola e as suas relações com a realidade amazônica e brasileira.

Flávio enfatiza que todos produzem e semeiam conhecimentos pelos celulares nas palmas das mãos. “Esta democratização horizontal da informação permite uma forte divulgação da importância do turismo local para a geração de emprego e renda para as famílias. Isso cria um plano de negócio  e uma economia circular com o uso de ferramentas digitais, aplicativos e o uso da inteligência artificial. Sabemos dos desafios e das desigualdades de acesso às tecnologias e às estruturas tecnológicas no Brasil, mas é um projeto de pesquisa onde a comunidade se mostra participativa e inovadora. Avançamos muito desde a primeira visita à comunidade em janeiro de 2020”, recorda.

Por sua vez, Eduardo Gomes, professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Pará (ICSA-UFPA), abordará a criação de um plano de negócios a partir da teoria desenvolvida pela professora indiana Saras Sarasvathy, ganhadora do Prêmio Global de 2022 para a Pesquisa em Empreendedorismo. O Plano leva em consideração a realidade de cada morador, o seu plano específico, o  território, a dinâmica social e a forma de colocá-lo em execução – efffectuation – no mercado.

Gomes defenderá, numa linguagem popular, os cinco princípios sistematizados por Sara Sarasvathy  para colocar o plano de negócio em andamento. Primeiro, o Pássaro não mão, ou seja, o que tenho para começar. Segundo, Perda acessível, é o que se tem para investir, sem fazer falta. Terceiro, Um Limão, uma Limonada, ou seja, trabalhar com o imprevisto e tirar proveito para uma nova ação de reorganização. Quarto, a Colcha de retalhos, ou seja, a criação de uma rede contatos local, regional, nacional e internacional. Quinta, a prática do Piloto de avião, ou seja, foco nos resultados e manter o controle do plano. “Construir um plano a partir da oferta e da demanda do que a comunidade pode oferecer e atender é um planejamento fundamental para o sucesso do modelo de decisão effectuation”, detalha o educador.

Avanços – Renato das Neves, coordenador do Projeto de Pesquisa, enumera as evoluções ocorridas desde o início Projeto nos quesitos da hospedagem familiar, trilhas, alojamentos com  novas tecnologias, fortalecimento da gastronomia local e as relações com os visitantes dos múltiplos balneários, entre outras. “Por um lado, a capacitação fortalece o ensino, a pesquisa e a extensão por meio da parceria entre as instituições públicas e a comunidade. O projeto valoriza a união e o desenvolvimento humano e social do quilombo com as consolidações do levantamento de um perfil social, fundiário, econômico, cultural, ambiental e turístico do território. Estes avanços são frutos do compartilhar de conhecimentos sobre o empreendedorismo comunitário voltado à competitividade e à inovação dos negócios mediante a realidade territorial para combater as desigualdades regionais,  fortalecer o desenvolvimento e a cidadania local”,  finaliza o coordenador.

Vista área do Quilombo Igarapé Preto

Texto: Kid Reis – Ascom CRF-UFPA – Fotos: Arquivo – CRF-UFPA – FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor