Na área do sítio arqueológico, foram encontrados objetos de origem indígena, colonial e afro-brasileira
Uma muralha de sete metros de altura se impõe por séculos no Vale do Guaporé, circundando o Real Forte Príncipe da Beira, erguido a partir de 1775, no município de Costa Marques (RO), fronteira do Brasil com a Bolívia. A muralha, os baluartes e outras partes do Forte, que já não serve a propósitos militares, agora são foco de uma pesquisa arqueológica, coordenada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os objetos encontrados podem recontar um pouco sobre a ocupação humana na região e, ao final do projeto, devem compor a reserva técnica da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Com duração de cinco meses, a pesquisa arqueológica incide sobre áreas externa e interna da fortificação, e consiste em escavações em superfície ampla, sondagens de amostras e limpeza do terreno com acompanhamento arqueológico. Com a pesquisa, deve-se registrar e recadastrar sítios arqueológicos nos bancos de dados do próprio Iphan, além de realizar inventário, análise e procedimentos de conservação preventiva e acondicionamento de bens arqueológicos coletados. A pesquisa é realizada por meio da contratação da empresa ANX Engenharia e Arqueologia, que executa os trabalhos.
“É uma fortificação militar, mas tem material indígena e colonial, como louça e vidro. Também há vestígios relacionados a grupos afro-brasileiros, mesmo porque tem uma comunidade quilombola às proximidades”, explica a arqueóloga do Iphan-RO, Ana Izabela Bertolo. “Dentro do forte, foram encontradas duas estruturas de edificações associadas ao forte. E com esse levantamento, dentro da fortificação e noutras estruturas, vai se tentar unir com a bibliografia e tentar entender melhor esse contexto de ocupação”, completa ela.
Com isso, pretende-se construir um conhecimento que vai subsidiar futuras propostas de conservação e restauração da edificação. Como resultado, a pesquisa também deve contribuir para o conhecimento da arqueologia local e regional, com a produção de mapas e cruzamento de dados. Assim, ao término, devem ser realizadas atividades para a socialização do patrimônio arqueológico de Rondônia. Até o momento, foi realizada a exumação de materiais arqueológicos, como cerâmica, vidros, louças, metais e lítico.
Sobre o Real Forte Príncipe da Beira
O forte foi construído como estratégia de defesa das fronteiras entre Brasil e Bolívia, durante o período colonial. A edificação foi erguida no contexto do Tratado de Madrid, de 1750, firmado entre as coras de Portugal e Espanha com o objetivo de definir os limites entre as colônias sulamericanas pertencentes aos dois impérios. Tombado como Patrimônio Cultura Brasileiro desde 1950, o Real Forte Príncipe da Beira faz parte do Conjunto de Fortificações, candidato a Patrimônio Mundial da Unesco.
Assessoria de Comunicação Iphan – História da Amazônia é destaque nas escavações do Real Forte Príncipe da Beira (RO) — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (www.gov.br)