No coração da área urbana de Manaus, o Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) abriga uma diversidade de espécies da fauna e da flora Amazônica. Em alusão ao Dia da Árvore, celebrado em 21 de setembro, destacamos três espécies de árvores remanescentes da mata primária do fragmento florestal de aproximadamente 13 hectares – Tanimbuca, Uxi Amarelo e Visgueiro. O Bosque fica anexo à sede do Inpa, uma das mais importantes instituições do mundo sobre a produção do conhecimento científico da Amazônia
Inaugurado em 1995 pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Bosque tem quase três décadas de funcionamento como um espaço dedicado ao lazer, à educação, à popularização da ciência, à cultura e ao turismo. No entanto, a área carrega um passado diferente do que se vê hoje. Antes do Inpa transferir sua sede do Centro para o Aleixo no início dos anos de 1970, onde permanece atualmente, a mata originária da área do Bosque foi desmatada e usada para produção de carvão e espécies de valor comercial para a venda da madeira.
De acordo com o pesquisador do Inpa, o botânico Juan Revilla, algumas árvores escaparam ao corte manual, graças aos troncos mais resistentes e grossos. Na época não era comum o uso de motosserra. Revilla foi um dos idealizadores do Bosque, que originalmente foi planejado como Jardim Botânico do Inpa, mas já foi inaugurado com o nome de Bosque da Ciência.
“As árvores remanescentes da mata primária não foram derrubadas porque naquele tempo se usava machado, e como a madeira dura dava muito trabalho não era aproveitada. Então, são poucas as espécies que ficaram remanescentes da mata nativa”, conta o pesquisador. “Felizmente, essas árvores remanescentes permitiram que a prole de suas espécies ajudasse a recolonizar a vegetação do Bosque como hoje estamos vendo aqui”, destaca Revilla, lembrando que ele e outros pesquisadores e técnicos trouxeram das expedições muitas sementes de espécies amazônicas para serem plantadas no então novo campus do Inpa, que já tinha grande parte de sua área verde preservada.
Árvores Remanescentes
A Tanimbuca (Buchenavia huberi Ducke) é uma árvore de grande porte e a mais antiga do Bosque, com idade estimada em mais de 600 anos, antes da chegada dos europeus ao Brasil. Em sua homenagem, o Inpa criou a Ilha da Tanimbuca, um espaço com várias espécies de plantas e rodeado por um espelho d’água com peixes e tartarugas da Amazônia. Assista um vídeo sobre a Ilha da Tanimbuca clicando aqui!
Além de seu papel simbólico como remanescente e de trazer reflexões sobre a importância da biodiversidade e a preservação do meio ambiente, a Tanimbuca desempenha um importante papel ecológico: o seu tronco oco serve de abrigo para diversas espécies de animais, como cotias e aves.
Outra espécie remanescente da floresta original é o Uxi Amarelo (Endopleura uchi), e um dos exemplares mais antigos fica localizado na trilha do Bosque ao lado da Casa da Ciência. A planta é usada na medicina tradicional no tratamento de doenças como miomas e ovários policísticos. Estudos científicos comprovaram o seu alto valor terapêutico pela presença de compostos antioxidantes e capacidade anti-inflamatória. A árvore produz frutos de cor verde-amarelado, de sabor levemente adocicado, que são consumidos in natura ou na forma de sucos e sorvetes.
Localizada no meio da trilha suspensa, encontra-se outra árvore remanescente, o Visgueiro (Parkia nitida Miq), também conhecido como faveira-benguê, faveira branca. De tronco resistente, a faveira ajudou na germinação de novas árvores da espécie no Bosque da Ciência. A planta produz flores em forma de cachos pendentes, de coloração esbranquiçada, e em junho último embelezaram o entorno da passarela suspensa, dando um toque especial ao atrativo.
As árvores aqui apresentadas são apenas três das várias espécies presentes no Bosque, que se constituiu num importante num museu vivo em que os visitantes podem sentir um pedacinho da floresta amazônica, sua temperatura amena, e se conectar à natureza, em plena área urbana de Manaus.
“Outra função importante das áreas florestadas urbanas é o seu relevante na mitigação de efeitos ligados à urbanização, como ilhas de calor urbano, contribuindo para a diminuição da temperatura do ar nas cidades”, explicou o meteorologista Luiz Antônio Cândido. “Em pesquisas que fizemos utilizando sensores em plataforma móvel mostram que no Bosque da Ciência a temperatura do ar pode ser até 10°C menor que na área urbana próxima. Por isso, é tão comum a sensação agradável quando se está no Bosque”, completou.
Confira o vídeo completo sobre as árvores remanescentes clicando aqui!
FONTE: INPA – Dia da árvore: conheça árvores remanescentes do Bosque da Ciência do Inpa — Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (www.gov.br) – (ver galeria de fotos)