A ida até o local demorou aproximadamente 40 minutos, seguindo de moto por um caminho estreito dentro da floresta.

Uma estrutura desconhecida foi achada por caçadores da região do Vale do Guaporé aproximadamente há 3 anos atrás, somente agora com a ajuda do historiador Lourismar Barroso, os caçadores Fábio e Jean revelaram o local onde foi encontrada.

A ida até o local demorou aproximadamente 40 minutos, seguindo de moto por um caminho estreito dentro da floresta. A sua localização fica bem distante de onde foi construído o Forte de Nossa Senhora da Conceição.

A estrutura é parte do alicerce de uma casa, medindo 10 X 18 de cumprimento. O material usado em sua construção é a Rocha leterítica, a mesma usada na  construção da Missão de Santa Rosa (1743) que virou Guarda de Santa Rosa Velha (1754), o Forte Nossa Senhora da Conceição (1760) que virou Forte Bragança em 1769 e do Real Forte Príncipe da Beira (1775).

Em uma verificação minuciosa no local, constatei que na referida estrutura havia um telhado 4 águas, pois foram encontradas vários exemplares de telhas.

Fazendo uma comparação, percebi que a telha encontrada nessa estrutura, é menor e sua espessura mais fina dos que foram encontradas em escavações arqueológicas no interior da fortaleza Príncipe da Beira.

A telha possui o formato de uma coxa humana. Provavelmente de escravizado, já que era comum no Brasil século XVIII os negros mesmo estando doentes, eram obrigados a moldaram as telhas em suas coxas e depois levarem para o terreiro para queimar.

A estrutura que foi achada no interior da floresta, fica próxima de um córrego com um canal feito de pedra para escoar água. Estando perto da Serra dos Reis.  

A estrutura poderá ser uma residência de um arraial de exploração de minas de ouro ou um posto avançado de arrecadação da coroa portuguesa, bem anterior à construção dos fortes do Vale do Guaporé.

Com a descoberta das minas de ouro no centro oeste da colônia portuguesa, resultou o afluxo dos povoadores que na primeira metade do século XVIII empreenderam a ocupação de algumas áreas da colônia.

Notadamente essas zonas centrais da Capitania de Mato Grosso, em torno da povoação de Bom Jesus de Cuiabá e as de noroeste com os Arraias que se estabeleceram nas imediações de Vila Bela da Santíssima Trindade.

A empresa colonial portuguesa foi, sem dúvida, a grande responsável pelo dilatamento geográfico dos domínios portugueses pelo interior do continente americano.

A busca por fontes alternativas de recurso e o desenvolvimento da Vila de Piratininga impulsionou os colonos luso-paulistas, cada vez mais, para regiões mais distantes do litoral, configurando essa apropriação territorial como se fossem conquistas portuguesas, potencializando décadas mais tarde o estímulo à defesa militar dessa região.

A coroa portuguesa instigava as ações dos bandeirantes paulistas que em busca de ouro e de prear índios chegaram até a região guaporeana. Para se estabelecer na região, os incentivos consistiam em doações de sesmarias, títulos e direitos à exploração dos meios naturais. Os recursos utilizados nas empreitadas chamadas de bandeiras no século XVIII provinham dos próprios bandeirantes.

Um desses sertanistas desbravadores do chamado centro oeste da colônia foi Pascoal Moreira Cabral que, escolhendo os itinerários Tietê, Paraná e Paraguai, passou a desbravar a região em busca de riquezas, sendo o primeiro a estabelecer em Cuiabá ou às margens do Aquidauana.

A exploração do ouro na Capitania de Mato Grosso teve importantes efeitos econômicos na Metrópole e na Colônia, provocando a primeira corrida imigratória para a colônia.

Durante os primeiros sessenta anos do século XVIII, chegaram de Portugal e das ilhas do Atlântico cerca de 600 mil pessoas, em média anual de 8 a 10 mil, gente das mais variadas condições: pequenos proprietários, padres, comerciantes, prostitutas e aventureiros de todo tipo.

Para a colônia portuguesa na América do Sul, houve imigração de portugueses e bandeirantes para a Capitania de Mato Grosso, bem como para a fundação de duas vilas, a Vila de Cuiabá em 1722 e a Vila Bela da Santíssima Trindade 1752.

Além disso, a coroa montou um aparato fiscal na Capitania que teve como posto de arrecadação de impostos e controle do ouro, o Registro do Jaurú 1772, (atual Pontes e Lacerda), e em Vila Maria 1778 (atual Cáceres) na Capitania do Mato Grosso.

Em virtude da Provisão régia, aquele distrito passou a ser município com a denominação de Vila Bela da Santíssima Trindade.

Em Vila Bela da Santíssima Trindade na Capitania de Mato Grosso, onde também encontraram ouro em 1719 passando capital da Capitania de Mato Grosso em 1752, situada à margem direita do rio Guaporé, foi criada não só em função do ouro, mas para marcar a presença portuguesa naquela fronteira.

Vale ressaltar que a criação da Capitania de Mato Grosso se deu devido à descoberta do ouro a partir de 1719, Vila Bella, assim como as missões espanholas de Mojos, serviram aos interesses da coroa em fixar ali um governo com autonomia para administrar e organizar o oeste agora conquistado, afastando de vez as pretensões espanholas.

Esse distanciamento não foi fácil, pois as intenções da coroa teriam que sobrepor-se às pequenas divergências que apareciam na área de fronteira.

Logo que foi colocado em prática o projeto de criação da Capitania de Mato Grosso em 1748, a mesma assumiu uma posição estratégica na defesa do território incorporado pelos colonos de origem lusa, índios e negros para a posse da metrópole portuguesa.

A Capitania de Mato Grosso tinha como limites territoriais as regiões sul da bacia amazônica até a proximidade do Chaco paraguaio e a margem direita do rio Guaporé.

Minhas observações:

        1. A estrutura fica próximo do córrego;
        2. No local tem um canal de pedra que foi construído para escoar a água;
        3. Está próximo da Serra dos Reis;
        4. No entorno da estrutura encontrei vários Pés de cacaus;
        5. Nesse local a floresta parece ser secundária.

Desta forma, a estrutura que foi achada  é esculpida em Rocha lateritica, nos cantos em vez de ser colunas de Rocha, percebe-se que ali havia um esteio de madeira, medindo   20 X 20 de largura.

Com 4 entradas, uma em cada lateral.

Resta saber se a estrutura que foi achada se trata de um posto avançado de arrecadação de imposto da coroa portuguesa ou uma residência de um pequeno arraial no oeste brasileiro.

Essas respostas serão respondidas pela arqueologia que através de uma sondagem no local, uma prospecção minuciosa poderá constatar mais elementos para futuros estudos.

Por Lourismar Barroso
FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor 

Nota – A equipe do Ecoamazônia esclarece que o conteúdo e as opiniões expressas nas postagens são de responsabilidade do (s) autor (es) e não refletem, necessariamente, a opinião deste ‘site”, são postados em respeito a pluralidade de ideias