Jornada Pantaneira

O Canoeiro Hiram Reis e Silva

A Medicina na Guerra do Paraguai – Parte VI

A MEDICINA NA GUERRA DO PARAGUAI
(Mato Grosso)

LUIZ DE CASTRO SOUZA
Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Membro titular do Instituto Brasileiro de História da Medicina. 

No Mapa do movimento das Forças, de 29.05.1865 ([1]), verifica-se que a Expedição totalizava 484 homens e encontravam-se baixados ao hospital provisório, instalado no Edifício do Teatro São Carlos, 42 soldados das seguintes unidades: 3 do Corpo de Artilharia do Amazonas; 10 do Corpo Policial de São Paulo; 11 do Corpo da Guarnição da Província do Paraná; 12 do Corpo da Guarnição da Província de São Paulo e 6 da Companhia de Cavalaria da mesma Província. Até esta data, houve 2 óbitos de praças pertencentes ao Corpo de Artilharia do Amazonas e do Corpo da Guarnição de São Paulo. As deserções somavam a 96.

Em Campinas, surgia o primeiro surto de varíola da Expedição que atingiu, principalmente, os componen­tes do Corpo de Artilharia do Amazonas, incorpora­dos à Coluna, nesta cidade, em 15.05.1865, consti­tuído de apenas 33 praças ([2]). Os soldados vario-losos foram alojados e tratados em uma enfermaria de isolamento, instalada por iniciativa da Câmara Municipal, cuja localização não conseguimos identifi­car.

No final do estacionamento das Forças 6 óbitos a lamentar e desertam 159 praças de diferentes Corpos, sendo o maior número deles pertencentes ao Corpo Policial de São Paulo e da Companhia de Cavalaria da Guarnição de São Paulo, que quase ficou extinta.

Na saída da cidade de Campinas, os convalescentes tiveram a oportunidade de usar o “cacolet” como meio de transporte. Prosseguindo na penetração da hinterlândia paulista, a Coluna Expedicionária com uns 430 homens parte de Campinas, a 20.06.1865, passando por Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Casa Branca, Cajuru, Batatais, Franca do Imperador e atinge, finalmente, Uberaba, Província de Minas Gerais, em 18.07.1865.

*   *   *

Como chefe do Corpo de Saúde da Expedição, encontrava-se o Capitão 1° Cirurgião, Doutor Antônio de Jesus e Souza, veterano de guerra, em cujo peito ostentava orgulhoso a “Medalha da Campanha do Uruguai”, suspensa pela fita de cor verde e conquistada pelos relevantes serviços pres­tados como médico militar ao Exército sob o coman­do do então Tenente-General Conde de Caxias. O Doutor Jesus e Souza era natural da cidade do Salvador [BA], tendo ingressado no Corpo de Saúde pelo Decreto de 30.01.1852, no posto de Alferes 2° Cirurgião, a 02.12.1854 foi promovido a Tenente 2° Cirurgião e a Capitão 1° Cirurgião em 02.12.1859. Doutor em medicina pela Faculdade da Bahia, em 1851, com a tese inaugural, intitulada: “Proposições sobre os diversos ramos da medicina”. Cultivava, também, as belas letras, sendo um poeta lírico. Publicou, ainda como estudante, em 1848, um livro de poesias e no mensário “Atheneu”, primeiro jornal­zinho acadêmico lançado na Bahia, nos números 2 e 4, figuram versos de sua inspiração ([3]).

Fisicamente, era o doutor Jesus e Souza, segundo retrato feito pelo Visconde de Taunay, baixote, tez morena um tanto esverdeada e oleosa, falar macio, quando não obedecia a acessos de verdadeiro furor. Diz ainda o Visconde de Taunay, que certo dia, numa das salas do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Uberaba, ele gritava como um possesso:

Cubram a figura do Cristo, pois quero descompor a gosto.

Para Taunay, o Dr. Jesus valia, sozinho, na profissão, mais do que todos os demais médicos da Expedição e era severo no cumprimento dos deveres dos seus colegas. Enfim, um autêntico chefe. Infeliz­mente, o então jovem oficial Taunay, foi bastante injusto na apreciação dos valores da comissão médi­ca da Expedição, quando muitas vezes critica a con­duta de alguns e até mesmo a terapêutica emprega­da por outros. Relevando-se esses conceitos, tendo em vista sua pouca idade, naquela época, entretan­to, vamos encontrá-los repetidos, mais tarde, no livro de memórias, escrito na época comum da ponderação e do respeito.

Ele possuía a frustração de não ter seguido a profissão hipocrática, impedido de o fazer pelo próprio pai, o Barão de Taunay, por julgá-la tarefa inferior. Para confirmar o Visconde de Taunay acerca do rigorismo no cumprimento do dever instituído pelo Dr. Antônio de Jesus e Souza na Expedição, vamos transcrever trechos de documentos que comprovam tal conceito. Realmen­te, houve, na época, censuras contra o tratamento dispensado aos enfermos e o procedimento do Chefe de Serviços de Saúde, quando a Expedição se encontrava em Campinas. Ciente o Ministro da Guerra destas propaladas notícias, manda expedir comunicado solicitando esclarecimentos ao Comandante-em-chefe da Expedição. O Coronel Drago, logo que toma conhecimento, comunica-se com o seu superior, a 20.05.1865, alegando serem infundadas tais notícias, pois os doentes recebiam o melhor tratamento e todos os cuidados possíveis, e dizia textualmente:

[…] a Repartição de Saúde tem bem cumprido seus deveres, no tratamento das praças enfermas, não posso deixar de com muito pesar, informar a V. Ex.ª que tendo o 1° Cirurgião Dr. Antônio de Jesus e Souza, desenvolvido o maior zelo e solicitude pelo bem do serviço da repartição de saúde a seu cargo, exigindo que, não somente os preceitos da ciência, mas também, como convém, os da disciplina militar sejam observados pelos oficiais de saúde seus su­bordinados, têm estes em geral se mostrado pouco dispostos à observância destes últimos preceitos, e em sua conduta particular levado bem longe a má vontade e o despeito à pessoa do médico seu chefe: procedimento este que se tem tornado tão público nesta cidade que já me vi obrigado a chamá-los à minha presença para os admoestar como efetiva­mente os admoestei… ([4]).

Logo após, em ofício de 29.05.1865, o Coronel Drago ao cumprir a indagação do Ministro da Guerra for­mulada nos seguintes termos:

O Corpo de Saúde acha-se desgostoso, pelas impru­dências de seu chefe, o Dr. Antônio de Jesus e Souza, ao qual V. Ex.ª dá ouvidos, sem atenuar as suas imprudências.

Respondia o comandante da Expedição, prontamen­te:

É infelizmente verdade que se acham em geral descontentes os oficiais do Corpo de Saúde; não é porém a alegada a causa verdadeira de tal desgosto. Para ele influi nestes oficiais, além das circunstâncias que, em referência à toda a Expedição, tenho acima enumerado tratando da 2ª alegação, a de se verem nesta extensa marcha privados das vantagens da clínica particular que em outras comissões de serviço acumulariam, e mais a de se verem compelidos a obedecer aos preceitos da disciplina militar, cujos hábitos lhes faltam e não querem adquirir, fazendo alvo do seu comum despeito por havê-los requisita­dos para esta Expedição, e procura contê-los na ór­bita de seus deveres o seu muito prudente e zeloso chefe Dr. Antônio de Jesus e Souza… ([5]).

Não há dúvida de que o Dr. Antônio de Jesus e Souza como antigo militar e profissional conceituado, era bastante severo e os oficiais médicos, desde a cidade de Campinas, começaram a deixar a Coluna, seguindo, depois, para o Paraguai, zona de Guerra atuante que se combinava com o temperamento de alguns e bem diferente da rotina de uma Expedição monótona e sem-fim. O Coronel Manoel Pedro Drago, o Tenente-coronel José Miranda da Silva, chefe da comissão de engenheiros, e o Capitão 1° Cirurgião, Doutor Antônio de Jesus e Souza, no percurso da Expedição permaneciam sempre juntos e constituíam os diretores da coluna. Destes dois chefes de serviço, recebeu o Cel. Drago, uma colaboração eficiente e leal ([6]). O Dr. Jesus e Souza desejou fazer vida universitária, tendo para isso se inscrito para o lugar de opositor em ciências médicas, na Faculdade de Medicina da Bahia, quando, no prazo de apresen­tação da tese, a 07.05.1861, comunicou, em ofício, sua desistência, por preferir fazer o concurso de cirurgia, para o qual havia, igualmente, se inscrito. Também para a clínica cirúrgica, ele não realizou o seu intento, pois, ao comunicar à direção da Faculdade sua retirada do concurso, alegou estar

inibido por suas ocupações como médico militar.

No acampamento de Santa Rita do Parnaíba, hoje Itumbiara, Goiás, o Dr. Antônio de Jesus e Souza pratica uma pequena intervenção cirúrgica no jovem 2° Tenente Taunay, extirpando-lhe um corpo estra­nho da abóbada palatina, que o fazia padecer.

Tratava-se de uma espinha de peixe “dourado”, que havia causado a infecção e com perícia o chefe da repartição de saúde o aliviou, tanto do corpo estra­nho como do abscesso que se formara.

VI

A CONCENTRAÇÃO DAS FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS EM UBERABA

Finalmente, a 18.07.1865, chegavam as Forças de São Paulo e da Província do Paraná, à cidade de Uberaba [MG] depois de quatro longos meses. Lá se achavam acampadas, desde 20 de junho, no local denominado Cachimbo, arredores da cidade, a Briga­da mineira trazida de Ouro Preto pelo Cel José Antô­nio da Fonseca Galvão e constituída de 1.212 ho­mens. Esta Brigada havia saído de Ouro Preto, antiga capital de Minas Gerais, a 10.05.1865, após solene despedida promovida pelo Governo Provincial e pelo clero, tendo à frente o Governador Saldanha Marinho e D. Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana.

A sua formação era composta do 17° Batalhão de Voluntários da Pátria, comandado pelo Tenente-coronel em Comissão, Antônio Enéias Gustavo Galvão, depois Brigadeiro e Barão do Rio Apa, em 30.03.1889; do 21° Batalhão de Infantaria de Linha, sob o comando do Capitão Melo e do 1° Corpo Policial de Minas, Comandado pelo Major Demétrio.

O Serviço de Saúde era formado pelos Tenentes 2os Cirurgiões, Doutores Manoel de Aragão Gesteira e Carlos José de Souza Nobre, dos farmacêuticos Manoel Frederico de Oliveira Jacques, contratado pelo Governo Provincial, e João Bhering Júnior, como Voluntário da Pátria, além de sete enfermeiros. O contingente mineiro havia sido quase todo imunizado contra a varíola, medida preventiva que muito honrava e exaltava o seu serviço médico, e, desse modo, vinha situar a tropa em melhores condições sanitárias para enfrentar a longa marcha com destino a Mato Grosso.

O Tenente 2° Cirurgião, Doutor Manoel de Aragão Gesteira era natural da cidade do Salvador [BA], nascido a 09.12.1830, sendo seus pais o Dr. Francisco Marcelino Besteira, professor da Faculdade de Medicina da Bahia e D. Cândida Rosa de Aragão Gesteira. Doutor em medicina pela Faculdade de sua Província natal tendo sustentado tese, a 14.12.1855 (GESTEIRA, 1855). Entrou para o Serviço de Saúde do Exército, a 02.12.1860, no posto de Tenente 2° Cirurgião e encontrava-se como encarregado da enfermaria militar da guarnição de Minas Gerais, na capital desta Província.

O Tenente 2° Cirurgião, Doutor Carlos José de Souza Nobre havia assentado praça a 20.02.1864 e sua primeira designação fora na guarnição de Ouro Preto ([7]).

Dos médicos militares que compunham a Repartição de Saúde do Corpo Expedicionário e embarcados na Corte, dois Capitães 1os Cirurgiões haviam se retirado das Forças quando estas se encontravam em Campi­nas. Também da Província de São Paulo, o Tenente 2° Cirurgião, Doutor Joaquim Cândido de Macedo Soares, voltava ao Rio de Janeiro e seguia, logo após, para o Teatro da Guerra, no Paraguai.

A tropa vinda de São Paulo, apesar de cansada pela longa caminhada, chegou a Uberaba em regular estado físico, pois houve fartura de gêneros de ótima qualidade, durante todo o trajeto, e, assim, os solda­dos foram bem alimentados.

As enfermidades graves acusaram índices bem redu­zidos, sobressaindo-se a varíola que desde a cidade de Campinas acompanhou a tropa, motivo de preo­cupações e cuidados para os médicos integrantes do Serviço de Saúde. A permanência da coluna do Coronel Drago em Uberaba, onde se lhe incorporou a Força mineira, foi de 47 dias. Nesse período houve 14 óbitos e desertaram 76 praças. Os soldados enfermos foram alojados e tratados numa enfermaria do Hospital Santa Casa de Misericórdia, edifício não de todo acabado, cuja direção do serviço, após a retirada das tropas, ficou a cargo do cirurgião Cap da Guarda Nacional, Dr. Raimundo Desgenettes ([8]), parente do famoso médico-chefe dos exércitos de Napoleão, Nicolas du Friche, Barão Desgenettes [1762-1837].

Após a junção das duas Forças, prossegue a Coluna Expedicionária em sua marcha lenta, saindo de Uberaba, a 04.09.1865. No dia anterior, o coman­dante Drago, comunica ao Governo, que em vez de seguir a estrada de Santana do Paranaíba tomaria a do Rio Claro, no interesse da Expedição. Acres­centava, ainda, que essa resolução foi tomada pelo receio de assaltos dos paraguaios naquela região (NABUCO, 1936). O Coronel Drago se dirigia para Cuiabá. As praças iam recomeçar novas e intermináveis caminhadas pelos sertões bravios e desprovidos de recursos locais, e a mudança do itinerário provocaria alteração no abastecimento de provisões já estabelecidas pelos Governos Provin­ciais. O objetivo principal da coluna era desalojar os invasores do sul de Mato Grosso, mas o contingente reunido e em marcha para esta finalidade, fora considerado insuficiente. O Governo expedia ordens e contraordens, numa chuva constante de instru­ções, e impacientava-se pela demora do desloca­mento da Força.

A tropa, apesar de desprovida de quase tudo, mostra-se de moral elevado, favorecida pelo contato com a paisagem de lindos campos e exuberantes matas que compunham as terras das três Províncias palmilhadas pela Expedição. Atravessando riachos e rios caudalosos, vendo espécimes da flora e da fauna que coloriam festivamente os caminhos percorridos. Tomando conhecimento de plantas medicinais tão ricas naqueles terrenos e de suas variadas aplicações na cura de males.

Quando as Forças ainda se achavam em território da Província de Minas Gerais, no arraial de Santa Maria, encontram-se com o Coronel Carlos Augusto de Oliveira, antigo Comandante das armas da Província de Mato Grosso, que se encaminhava para a Corte.

Fora-lhe prestado socorro médico por ordem do chefe da expedição, pois, este oficial viajava atacado pelo impaludismo que lhe abatia o organismo, há cerca de um ano, infectado que fora no Baixo Paraguai. Além da moléstia vinha acabrunhado pelos acontecimentos em que estivera envolvido, na defesa de Corumbá. Na vila Monte Alegre, Minas Gerais, tendo recrudescido os casos de varíola que vinham acompanhando as Forças, foi instalada neste local uma enfermaria, a cargo de um dos médicos militares da expedição, cujo nome não nos foi possível identificar. Daí em diante, cessou a incidência dessa virose na coluna.

A 22 de setembro, deu-se início aos trabalhos para a transposição do Rio Paranaíba, cujas dificuldades foram imensas devidas à enorme bagagem e a utilização de uma única barca. Somente no dia 29, terminava esta tarefa com todos os pertences do Corpo Expedicionário na margem direita deste rio. Sabe-se que o efetivo das Forças era de uns 1.600 homens, pois, grandes foram as baixas por doenças e deserções. O número de muares somava a 2.500, excluídos os do fornecedor que ainda levava os bois para o consumo e das viaturas de mantimentos.

Transposto o rio, a coluna vai acampar perto do povoado de Santa Rita de Cássia ou Santa Rita do Paranaíba, hoje denominada Itumbiara, Província de Goiás. Depois seguia direção a outro obstáculo importante: o Rio dos Bois. Aí, também, a Comissão de Engenheiros junto às Forças expedicionárias esteve empenhada na construção de canoas para a passagem do pessoal e material da coluna, tendo iniciado os trabalhos a 08.10.1865.

Quando prosseguia a faina de transposição do rio e ativava-se o trabalho, recebia o Coronel Drago, no dia 18, ordem do Governo para recolher-se a Corte. Este oficial havia sido exonerado, a 1° de outubro, dos cargos de Presidente e Comandante das armas da Província de Mato Grosso, tendo assumido essas funções o Chefe de Esquadra, reformado, Augusto Leverger, Barão de Melgaço, que se encontrava em Cuiabá. (CONTINUA…)

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 04.09.2023 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

Bibliografia   

SOUZA, Luiz de Castro. A Medicina na Guerra do Paraguai (I a V) – Brasil – São Paulo, SP – USP, Revista de História, 1968, 1969 e 1970.    

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: [email protected].

[1]    Arquivo Nacional. Cód. 547, Guerra do Paraguai, Volume 3. (SOUZA)

[2]    Esse pequeno contingente de artilharia, reduzido a 68 soldados, pertencia ao Corpo Fixo do Amazonas e havia partido de Manaus a 27.02.1865, juntamente com o Corpo Fixo de Infantaria e Fuzileiros da mesma Província. Ao todo 334 homens. Viajaram pelo vapor “Tapajós” até a cidade de Belém e nesta Capital foram se juntar às Forças locais, quando se formou uma divisão de 800 homens que partiu para a guerra, no sul, a bordo do “Apa”, tendo chegado ao Rio de Janeiro, em 30.03.1865. [Diário Oficial, Império do Brasil, Edições de 16.04.1865 e 31.03.1865]. Na cidade de Campinas só chegaram 33 praças deste Corpo de Artilharia, pois ficaram 25 na Corte, 2 na cidade de Santos, 1 nas barreiras do Cubatão e 7 na cidade de São Paulo. [Arquivo Nacional. Cód. 547, Guerra do Paraguai, Volume 3]. (SOUZA)

[3]    Este jornal dos estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia, foi fun­dado e dirigido por Sacramento Blake [1849-1850], então aluno da Fa­culdade, e aparecia com 20 páginas. Jornal do Comércio – Brasil – Rio de Janeiro, RJ, 06.05.1962. (SOUZA)

No Dicionário Bibliográfico Brasileiro de Augusto Victorino Alves Sacramento Blake, encontrei sua primeira composição poética – “A Valsa”, publicada no periódico “Atheneu, n° 2”. A naturalidade e beleza de suas poesias podem ser apreciadas já nesta primeira composição:

Foste, Marilia, ao passeio,
Ao passeio proibido…
Levaste beleza e enfeites,
E amor no peito escondido.
Eu te vi, tu não me viste;
Foste falsa, eu fui traído.
Levaste tua irmãzinha
Pra meus zelos dissipar.
Tua irmãzinha é menina,
É menina e vai brincar,
E tu ficas com o amante
Bem sozinha a conversar… (Hiram Reis)

[4]    Arquivo Nacional. Cód. 547, Guerra do Paraguai, Volume 3. (SOUZA)

[5]    Arquivo Nacional. Cód. 547, Guerra do Paraguai, Volume 3. (SOUZA)

[6]    Quando a Coluna Expedicionária se encontrava no acampamento do Rio dos Bois, Goiás, a 20.10.1865, e o Cel. Drago era destituído do comando e voltava para o Rio de Janeiro, o Dr. Jesus e Souza o acompanhou, por solidariedade ou porque se achasse realmente doente. Porém, mal refeito da enfermidade, partiu, em 1866, para o sul, Paraguai, comissariado no posto de Major Cirurgião-mor de Brigada, sendo pela “Ordem do Dia” N° 62, do Quartel General em Tuiuti, de 03.04.1867, designado para servir nos hospitais de Corrientes. Em plena guerra é promovido, por merecimento, na graduação efetiva de Major Cirurgião-mor de Brigada, conforme publicação da “Ordem do Dia” N° 176, do Quartel General em Tuiuti-Cué, de 09.01.1868. Nesse mesmo ano, veio a falecer de pneumonia lobar, a 2 de março, em campanha, após ter prestado relevantes serviços na Guerra. Para Sacramento Blake era o Dr. Jesus e Souza, talvez, a primeira inteligência do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro e acrescenta que ele tinha pronta uma obra sobre higiene militar e havia escrito um trabalho acerca da expedição, sob o título Impressões de Goiás, cujos originais se encontravam em poder de uma sua irmã, na Bahia. [BLAKE, 1883].

[7]    Apresentaremos os dados biobibliográficos do Dr. Carlos Nobre, no capítulo IX, em que trato da retomada de Corumbá. (SOUZA)

[8]    Era natural de Montpellier, França, e brasileiro naturalizado. Médico pe­la Academia de Brest. Chegou ao Brasil antes do ano de 1840 e participou da rebelião de Minas, em 1842, tendo tomado parte no combate de Santa Luzia do Sabará. Foi deputado à Assembleia Provincial de Goiás. Após ter enviuvado, abandonou a medicina prática e tomou ordens sacerdotais. Vigário de Entre Rios, Goiás, e escreveu trabalhos mineralógicos e de assunto religioso. Há controvérsias quanto aos seus prenomes: para Sacramento Blake era Raimundo Henrique, enquanto Lycurgo Santos Filho escreveu Henrique Raimun­do. (SOUZA)

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