Jornada Pantaneira
A Medicina na Guerra do Paraguai – Parte V
A MEDICINA NA GUERRA DO PARAGUAI
(Mato Grosso)
LUIZ DE CASTRO SOUZA
Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Membro titular do Instituto Brasileiro de História da Medicina.
V
A EXPEDIÇÃO DE MATO GROSSO NA PROVÍNCIA DE SÃO PAULO
E O SERVIÇO DE SAÚDE DA COLUNA
A notícia da traiçoeira invasão de Mato Grosso chegou somente à Corte, Rio de Janeiro, aos 22.02.1865, trazida por José Gomes da Silva, Barão de Vila Maria, que viajou quarenta e sete dias, sendo 29 de marcha e 18 de falha (RIO BRANCO).
Depois, em 17 de março, chegava o correio de Cuiabá. A população, que antes havia tomado conhecimento por intermédio de outras fontes, aumenta sua revolta e indignação, estendendo esse sentimento a todo o país. Entretanto, antes da certeza desse novo atentado ao Brasil, o invicto Marquês de Caxias, nosso maior soldado, recebia um questionário do então Ministro da Guerra, Henrique Beaurepaire Rohan, a 20.01.1865, em que tratava da organização do Exército e Plano de Campanha. Constava de cinco itens, sendo o terceiro concernente ao “melhor plano de campanha a adotar-se para assegurar o triunfo de nossas armas”. Caxias responde prontamente ao questionário que lhe fora submetido, cuja valiosa opinião se expressa a 25 do referido mês. Quanto ao 3° item acima citado, diz:
Julgo que convém dividir o Exército em três colunas, ou Corpos de Exército, devendo o principal marchar pelo Passo da Pátria, no Paraná, pela estrada mais próxima e paralela ao rio Paraguai, com direção a Humaitá, e daí a Assunção. Esta Força deverá operar de acordo com a nossa esquadra, que subir ao rio Paraguai. Batido Humaitá, nosso Exército deve continuar sua marcha a todo transe até a capital do Paraguai, combinando seus movimentos com as Forças de Mato Grosso, as quais deverão perseguir o inimigo que tiver invadido a Província até a linha do Apa, esperando aí as ordens do General-chefe do Exército do Sul, para, de acordo com ele, descer até onde convier. E a outra coluna, que não deverá ser menor de 6.000 homens, marchará por São Paulo, com direção à Província de Mato Grosso, fazendo junção com as Forças que já guarneceram aquela província, as quais calculo em 4.000 homens. Esta coluna deverá operar por Miranda com o fim não só de assegurar as cavalhadas e gados que existem por esse lado, como para obrigar o inimigo a distrair Forças de sua base de operações, e facilitar assim a entrada do grosso de nosso Exército que deve invadir pelo lado de Humaitá. [Os grifos são nossos]. Uma outra coluna, ou Corpo de Exército, deve chamar a atenção do inimigo pelo lado de São Cosme, Itapuã, ou S. Carlos para que não só, não possa ele cortar-nos a retirada pelo Passo da Pátria, no caso de revés no Humaitá, como para que não convirja com todas as suas forças sobre esse ponto, quando atacado pelo nosso Exército. Esse movimento deverá competir às nossas Forças que guarnecem a fronteira de São Borja e deverão constar, pelo menos, de 10.000 homens das três armas, e ser bem comandadas (WANDERLEY PINHO).
Caxias, como se depreende no seu quadro estratégico acima transcrito, já previa uma ação guerreira dos paraguaios sobre Mato Grosso e reconhecia o valor daquela Província para a conduta da guerra que havia sido imposta ao Brasil. No seu esboço, as operações, no território de Mato Grosso, seriam defensivas ou, se as circunstâncias favorecessem, tornar-se-iam ofensivas com o fim de distrair as Forças inimigas. O Governo Imperial, possivelmente, seguindo o plano elaborado por Caxias, ordena a convocação de 12.000 homens da Guarda Nacional de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, e organiza uma Coluna Expedicionária, a fim de socorrer a longínqua Província de Mato Grosso. A direção desta Força coube ao Tenente-coronel de cavalaria, Manoel Pedro Drago, que exercia, até então, o comando do Corpo Policial da Corte, e seguia investido dos cargos de Presidente e Comandante das Armas da Província de Mato Grosso, nomeado que fora pelos decretos de 22 e 25 de fevereiro de 1865, respectivamente.
Para dar assistência médico-cirúrgica à Coluna Expedicionária, fazia-se necessário um número bastante elevado de profissionais. E, assim, as primeiras providências foram tomadas pela “Ordem do Dia” n° 439, da Repartição do Ajudante-General do Exército, de 18.03.1865, determinando que se apresentassem ao referido chefe da Expedição de Mato Grosso, para seguirem destino à mesma Província, os seguintes oficiais do Corpo de Saúde: Capitães 1os Cirurgiões, Doutores Antônio Luiz de Sousa Seixas, Olegário César Cabossu, Joaquim José de Araújo e Aires de Oliveira Ramos; Tenentes 2os Cirurgiões, Doutores Antônio José Pinheiro Tupinambá, José Antônio de Andrade, Galdino de Carvalho e Andrade, Manoel da Silva Daltro Barreto, Cícero Álvares dos Santos, Joaquim Mariano de Macedo Soares e Serafim Luiz de Abreu; Alferes Farmacêuticos Pedro Alexandre Nucator e Tobias Alvim do Amaral ([1]). Antes de prosseguirmos com a narrativa e evolução da Coluna Expedicionária de Mato Grosso, damos, abaixo, traços biobibliográficos destes valiosos facultativos, alguns, infelizmente, bem ligeiros, pela dificuldade de encontrar melhores e completos dados, apesar das pesquisas realizadas.
Capitão 1° Cirurgião, Dr. Antônio Luiz de Souza Seixas, natural da cidade do Salvador [BA], sendo seus pais Joaquim Antônio de Ataíde Seixas e D. Joana Maria de Sousa Seixas. Doutor em medicina pela Faculdade da Bahia, tendo defendido tese, no dia 11.12.1851 (SEIXAS). Assentou praça em 09.02.1852, no posto de Alferes 2° Cirurgião, sendo promovido a Ten 2° Cirurgião, a 02.12.1854 e a Capitão 1° Cirurgião pelo Decreto de 02.12.1859. Sua última designação havia sido na guarnição da Província natal ([2]).
Capitão 1° Cirurgião, Dr. Olegário César Cabossu, natural da vila do Rio de Contas [BA]. Doutor em medicina pela faculdade de sua Província, após defender tese, a 10.12.1851 (CABOSSU). Pelo Decreto de 09.02.1852, entrou para o Serviço de Saúde do Exército, no posto de Alferes 2° Cirurgião, foi promovido a Ten 2° Cirurgião, em 02.12.1854 e a Cap 1° Cirurgião de 02.12.1860 ([3]).
Capitão 1° Cirurgião, Doutor Joaquim José de Araújo. Médico pela Faculdade da Bahia, em 1853. A 2 de janeiro do ano seguinte ingressara no Serviço de Saúde do Exército, no posto de Alferes 2° Cirurgião, sendo promovido a Tenente 2° Cirurgião em 30.09.1857 e a Cap 1° Cirurgião de 02.12.1862. Havia sido agraciado com as Imperiais Ordens da Rosa e de Cristo, nos graus de Cavaleiro. Foi Delegado do Cirurgião-Mor do Exército na Província das Alagoas.
Capitão 1° Cirurgião, Doutor Aires de Oliveira Ramos. Diplomou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1853, quando defendeu tese versando: “Proposições sobre hipertrofia”. Assentou praça, a 02.01.1854, no posto de Alferes 2° Cirurgião, tendo sido promovido, em 23.09.1857, a Tenente 2° Cirurgião, e a Capitão 1° Cirurgião pelo Decreto de 02.12.1862. Serviu na guarnição da Província da Bahia ([4]).
Tenente 2° Cirurgião, Dr. Antônio José Pinheiro Tupinambá, nascido a 22.08.1831, na cidade do Salvador [BA], sendo seus pais Antônio Tupinambá e D. Josefa Maria Pinheiro Tupinambá. Doutor em medicina pela Faculdade de sua Província, em 1853, após defender tese, intitulada: “De hemorrhagiis”. Assentou praça em 21.02.1854, no posto de Alferes 2° Cirurgião, sendo promovido a Tenente 2° Cirurgião aos 23.09.1857. Era portador da insígnia de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa e sua última designação havia sido na guarnição da Província do Maranhão ([5]).
Tenente 2° Cirurgião, Doutor José Antônio de Andrade, natural da cidade do Rio de Janeiro e filho do Sr. José Antônio de Andrade e de D. Felicidade Luiza de Oliveira e Andrade. Doutor em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, quando, a 07.12.1853 (ANDRADE, 1853). Entrou para o Serviço de Saúde do Exército, em 20.03.1854, no posto de Alferes 2° Cirurgião, tendo sido promovido a Tenente 2° Cirurgião pelo Decreto de 23.09.1857.
Foi aluno pensionista do Hospital Militar e da Enfermaria do Arsenal de Guerra da Corte, e por isso contava tempo de serviço de agosto de 1849 a março de 1853, com um pequeno período de interrupção. Encontrava-se servindo no 4° Batalhão de Infantaria, na Corte.
Tenente 2° Cirurgião, Doutor Manoel da Silva Daltro Barreto, natural da Província da Bahia, filho do Dr. José Fabião Daltro Barreto. Diplomou-se pela Faculdade da Bahia, após defender tese de doutoramento, em novembro de 1859. Assentou praça a 28.06.1861, no posto de Tenente 2° Cirurgião. Encontrava-se servindo na guarnição da Corte.
Tenente 2° Cirurgião, Doutor Cícero Álvares dos Santos, natural da ilha de Itaparica [BA], sendo seus pais o Doutor Vicente Ferreira Álvares dos Santos e D: Jerônima Cardoso Marques dos Santos. Médico pela Faculdade da Bahia (SANTOS, 1861). Foi aluno pensionista do Hospital Militar da Bahia, desde 15.11.1859 e ingressara no Corpo de Saúde, a 04.01.1862, no posto de Tenente 2° Cirurgião, contando tempo de serviço durante esse período. Encontrava-se, anteriormente, servindo como 2° Cirurgião do Hospital Militar do Recife ([6]).
Tenente 2° Cirurgião, Doutor Galdino de Carvalho e Andrade, natural de Sergipe, sendo seus pais o Tenente-coronel Felisberto de Carvalho e Andrade e D. Maria Pastora de Carvalho e Andrade. Doutor em medicina pela Faculdade da Bahia, cuja tese defendida em 28.11.1856 (ANDRADE, 1856). Assentou praça pelo decreto de 02.12.1860, no posto de Tenente 2° Cirurgião. Sua anterior lotação havia sido na guarnição da Província Natal.
Tenente 2° Cirurgião, doutor Joaquim Mariano de Macedo Soares, nascido na Fazenda do Bananal, em Maricá [RJ], a 31.07.1836, filho do médico Dr. Joaquim Mariano de Azevedo Soares e de D. Maria de Macedo Soares. No Seminário de S. José fez o curso de humanidades e ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, quando a 15 de setembro e 23 de novembro de 1863, apresentou e sustentou a tese de doutoramento, na augusta presença do Imperador Dom Pedro II (MACEDO SOARES, 1863). Foi primeiro preparador de Anatomia Patológica, aluno pensionista de medicina e cirurgia do Hospital Militar da Corte. No ano de sua formatura era membro conselheiro da Sociedade de Estatística Geral do Brasil e sócio efetivo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, e de outras entidades culturais. Ingressou no Corpo de Saúde do Exército, pelo Decreto de 06.02.1864, no posto de Tenente 2° Cirurgião do Hospital Militar da Corte, em 1865, quando fora designado para servir na Comissão de Saúde da Expedição de Mato Grosso ([7])
Tenente 2° Cirurgião, Doutor Serafim Luiz de Abreu, natural da cidade de Jaguarão [RS], sendo seus pais o Sr. Eufrásio Luiz de Abreu e D. Marcolina Joaquina de Abreu, Doutor em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, quando a 29.11.1864, defendeu tese perante a banca examinadora constituída pelos Professores Drs. Luiz da Cunha Feijó – Presidente, Manoel Maria de Moraes e Valle, Antônio Ferreira França, Mateus Alves de Andrade e Vicente Cândido Figueiredo de Sabóia (ABREU, 1864). Havia sido condecorado com a insígnia de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. Foi interno da extinta Casa de Saúde Previdência e aluno pensionista dos Hospitais da Santa Casa de Misericórdia e Militar da Corte. Assentou praça a 16.01.1865, no posto de Tenente 2° Cirurgião, e encontrava-se, ainda, sem designação ([8]).
Alferes Farmacêuticos Pedro Alexandre Nucator e Tobias Alvim do Amaral. O primeiro entrara para o Serviço de Saúde do Exército, a 09.01.1858 e ocupava, na época, as funções de preparador de química e encarregado da farmácia do Laboratório Pirotécnico do Campinho, na Corte, sendo o número dois, em antiguidade, no quadro de farmacêuticos. O segundo, diplomado em farmácia pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1864, ingressara no Serviço de Saúde a 12.03.1865 ([9]).
Os componentes da repartição de saúde da Coluna Expedicionária de Mato Grosso partem às 14h00 do dia 01.04.1865, da Corte, pelo vapor “Santa Maria” com destino a Santos [SP], em companhia dos demais oficiais de diversas armas e serviços. No mesmo transporte se encontravam o Chefe do Serviço de Saúde e o Comandante Geral da Coluna, como, também, os vinte enfermeiros que completavam o efetivo da repartição. O Imperador Dom Pedro II e o seu genro, o Duque de Saxe, vão a bordo para levar as despedidas e prestigiar com suas augustas presenças a plêiade de oficiais do exército que ia desagravar a nação brasileira na longínqua Província do Império.
Da cidade de Santos inicia uma longa e interminável marcha, repleta de obstáculos de toda natureza, quer sanitários, quer administrativos, agravados pelas dificuldades do terreno da hinterlândia, a precariedade dos transportes e a ausência de recursos locais. No dia 3, às 21h00, chegavam à capital da Província de São Paulo. Aí, a Coluna Expedicionária vai tomar forma com o recebimento e organização da Força, constituída de tropas da guarnição local, Corpo Fixo de Cavalaria, Corpo e Polícia e uma Companhia da Guarnição do Paraná, vinda exclusivamente para anexar-se à Coluna. Na ocasião se anunciava a criação do 7° Batalhão de Voluntários da Pátria que deveria também partir para Mato Grosso, mas terminou seguindo para o sul.
A 10 de abril, pelas 04h00, coberta de garoa, punha-se em marcha a diminuta Força em demanda de Campinas, passando por Jundiaí. O contingente totalizava 563 homens, precariamente armados e disciplinados. No dia 15, a Expedição entrava na cidade de Campinas sendo recebida com alegria pelo povo que se afluiu no percurso da Rua Direita, itinerário dos soldados expedicionários.
Após atravessarem a cidade, foram os nossos soldados acampar e aquartelar-se em casas da fazenda denominada Santa Cruz ([10]). A demora das Forças, nesta cidade, se prolonga pelo espaço de 66 dias, motivada, principalmente, pela ausência de providências administrativas que deveriam ser tomadas, exclusivamente da alçada do Governo Central.
Não havia numerários nem meios de condução das bagagens dos Corpos; nenhum cavalo recebido por conta dos 2 mil mandados comprar pelo Ministério da Guerra, bem como arreios; autorização para o engajamento de tropeiros para o serviço etc… O Tenente-coronel Drago permanece, em Campinas, imobilizado, sem condições de continuar a penetração pela Província de São Paulo.
O Estado Maior da Expedição fica alojado na Câmara Municipal e enquanto não prosseguia a marcha, o povo campineiro recepciona os expedicionários com muito carinho. Dizia o então Tenente Taunay, em carta endereçada à sua irmã Adelaide, em maio de 1865:
A nossa permanência em Campinas tem sido a mais agradável, já não sei quantas festas, saraus, jantares e bailes temos assistidos. Isto sem contar a jogos de prendas de que, todos, diariamente, quase comparticipamos (TAUNAY, 1944). (CONTINUA…)
Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 01.09.2023 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.
Bibliografia
SOUZA, Luiz de Castro. A Medicina na Guerra do Paraguai (I a V) – Brasil – São Paulo, SP – USP, Revista de História, 1968, 1969 e 1970.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
- Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
- Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
- Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
- Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
- Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
- Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
- Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
- Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
- Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
- Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
- Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
- Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
- Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
- E-mail: [email protected].
[1] Diário Oficial. Império do Brasil. Edição de 19.03.1865. (SOUZA)
[2] Este médico militar desligou-se da coluna em território de Mato Grosso e seguiu para o Paraguai, quando pela “Ordem do Dia” n° 15, do Quartel General em Tuiuti, de 21.12.1866, foi nomeado Major Cirurgião-Mor de Brigada em Comissão. Em maio do ano seguinte, foi-lhe concedida uma licença de quatro meses, a fim de tratar de sua saúde no Brasil. (SOUZA)
[3] Teve baixa, por motivo de doença, quando a Expedição se encontrava na Vila Miranda [MT], em fins de 1866, e pelo Decreto de 20.03.1867, foi reformado “por sofrer moléstia incurável que o torna incapaz de continuar no serviço do Exército”. (SOUZA)
[4] Pelo expediente de 25.04.1865, do Ajudante-General, foi determinado que este médico militar seguisse para o Rio da Prata [Diário Oficial, edição de 17.05.1865]. O seu desligamento da coluna deve ter-se dado em Campinas [SP]. Seguiu para o Paraguai, quando foi nomeado Major Cirurgião-mor de Brigada em Comissão, pela “Ordem do Dia” n° 15, do Quartel General em Tuiuti, de 21.12.1866. Serviu no 2° Corpo de Exército, como 1° médico da Enfermaria Central de Tuiuti e nos hospitais de Corrientes. (SOUZA)
[5] Reformou-se este médico militar, na graduação de Major Cirurgião-mor de Brigada, tendo fixado residência na província do Pará. O Dr. Sacramento Blake faz referência a um trabalho do Dr. Tupinambá, sob o título “Análise filológica das vozes radicais da língua ário-tupi, ou idioma tupinambá”, cujos MSS [Maximum Segment Size] se encontravam na Biblioteca Nacional. [Sacramento Blake, obra citada, vol. 1 (pg. 222), 1883]. (SOUZA)
[6] Retirou-se da Coluna Expedicionária quando esta se encontrava na Vila Miranda, sul de Mato Grosso, em 03.10.1866, por motivo de doença. Voltando para o Rio de Janeiro e após recuperar-se, foi o Dr. Cícero Álvares dos Santos nomeado, em 09.04.1867, Capitão 1° Cirurgião em Comissão, com ordens para seguir, na primeira oportunidade, para o sul. Apresentou-se ao Exército em Operações, no Paraguai, a 12.07.1867 e pela “Ordem do Dia” n° 107, de 15.07.1867, era designado para servir na reserva da ambulância que tinha de acompanhar o 1° Corpo do Exército Brasileiro, em marcha. Este médico militar é relacionado na obra atribuída ao Cirurgião da Armada, Dr. Francisco Felix da Costa Pereira, como tendo falecido por males adquiridos na Campanha do Paraguai [Nota 18]. (SOUZA)
[7] Desligou-se da coluna quando esta palmilhava terras da Província de São Paulo e seguiu para o Teatro Principal da Guerra, no sul, onde teve a oportunidade de prestar relevantes serviços junto aos 3 Corpos do Exército, sendo, por isso, elogiado em várias partes oficiais. Dirigiu o Hospital flutuante Anicota. Regressou, do Paraguai, a 25.12.1868, acompanhando doentes e feridos, já no posto de Capitão 1° Cirurgião e com as insígnias de Cavaleiro das Ordens de Cristo e da Rosa. Foi diretor do Hospital Militar, em Andaraí. Reformou-se na graduação de Major Cirurgião-mor de Brigada, pelo decreto de 12.09.1885. Dirigiu o Instituto Benjamin Constant [1889-1895]. Faleceu a 11.05.1925, quase nonagenário. [MACEDO SOARES, 1947]. Martim F. Ribeiro de Andrada, fez publicar em “A Reforma”, de 16.03.1876, nota, agradecendo ao Dr. Macedo Soares, muito expressiva, por ter salvo sua filha Gabriela. (SOUZA)
[8] No acampamento de Coxim, MT, o então jovem oficial Alfredo d’Escragnolle Taunay, começou a queixar-se de precordialgias e palpitações, tendo procurado Dr. Serafim de Abreu, que era para ele “um dos melhores médicos da expedição, mocinho hábil e que saíra da Escola com certa reputação”. Recebeu o diagnóstico de cardiopatia reumática. [TAUNAY, 1948]. O Dr. Serafim de Abreu, retirou-se da coluna na vila Miranda, em fins de 1866, por motivo de doença. A 29.03.1867 era nomeado Capitão 1° Cirurgião em Comissão e com ordens para seguir para o Paraguai. Pela “Ordem do Dia N° 100”, do Quartel General em Tuiuti, de 11.07.1867, mandava servir na reserva da ambulância que deveria acompanhar o 1° Corpo do Exército, em marcha, porém, pela “Ordem do Dia” n° 147, do Quartel General em Tuiuti-Cuê, de 05.11.1867, eram-lhe concedidos 4 meses de licença para tratar de sua saúde, no Brasil. (SOUZA)
[9] O “Almanaque do Exército”, de 1865, erra ao publicar Alves do Amaral, em vez de Alvim do Amaral. (SOUZA)
[10] Hoje, nesse local, se encontra a “Praça Heróis da Laguna”, cuja placa de identificação está completada com a inscrição: “Coluna de Drago aqui acampada em 1865”. Há também, no mesmo logradouro, uma enorme pedra, onde se lê:
“Aqui estacionaram os heróis de Laguna em marcha para o Norte do Paraguai, tendo partido de São Paulo em 10.04.1865, sob o comando do Cel Drago”.
Essas informações nos foram fornecidas por gentileza do eminente historiador da medicina brasileira, Dr. Lycurgo Santos Filho. (SOUZA)
Nota – A equipe do Ecoamazônia esclarece que o conteúdo e as opiniões expressas nas postagens são de responsabilidade do (s) autor (es) e não refletem, necessariamente, a opinião deste ‘site”, são postados em respeito a pluralidade de ideias