Apesar dos acordos firmados na COP26, a recuperação das florestas exigirá esforços extraordinários e décadas de regeneração
O planeta perdeu uma área equivalente a 11 campos de futebol por minuto em 2022. Isso resultou em uma perda de 4,1 milhões de hectares de florestas – quase o tamanho da Suíça, liberando 2,7 gigatons de CO² na atmosfera. Os dados são do Global Forests Watch, que destaca a urgência de proteger as florestas na luta contra as mudanças climáticas e pela preservação da biodiversidade.
No Brasil, que responsável por quase metade do desmatamento global no ano, a perda de florestas primárias aumentou 15%, especialmente na Amazônia. Essa degradação é impulsionada pelo desmatamento não relacionado a incêndios e agravada pela influência do El Niño, que contribui para o aquecimento e o aumento das queimadas em todo o planeta.
Apesar da assinatura da Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso do Solo por 145 chefes de Estado na COP26, a recuperação das florestas exigirá esforços extraordinários e décadas de regeneração.
Florestas tropicais, como a Mata Atlântica, abrigam uma imensa diversidade de espécies e são fundamentais para a estabilidade climática. Cada m² da Mata Atlântica, por exemplo, pode abrigar mais de 1.000 espécies vivas. Só na Amazônia vivem aproximadamente 60 mil espécies de pássaros, plantas, mamíferos, répteis invertebrados, anfíbios, peixes e pássaros – cerca de 15% da biodiversidade do planeta.
A destruição das florestas boreais, como as da Rússia e do Canadá, também é alarmante. “Os tipos de incêndios que estamos vendo hoje não são naturais. São incêndios mais intensos, mais frequentes e maiores, aos quais os ecossistemas [boreais] não se adaptaram ao longo da evolução”, aponta James McCarthy, pesquisador do Global Forest Watch.
O aumento global dos incêndios florestais em todo o mundo está exacerbando os impactos ambientais e levando à poluição atmosférica em cidades como Nova York, Pittsburgh, Montreal e Quebec.
A proteção das florestas é crucial também para a manutenção da regularidade hídrica dos continentes e a regulação climática global.
É necessária uma ação conjunta para conter o desmatamento e preservar esses ecossistemas vitais. O mais urgente estabelecer políticas eficazes para conter o desmatamento – especialmente na Amazônia. Medidas pedagógicas, fiscalização inteligente, combate à mineração ilegal e transformações econômicas voltadas para a bioeconomia são soluções possíveis para preservar essas florestas e, paralelamente, promover o desenvolvimento sustentável.
Recentemente, o Proam promoveu uma série de debates sobre o que fazer para conter o desmatamento na Amazônica. Para Daniel Azeredo, ex-procurador da República em Santarém, no Pará, medidas administrativas e de gestão poderiam conter 80% do desmatamento em prazo de três anos. Alexandre Saraiva, ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, destaca que a a criminalidade na Amazônia foi ampliada e demanda processos inteligentes na estratégia da fiscalização – assista às entrevistas aqui.
por Carlos Bocuhy – postada em: Carta Para O Futuro
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