As Terras Indígenas Roosevelt e Yanomami estão distantes cerca de 2 mil quilômetros uma da outra. Na primeira, o povo Cinta Larga habita uma área onde está assentada uma das maiores minas de diamante do mundo. Na segunda, os garimpeiros invadiram tudo o que puderam do grande território na remota divisa entre Roraima e Amazonas em busca de ouro e cassiterita. Ambas enfrentaram devastadores anos em que a mineração ilegal avançou num ritmo sem precedentes, ameaçando a sobrevivência dos indígenas. Nesses 100 primeiros dias, o governo Lula vem fechando o cerco ao garimpo na TI Yanomami. Já se fala em esperança por lá, ao contrário dos Cinta Larga, que se sentem abandonados e desprotegidos.

Garimpo ilegal na TI Roosevelt (Foto: Marcela Bonfim/Amazônia Real/2015)

Porto Velho (RO) e Manaus (AM) – O “Garimpo Lage”, conhecido também como Garimpo do Roosevelt, avança sobre uma extensão de 25 quilômetros na região central da Terra Indígena (TI), localizada no município de Espigão D’Oeste, no Estado de Rondônia. Só essa mineração quase dobrou de tamanho nos últimos sete anos. Em 2016, conforme apurou a Amazônia Real, ela ocupava uma faixa de terra de 13 quilômetros de extensão.

Mas, neste ano, Gilmar Cinta Larga, 37 anos, liderança da Jiqui, uma das cerca de 30 aldeias da Roosevelt, constatou que o ritmo de extração ilegal de diamantes subitamente desacelerou. A prova é que o número de dragas passou de 100 no governo de Jair Bolsonaro (PL) para 30 no de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Os garimpeiros estão com medo de fazer investimento. O custo ficou alto”, diz ele, referindo-se ao compromisso de retirar os garimpeiros das TIs firmado por Lula durante a campanha eleitoral.

Diante da falta de ação federal em outros garimpos na região amazônica, ao menos sete dragas insistem em praticar à luz do dia a mineração ilegal. Eles atuam bem diante da aldeia de Gilmar, onde vivem quatro famílias Cinta Larga. São sete dragas na aldeia de Gilmar e 30 em toda Reserva Roosevelt. Em cada uma dessas embarcações trabalham cerca de cinco pessoas. O número de Cinta Larga em toda TI Roosevelt é estimado em 400 indígenas, enquanto o de garimpeiros chega a 150. A quantidade de dragas e trabalhadores ilegais no Garimpo Lage é pequena na comparação com o ano de 2004, quando Roosevelt chegou a reunir 5 mil garimpeiros. Naquele ano, Lula estava em seu segundo ano do primeiro mandato presidencial.

Até agora, quando se completam 100 dias do terceiro governo de Lula, não houve uma ação para coibir a mineração ilegal na Reserva Roosevelt. Nem lá nem em outros territórios indígenas da Amazônia, como os dos povos Munduruku e Kayapó. A exceção foi a operação na TI Yanomami, que se tornou midiática e mobilizou, por alguns dias, o País e o mundo em torno da crise humanitária vivida por aquele povo. “Até agora o novo governo só está de promessa. Eu espero que o governo PT implante o que ele tem falado nas propostas deles. Criaram um Ministério dos Povos Originários, mas sem orçamento”, enfatiza Gilmar.

Por  e , da Amazônia Real

CONTEÚDO, NA ÍNTEGRA, DISPONÍVEL EM: AMAZÔNIA REAL – Terra Roosevelt beira o colapso – Amazônia Real (amazoniareal.com.br)

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