Estudo publicado foi produzido pelo Instituto Mamirauá e organizações parceiras
Você sabia que a extensão máxima de inundação ao longo das várzeas da Amazônia Central aumentou 26% desde 1980? Porcentagem que representa uma área equivalente ao tamanho da Bélgica. Essas mudanças na estrutura hidrológica do maior sistema fluvial do mundo e suas implicações são desenvolvidas no artigo “Aumento das inundações nas várzeas do Rio Amazonas desde 1980”. O estudo foi realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) em parceria com outras instituições, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Institut de Recherche pour le Développement (IRD/França).
Com dados e análises inéditas, o estudo apresenta dois efeitos contrastantes das mudanças climáticas, que é a seca e as inundações que as regiões ao longo da bacia do rio Amazonas têm enfrentado. Enquanto, em alguns casos, as secas ocorrem na região, no mesmo ano uma inundação extrema pode atingir outro trecho do rio principal. Estas variações ainda requerem mais estudos, como está descrito no artigo: “Embora as evidências de uma mudança para um novo regime hidroclimático na bacia amazônica estejam aumentando, as projeções climáticas permanecem incertas sobre os efeitos das mudanças climáticas na vazão de rios, nos níveis de água e nas inundações das várzeas”, diz trecho do artigo.
Impactos socioambientais
Todas as mudanças hidrológicas apresentadas trazem inúmeras consequências para os ecossistemas de várzea e as populações que dependem deles. Ayan Fleischmann, hidrólogo do Instituto Mamirauá e o primeiro autor do artigo, explica os impactos socioambientais dessas variações. “Com inundações mais extremas temos grandes impactos na agricultura de várzea, pesca, habitação, transporte. As pessoas têm que adaptar as casas, muitas vezes elevando as casas ou mesmo construindo um segundo andar, para não perder seus pertences. Inundações extremas e duradouras (e muitas vezes, inesperadas) podem acabar com a colheita do ano”, afirma o pesquisador.
Ayan ainda conta que estas mudanças podem, inclusive, gerar os chamados refugiados climáticos, que são pessoas que decidem migrar devido às dificuldades impostas pelas mudanças ambientais, além de também afetar o habitat de animais. “Estas inundações mais extremas também fazem com que as comunidades fiquem mais tempo alagadas ao longo do ano e também aumentam a conectividade entre rios e várzea, afetando os ecossistemas associados, por exemplo, os peixes que migram entre rio e várzea como o pirarucu”.
Diante das análises e dos efeitos das inundações, o artigo traz a indagação se, de fato, é o aquecimento global que está potencializando o aumento das inundações nas várzeas do Rio Amazonas. Este fenômeno é oriundo de uma série de ações humanas que provocam o aumento da emissão de gases, intensificando o efeito estufa e elevando a temperatura média da Terra, entre vários outros efeitos, Para além disso, o estudo também visa requerer dos governos locais e nacionais e organizações internacionais o fortalecimento de medidas de mitigação, principalmente para as populações vulneráveis que vivem ao longo das várzeas amazônicas.
Texto: Nayá Tawane – Publicado por: Instituto Mamirauá – Em 40 anos, a extensão de áreas inundadas na Amazônia aumentou mais de 20% (mamiraua.org.br)
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