No último sábado (04), as equipes do Museu Goeldi e do Instituto Igarapé-Nhamundá se uniram em uma ação que levou cerca de mil quelônios, nascidos no Parque Zoobotânico do Goeldi, para a introdução desses filhotes em ambiente livre na região de Oriximiná.

Agência Museu Goeldi – O centenário Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emilio Goeldi é um berço de plantas e animais que lá habitam. E entre os animais que mais se reproduzem no Parque do Museu estão os quelônios, como as Tartarugas da Amazônia.

No começo de março de 2023, a estimativa era de que o Museu Goeldi abrigava cerca de quatro mil e quinhentos exemplares de quelônios, um número expressivo que se deu por conta do ambiente favorável, bons tratos e alta taxa de reprodutividade, que gira em torno de 500 filhotes nascidos por ano.

Pensando em uma melhor acomodação dos animais no Zoobotânico e em favorecer a existência de Tartarugas da Amazônia em seu ambiente natural, a equipe do Museu Goeldi entrou em contato com o Instituto Igarapé-Nhamundá para realizar uma nova soltura dos filhotes na região próxima a Santarém.

Ao todo, aproximadamente, mil animais foram levados via aérea com apoio do Governo do Pará e envolvimento da Polícia Ambiental para a região de soltura. E entre as espécies que serão soltas estão, além de exemplares de Tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), o Tracaja (Podocnemis unifilis) e Aperema (Rinoclemmys punctularia).

A escolha do Instituto Igarapé-Nhamundá foi feita tendo em vista suas ações em trabalhos sociais e de educação ambiental. A proteção de quelônios foi uma causa muito importante ao naturalista Emilio Goeldi, cientista que dá o nome a instituição, e que defendia a importância da manutenção da espécie nos rios da Amazônia, ameaçada principalmente pela caça predatória.

Antônio Messias Costa, médico veterinário do Museu Goeldi, reforça a importância da ação “É muito gratificante dar a chance para que indivíduos da espécie, nascidos e criados no local onde Goeldi trabalhou, voltem ao seu local de origem – o habitat natural. Uma história a ser contada nas comunidades das áreas de soltura desses animais”

Quelônios na Amazônia – Existem dezesseis espécies de quelônios que habitam o bioma amazônico. Dentre essas, Tartaruga-da-Amazônia, tracajá e Iaçá são espécies que desovam em praias e barrancos de lagos, o que aumenta sua predação, tanto de indivíduos adultos quanto de seus ovos.

A introdução de cerca de mil indivíduos das espécies Tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), Tracaja (Podocnemis unifilis) e Aperema (Rinoclemmys punctularia) em seu habitat natural na região de Oriximiná tem como foco contribuir para a conservação de quelônios, principalmente nas proximidades das comunidades da região sensibilizadas em prol da causa ambiental. “Em toda a Amazônia a caça de subsistência causa grande pressão sobre as espécies, culturalmente apreciadas como alimento. O fato da introdução de mil filhotes, com idade entre 6 meses e 1 ano, os torna mais viáveis à sobrevivência”, comenta Messias.

A parceria com o instituto Igarapé-Nhamundá soma nesta luta pela conservação dos quelônios. O instituto tem compromisso com a conservação das espécies, apoiando iniciativas que sensibilizam e beneficiam o homem e a região. Anteriormente o Goeldi já havia feito parcerias para transferência de indivíduos da espécie de Quelônios com a SEMA e Batalhão de Policia Ambiental e futuramente pretende continuar a firmar parcerias que garantam a existência desses animais em seus habitats de origem.

Após a transferência dos filhotes, em torno de três mil e quinhentos quelônios continuam fazendo parte da coleção viva do Parque Zoobotânico, que é formada por animais vítimas do desmatamento e do tráfico ilegal, trazidos por órgãos ambientais. Na instituição podem permanecer aqueles que não tem mais condições de viver em seu ambiente natural e que recebem cuidados e tratamento da equipe de Veterinária do Museu Goeldi.  A coleção conta com exemplares de aves, peixes, répteis e mamíferos, além dos citados quelônios.

Atualmente, quem visita o Parque Zoobotânico do Goeldi pode ver exemplares de Jabuti-do-pé-vermelho ou Jabuti- Piranga (Chelonoidis carbonaria), Jabuti-do-pé-amarelo (Chelonoidis denticulata), Tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), Cabeçudo (Peltocephalus dumerilianus), Tracajá (Podocnemis unifilis), Muçuã (Kinosternon scorpioides), Mata-matá (Chelus fimbriatus) e Perema (Rhinoclemmys punctularia).

Ficou curioso? Para conhecer algumas das espécies citadas nesta matéria viste o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emilio Goeldi, localizado no centro de Belém, capital do Pará.

Texto: Nina Dacier – Edição: Joice Santos – PUBLICADO POR: MUSEU GOELDI – Um novo habitat para os filhotes de quelônios do Museu Goeldi — Museu Paraense Emílio Goeldi (www.gov.br)