Graças ao Ten Cel Vandir Pereira Soares Júnior e ao ST Luiz Mário Severo Ávila tive acesso, no dia 09.02.2019, à coletânea do Periódico “O Pium”, criado em maio de 1974, pelo Sr. Ten Cel Eng QEMA João Tarcízio Cartaxo Arruda, Comandante do 6° BEC, que relata o dia-a-dia da valorosa família do “Batalhão Simón Bolívar”.

O Canoeiro Hiram Reis e Silva

Reproduzirei um deles cujo conteúdo reflete muito bem o tenebroso momento histórico que hoje vivenciamos e a aurora precursora que iluminou os horizontes da Pátria novamente. Como disse o Gen Ex Maynard Marques de Santa Rosa:

Os chefes militares da época não se omitiram de assumir os riscos inerentes ao desafio, e agiram com coragem moral e decisão, afastando a ameaça.

O PIUM
* Eu vi minha Pátria Renascer – 31 de Março *

Eu vi minha Pátria Renascer esplêndida, majestosa, altaneira. Eu vi minha Pátria reviver em meio das brigas, das lutas, do vendaval pavoroso da multidão enlouquecida. Era um cenário rude, torpe, muito es­tranho. O respeito não mais distinguia os ambientes de trabalho; o calor humano não tinha valor algum perante os interesses materiais.

Só a baderna encontrava destaque nos setores onde, frequentemente se alicerçava a discórdia. O quadro apresentado nada mais era do que um cenário de indisciplina e desrespeito. Minha Pátria queria sobre­viver, impor a ordem, dignificar o respeito à criatura humana.

Sentia o peso da responsabilidade que lhe cabia de manter incólume as glórias de sua tradição; de pre­servar a ação benemérita de seus antepassado, de defender o valioso patrimônio histórico de suas gló­rias, conquistadas atreves dos tempos, em longos anos de extremado sacrifício. O panorama da época se mostrava entristecedor. Não se divisava entendi­mento. Eram feitos degradantes onde o ódio palmi­lhava à risca sua trilha nefanda.

O princípio de autoridade sucumbia de maneira deprimente, cedendo lugar aos abusos da ação licenciosa. Era um verdadeiro tumulto. Minha Pátria esteve à beira do abismo, seduzida sorrateiramente pelo engodo de falsos compatriotas, os famigerados do poder que, no intuito de conquista-lo, se lançaram no mísero ridículo da hipocrisia. A dignidade levianamente ia decrescendo de valor, subestimada em detrimento da maldade, na preservação da imunda crueldade.

Só se falava em guerra, greve, revolta, na luta dos direitos forjados como justificativa de toda desordem. A ordem e a justiça eram ridicularizadas em plena via pública numa projeção clamorosa que atingia as raias da traição. Era sem dúvida um quadro deprimente.

Minha Pátria dileta, cuja bandeira tremula altaneira em nossos mastros, nos quartéis, nos navios, nas escolas, nas Unidades de Fronteira, da mais próxima à mais distante, simboliza em nossos corações o amor arraigado pela Terra que nos viu nascer.

E quando ameaçada em sua soberania, nos estimula ao processo de uma réplica austera, como sinal de resposta ao insulto provocado. O grupo da veleidade se constituía de pequena facção e foi por isso que não teve condição de sobreviver, apesar da força aparente que manifestava ter.

Em boa hora surgiu a Revolução de 31 de março de 1964, que teve como sustentáculo básico a mão redentora da Divina Providência, permitindo que as Forças Armadas, alicerçadas em homens de bem e de caráter elevado, assumissem as rédeas do poder e salvaguardassem e integridade de nossa Pátria, cuja soberania esteve seriamente comprometida.

São decorridos onze anos. Hoje, em todos os quadrantes do Brasil, comemora-se esta maravilhosa data que representa o repúdio e extermínio à essa grande chaga do totalitarismo que tentarem lançar no coração da nossa sacrossanta Nação, batizada que foi com o nome de Terra de Santa Cruz.

Brasileiros fieis que somos, ainda miramos espan­tados os perigos porque passamos e nos rejubilamos com o evento da grande data, que nos restituiu a paz, e confiança e a tranquilidade de vivermos numa terra ordeira, onde se cultiva o amor, atributo legado de nossos antepassados.

No momento preciso, saberemos sempre nos defender com denodo, espírito da brasilidade e alma verdadeiramente patriótica.

Ten Saraiva (O PIUM, N°10)

Bibliografia 

O PIUM, N°10. Eu vi minha Pátria Renascer – 31 de Março – Brasil – Boa Vista, RR – Informativo Mensal do 6° BEC, 20.03.1975.

 A Revolução de 31 de março na mídia 

REVOLUÇÃO DE 31 DE MARÇO NA MÍDIA

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 31.03.2023 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

 (*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: [email protected].

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