Ambiente é o Meio desta semana a convidada é a oceanógrafa Anne Helene Fostier, pesquisadora e professora do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fala sobre a contaminação por mercúrio na Amazônia. Especialista em química ambiental voltada para contaminantes inorgânicos, principalmente mercúrio e arsênio, e orgânicos (fármacos) no ambiente, a professora fala sobre a contaminação por mercúrio na Amazônia.

Usado na extração do ouro, o mercúrio é lançado “diretamente no solo e no fundo dos rios”, adianta Anne, e se torna fonte de contaminação. Na Amazônia, explica a professora, o ouro é encontrado “na forma de finas partículas, nos sedimentos no fundo dos rios ou nos solos também”. Quando o ouro se apresenta em finas partículas, é preciso utilizar o mercúrio, que forma um amálgama, uma liga, “porque os metais preciosos, como a prata e ouro, têm uma forte afinidade com o mercúrio”.

Como mercúrio é muito pesado, continua a professora, “é muito mais fácil de recuperar essa liga, esse amalgama. Uma vez recuperado e separado, o garimpeiro queima o amálgama” e o mercúrio vai diretamente para a atmosfera, ocasionando “um dos grandes problemas ambientais” ligado ao metal.

“O próximo passo nesse processo é contaminar os seres vivos, sejam eles plantas ou animais”, alerta Anne, principalmente, nos ambientes aquáticos. “O mercúrio é muito tóxico” e, ao longo da cadeia alimentar, vai se acumulando e gerando problemas, principalmente, para as populações ribeirinhas, que “estão expostas a contaminação por mercúrio via alimentar”, completa professora.

PUBLICADO POR: Jornal da USP – Ambiente é o Meio #75: Mercúrio gera fontes de contaminação nos rios e solos da Amazônia – Jornal da USP