O censo que acontece duas vezes ao ano, teve início dia 4 de fevereiro e finalizou a primeira etapa no dia 19 do mesmo mês, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

Crédito da foto: Thiago Bicudo – Postada em: Instituto Mamirauá

O Censo Neotropical de Aves Aquáticas (CNAA) está sendo realizado pela primeira vez esse ano em fevereiro com o objetivo de chamar atenção para a importância das aves e dos ambientes aquáticos. A segunda etapa está marcada para acontecer de 1 a 16 de julho e ajudará os pesquisadores a obterem dados e estimativas populacionais das aves aquáticas, ampliando o conhecimento sobre espécies pouco compreendidas.

O CNAA é integrado ao International Waterbird Census, no Brasil, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), o programa de monitoramento mais longo e abrangente do mundo. Atualmente, todos os países da América do Sul estão participando, em especial o Brasil, via a participação do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) na região do Médio Solimões, na Amazônia. Durante o censo, os pesquisadores e observadores de aves avaliam as condições ambientais e as áreas habitadas pelas aves, identificando e monitorando essas áreas úmidas que são consideradas de importância internacional.

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM) é um dos sítios brasileiros da Convenção de Ramsar, da ONU, que confere importância a áreas alagadas do mundo inteiro e é considerada um dos locais prioritários para a realização deste censo no país. O biólogo e pesquisador de bioacústica, Thiago Bicudo, explica que as contagens raramente cobrem todos os indivíduos de uma população, mas quantificam uma amostra da população. Utilizando métodos padronizados de contagem, a proporção da população de cada espécie varia pouco de ano para ano. “Assim, embora a contagem de aves aquáticas geralmente não possa ser usada para determinar tamanhos populacionais absolutos, é possível descobrir como os números de cada espécie estão mudando ao calcular as tendências populacionais,” explica.

Ainda segundo o pesquisador, o monitoramento a longo prazo irá fornecer dados importantes sobre as espécies de aves aquáticas presentes na RDS Mamirauá, podendo trazer registros sobre espécies migratórias e suas estimativas populacionais ao longo dos anos. “Os resultados podem vir a subsidiar projetos de pesquisa que visam a conservação destes ambientes e os organismos a ele associados,” aponta.

Neste censo foram detectadas 18 espécies de aves aquáticas, entre elas: Ardea alba, Egreta thula, Butorides striata, Mesembrinibis cayennensis, Phaetusa simplex, Jacana jacana, Cairina moschata, Dendrocygna autumnalis, Tigrisoma lineatum, Chloroceryle amazona, Megaceryle torquata, Anhinga anhinga, Aramus guaraúna, Anhima cornuta, Phalacrocorax brasilianus, Porphyrio Martinica, Pilherodius pileatus, Ardea cocoi. Entre essas, Arde alba e Phalacrocorax brasilianus foram as mais abundantes para a região, com mais de 1000 indivíduos registrados. O censo com todas as informações fica disponível no banco de dados do site do CEMAVE.

Texto: Stéffane Azevedo – PUBLICADO POR: INSTITUTO MAMIRAUÁ – Pesquisador realiza na Reserva Mamirauá monitoramento de aves aquáticas; trabalho é considerado o mais abrangente do mundo (mamiraua.org.br)