Boa Vista – Cinquenta e oito crianças com quadro de desnutrição, sendo 12 em estágio grave. Os números mostram a situação da Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami em 2 de fevereiro deste ano. A situação levou a Defensoria Pública da União (DPU) a pedir o tratamento adequado a todas as crianças yanomami com desnutrição grave, com aplicação de protocolo do Ministério da Saúde.

Foto postada em: DPU

A medida foi solicita após visita realizada à Casai em missão de defensoras e defensores públicos federais de 24 a 27 de janeiro. Eles verificaram que o fluxo de atendimento das crianças está em “evidente descompasso com o preceituado pelo Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave em Nível Hospitalar do Ministério da Saúde”.

O documento do ministério explica que “a desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente”. “Assim, esta DPU observou que há várias crianças Yanomamis desnutridas com risco de morte pela desnutrição e que não estão recebendo o tratamento adequado”, diz parte do ofício.

Para garantir o direito à saúde e à vida dessas crianças, a DPU aponta que o protocolo do Ministério da Saúde para desnutrição infantil grave deve ser aplicado, inclusive, em ambiente hospitalar. Isso deve ocorrer “mesmo que sejam em hospitais de campanha montados por agentes do Estado ou agentes em colaboração com o Estado”.

O ofício da DPU foi encaminhado na sexta-feira (3) à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, à direção do Hospital da Criança Santo Antônio e às Coordenações Nacional e Local do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomami). A instituição também solicita, no documento, o estabelecimento de cronograma para triagem de crianças com desnutrição em área do território Yanomami.

Como estava o atendimento

Durante a visita, as defensoras e defensoras observaram várias indígenas com filhos pequenos se alimentando e que algumas destas crianças apresentavam características físicas de desnutrição evidente.

A equipe de nutricionistas da Casa explicou que mesmo as crianças em desnutrição grave não estavam recebendo acompanhamento hospitalar. De acordo com a equipe do local, o atendimento estaria restrito a crianças que, além de desnutridas, estivessem com alguma comorbidade que, por si, justificasse a internação como pneumonia ou malária, por exemplo.

Além disso, o tratamento da desnutrição, sem considerar outras comorbidades, estaria restrito a medidas de vermifugação, sendo mantida a alimentação comum. “Vale destacar que a alimentação servida no almoço, durante a inspeção realizada pela DPU, se resumia em arroz, farofa, proteína branca, fruta cítrica, salada simples, pedaço de batata”, diz ofício da DPU.

Ainda em missão, os representantes da DPU estiveram no Hospital da Criança Santo Antônio, também em Boa Vista (RR), para buscar esclarecimentos quanto aos procedimentos e tratamentos oferecidos às crianças indígenas.

Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União – DPU pede tratamento adequado para crianças yanomami com desnutrição grave