A visita de dom Leonardo em Boa Vista continuou com um encontro com lideranças indígenas na sede do Conselho Indígena de Roraima (CIR). O cardeal recebeu o informe “Yanomami sob ataque”, um relatório sobre a violência contra o Povo Yanomami, entregue em abril de 2022 aos 3 poderes, executivo, legislativo e judiciário.
A Igreja da Amazônia foi mais uma vez ao encontro dos povos indígenas, eternas vítimas de um sistema que não duvida em colocar o lucro acima da vida das pessoas. Dom Leonardo Steiner, o cardeal da Amazônia, chegou a Boa Vista, capital do Estado de Roraima, para mostrar em nome do Papa Francisco e da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sua solidariedade ao Povo Yanomami.
O cardeal da Amazônia, que foi acompanhado pelo padre Lúcio Nicoletto, administrador diocesano de Roraima, e pelo padre Corrado Dalmonego, um dos grandes conhecedores do mundo yanomami, afirmou vir a Boa Vista “para me encontrar com lideranças indígenas para um diálogo, para uma escuta, para assim podermos como Igreja ainda estarmos mais presentes”. Depois de visitar doentes na Casa de Saúde Indígena Yanomami em Boa Vista, o arcebispo de Manaus insistiu em que “a Igreja católica sempre se fez muito presente junto aos povos indígenas, e nesse momento de dificuldade aqui no Estado de Roraima, especialmente junto ao Povo Yanomami, nós queremos marcar essa presença”. Sua visita na SESAI, foi momento em que ele esteve “conversando, dialogando, vendo as necessidades e realmente a situação de desnutrição é muito grande, é preocupante”.
Segundo o cardeal Steiner, “os motivos todos nós já sabemos, o porquê da desnutrição, mas em diálogo agora com algumas lideranças, nós percebemos que existem diversos elementos onde nós podemos dar a nossa contribuição, ajudar”. Ele ressaltou que de parte da Igreja católica, “nós queremos ser solidários, são filhos e filhas de Deus, são pessoas que vivem em regiões distantes, que são povos desassistidos pelo governo nos últimos anos e nós sabemos que a dificuldades que estamos a ver não é nova”.
O arcebispo de Manaus destacou o trabalho de denúncia realizado pela Igreja nos últimos anos, sobretudo através do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que “durante muito tempo tem denunciado, tem falado, tem publicado inclusive relatórios e nós queremos neste momento mostrar a nossa proximidade, nossa solidariedade e vermos com os governos o que podemos fazer para que esses povos possam continuar a viver, mas possam especialmente viver e viver bem”.
A visita de dom Leonardo em Boa Vista continuou com um encontro com lideranças indígenas na sede do Conselho Indígena de Roraima (CIR). O cardeal, que recebeu o informe “Yanomami sob ataque”, um relatório sobre a violência contra o Povo Yanomami, entregue em abril de 2022 aos 3 poderes, executivo, legislativo e judiciário, onde são recolhidos depoimentos e dados que mostram os efeitos devastadores do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, enfatizou a necessidade de articulação das organizações indígenas, que na atualidade contam com pessoas muito bem-preparadas e altamente organizadas.
Dom Leonardo fez saber às lideranças indígenas o apoio do Papa Francisco, a quem enviará um relatório de sua visita, e da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Posteriormente foi escutando as dores do Povo Yanomami, que segundo as lideranças se resumem em quatro elementos: garimpo, desnutrição, fome emergencial e malária. Eles reconhecem o apoio histórico da Igreja de Roraima aos povos indígenas, insistindo em que não é novidade o que está acontecendo. Diante desse cenário alarmante, as organizações indígenas, que se reconhecem mais estruturadas para enfrentar, denunciam a tentativa da mídia de esconder a realidade e afirmam que a maior bandeira é defender a vida dos povos.
Segundo as organizações indígenas, boa parte do Povo Yanomami está morto espiritualmente pela destruição da floresta, pelos assassinatos e ataques de todo tipo que sofrem, humilhações, estupros, roubo de crianças, suicídios, todos eles consequência do garimpo, que tem levado 120 comunidades Yanomami a estar em situação de grave calamidade. As lideranças não duvidam em dizer que “quem está matando é o garimpo, que está na Terra Indígena e na cidade”, insistindo em que “o garimpo está banhado de sangue”, algo que acontece à vista de todos em Roraima. Por isso, eles pedem, como tem pedido em todas as instâncias, inclusive governamentais, a retirada imediata dos garimpeiros, a proteção do território e das lideranças indígenas.
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