Descendo o Rio Branco 

Correio Braziliense, n°18.566, 26.03.2014

Boa Vista – II, 24 a 30.08.2018
Parte III

Correio Braziliense n°18.531
Brasília, DF ‒ Quarta-Feira, 19.02.2014

Entrevista Fernando Henrique Cardoso
Qualquer Ação externa Precisa ser Cautelosa

Em entrevista ao Correio, por e-mail, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou que teve o nome mencionado para uma possível comissão de investigação sobre abusos dos direitos humanos na Venezuela.

Ele defendeu esforços de apaziguamento entre a oposição e o governo de Nicolás Maduro e admitiu a influência da crise econômica na convulsão social do país vizinho.

Como o Senhor Analisa o Pedido de Formação de uma Comissão Para Zelar Pelos Direitos Humanos?

Além dos nomes citados [o dele próprio, o de Óscar Arias, Ricardo Lagos e Ernesto Samper], Felipe González [senador do México] foi indicado para, eventualmente, compor uma comissão. Precisamos verificar se há disposição verdadeira de diálogo, tanto por parte do conjunto dos líderes oposicionistas como do governo venezuelano. Em qualquer caso, cabe um apelo pela pacificação do país e pela manutenção das regras democráticas.

De que Forma o Senhor Examina a Crise Política na Venezuela e a Decisão do MERCOSUL de dar Respaldo a Maduro?

Não tenho suficientes informações para avaliar a profundidade da crise política. Parece claro, isso sim, que há descontrole econômico que gera instabilidade social e, eventualmente, política.

O Senhor Acredita que há Violações de Direitos Humanos e Atropelo das Cláusulas Democrá­ticas na Venezuela, Ante a Repressão Exercida Pelo Governo?

Pela leitura do noticiário, parece que sim. Mas qual­quer ação externa precisa ser cautelosa para não agravar ainda mais uma situação já delicada.

Qual Seria a Saída Para a Crise Venezuelana, na Sua Opinião?

[…] De qualquer maneira, é preciso um esforço de apaziguamento, de lado a lado, posto que situações de força são estranhas às democracias. Assim como é importante que as oposições se entendam quanto a métodos de luta e objetivos, no pressuposto de que as regras estatuídas devem ser preservadas, desde que sejam constitucionais e democráticas. (CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.531)

Correio Braziliense n°18.566
Brasília, DF ‒ Quarta-Feira, 26.03.2014

O Presidente Nicolás Maduro escolheu o momento da reunião com os chanceleres da União de Nações Sul-Americanas que visitam a Vene­zuela, ontem, para anunciar a prisão, na noite anterior, de três Generais acusados de planejar um golpe de Estado, em conexão com setores da oposição civil.

Os oficiais, que não tiveram os nomes divulgados, estão, segundo o presidente, em uma prisão militar aguardando julgamento. A descoberta da suposta conspiração coincide com os esforços do governo chavista para provar aos países vizinhos que é vítima de um “golpe contínuo”, promovido por “grupos fascistas da extrema direita”.

Capturamos três Generais da aviação que vínhamos investigando, graças à poderosa moral de nossas Forças Armadas. Três Generais que pretendiam se rebelar contra o governo legitimamente constituído”; declarou Maduro aos chanceleres, entre eles o brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo. Segundo o presidente, os acusados mantinham “vínculos diretos com setores da oposição” e foram denunciados por colegas, “alarmados” com a convocação para que “pegassem em armas” contra o governo.

Essa não é a primeira vez que Maduro denuncia uma trama golpista, apesar de nunca ter sido comprovada publicamente nenhuma tentativa de derrubá-lo. Até ontem, porém, nenhum participante dos alegados complôs havia sido preso. A notícia das detenções foi feita em um pronunciamento televisionado, durante a reunião com os chanceleres da UNASUL.

Os ministros iniciavam uma visita oficial de dois dias para avaliar a instabilidade política no país e favore­cer a abertura do diálogo. Desde o início de fevereiro, grupos de oposição protagonizam intensas manifestações contra Maduro.

Segundo o Itamaraty, além de ter se encontrado com o presidente, a missão se reuniu com o vice, Jorge Arreaza, e com o chanceler, Elías Jaua.

Também estão previstos encontros com represen­tantes da Conferência Nacional de Paz e com organi­zações de direitos humanos. A imprensa venezuelana informou que uma reunião com membros da oposição, não incluída na agenda prévia, era esperada para a noite de ontem.

Repressão

Mais de 30 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas durante manifestações contra e a favor do governo.

Enfrentamos 16.270 atos violentos e ataques. Trinta e cinco vítimas perderam a vida. Todas [as mortes] são responsabilidade direta dessas manifestações”, afirmou ontem o presidente, que se disse aberto ao diálogo e denunciou os protestos como uma “tentativa constante” de tirá-lo do poder, como aconteceu em 2002 com seu sucessor e mentor, Hugo Chávez.

Convite ao Congresso

A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Na­cional [CREDN] da Câmara dos Deputados discute hoje a aprovação de um convite para que a Deputada venezuelana Maria Carina Machado venha ao Brasil esclarecer, em audiência pública, “os even­tos que levaram à perda de seu mandato eletivo”.

No mês passado, a comissão cobrou do governo bra­sileiro um posicionamento claro em relação às de­núncias de violação de direitos humanos no país vizi­nho ‒ que exerce a presidência rotativa do MERCOSUL.

Paralelamente, à repressão a opositores se intensificou no último mês, com a detenção de políticos adversários e a cassação do mandato da Deputada anunciada na Segunda-feira pelo presiden­te da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.

Na semana passada, a parlamentar participou de uma reunião da Organização dos Estados Americanos [OEA], como representante alternativa do Panamá. A intenção de Machado era fazer um pronunciamento criticando o governo, mas o plano foi frustrado por uma articulação da diplomacia, que conseguiu derru­bar da pauta o debate sobre a crise venezuelana.

Machado, que estava em Lima quando sua cassação foi anunciada, afirmou que voltará hoje para Caracas. “Conheço os meus direitos. Sou Deputada e tenho imunidade parlamentar”, disse ela.

Uma delegação de parlamentares anunciou a aber­tura de um “recurso de ação coletiva em apoio aos direitos dos cidadãos e das garantias constitu­cionais”, na tentativa de reverter a destituição. A oposição reclama de problemas como insegurança, escassez de produtos básicos e inflação galopante, e acusa o governo de criar distrações para os problemas sociais.

O salário mínimo na Venezuela, hoje, é duas vezes mais baixo que a média da América Latina, depois de Cuba”, denunciou no Twitter o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, um dos líderes da oposição, derrotado por Maduro na disputa presiden­cial de 2013 por uma diferença na casa de 1% dos votos. (CORREIO BRAZILIENSE N°18.566)

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 04.01.2023 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

Bibliografia

CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.531. Entrevista Fernando Henrique Cardoso – Brasil – Brasília, DF – Correio Braziliense n°18.531, 19.02.2014.

CORREIO BRAZILIENSE, N°18.566. Maduro Anuncia Prisão de Generais Golpistas ‒ Brasil ‒Brasília, DF ‒ Correio Braziliense n°18.566, 26.03.2014.  

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: [email protected]

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