Descendo o Rio Branco
Boa Vista – I, 24 a 30.08.2018
De manhã cedo apresentei-me ao Comandante do 6° BEC Ten Cel Eng Vandir Pereira Soares Júnior e ao Maj Eng Jefferson Fidélis Alves da Silva – SCmt do 6° BEC que, imediatamente, hipotecaram total apoio à expedição. O “Argo I”, que tinha sofrido algumas avarias no transporte de Santarém (PA) para Rio Branco (AC) e na Descida do Rio Acre, tinha sido totalmente restaurado ‒ mais uma vez a cortesia azul turquesa se manifestava estampada no próprio casco do Argo I.
Nos primeiros dias fiquei acomodado na casa de Apoio dos Oficiais e depois fui transferido, a pedido, para a dos Sargentos. Embora as duas instalações fossem igualmente muito confortáveis e higiênicas eu, sinceramente, me senti mais à vontade na dos sargentos, mais ampla, dotada de amplos jardins e uma fauna exótica [Iguana iguana) bastante numerosa.
6° Batalhão de Engenharia de Construção
(Seção de Comunicação do 6° BEC)
ALUSIVO DOS 50 ANOS
DE CRIAÇÃO DO 6° BEC
No final da década de 60, dentro do contexto das ações estratégicas do Governo Federal de ocupar e povoar a Região Amazônica, e diante das tensões existentes ao longo da faixa da fronteira com a República da Guiana, o Governo Federal por meio do Decreto Presidencial no 63.184, de 27.08.1968, criou o 6° Batalhão de Engenharia de Construção, que teve como núcleo base a 1ª Companhia Especial de Engenharia de Construção, criada em 1967 e instalada no dia 09.08.1968 em Manaus-AM, data pela qual foi justamente escolhida e reconhecida como o nascimento oficial do 6° BEC.
Nos primeiros dias de 1969, após o Decreto Presidencial que designou a transferência e implantação oficial da sede do 6° BEC, de Manaus-AM para Boa Vista, RR, o Batalhão sob Comando do Tenente Coronel Ney Oliveira de Aquino, primeiro Comandante desta Unidade, e utilizando-se dos meios de deslocamentos aéreos e fluviais existentes na época, os primeiros militares do Batalhão chegam a esta guarnição e montam acampamento no bairro Mecejana. Iniciando assim os preparativos que culminaram na instalação oficial e provisória do Comando do 6° BEC, na antiga sede da Guarda Territorial, localizada na Avenida Capitão Ene Garcez ([1]), em março daquele mesmo ano.
Nos primórdios da década de 70, em cumprimento ao seu propósito de criação, a Unidade enfrentou aquela que seria considerada a mais bela batalha e o maior desafio de sua história, empregando todos os seus meios disponíveis na construção da BR–174 e da BR–401. Em uma epopeia de 7 anos e alguns meses, que apesar da inconsolável e heroica perda de quatro militares e vinte e oito servidores civis, tombados em serviço durante a execução desta missão, consolidou em abril de 1977 a integração de Roraima com o restante do País, por meio da construção, conservação e manutenção de 971 Km de estradas, que proporcionaram a ligação terrestre entre Manaus-AM e o município de Pacaraima, RR [fronteira com a República da Venezuela].
Tais feitos e conquistas são cultuados no espírito garrido de cada integrante desta Organização, além de sua eternização ter sido definitivamente marcada no terreno com a construção do Monumento da Linha do Equador, localizado às margens da BR-174, no distrito de Nova Colina, região de Rorainópolis, RR.
Ainda no final da década de 70, o Batalhão concluiu a implantação, construção e conservação definitiva de aproximados 226 Km de estradas, ligando Boa Vista, RR aos municípios de Normandia, RR e Bonfim, RR [fronteira com a República da Guiana].
Ainda neste período, atuando de maneira imensurável dentro do contexto de grande desenvolvimento vivido pelo antigo Território de Roraima em consequência dos feitos deste Batalhão, o 6° BEC construiu e transferiu sua sede para as suas atuais instalações.
Realizou a construção de instalações e casas para o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado [IPASA] e a Empresa Brasileira de Telecomunicações [EMBRATEL], realizou a construção das instalações do 2° Batalhão Especial de Fronteira, atual 7° BIS, do 1° Pelotão Especial de Fronteira – PEF de Bonfim, do 2° Pelotão Especial de Fronteira – PEF de Normandia, RR, do 3° Pelotão Especial de Fronteira – PEF de Pacaraima, construção do Hotel de trânsito da Guarnição, do Clube de Oficiais de Boa Vista [COB], onde destaca-se a construção do 1° Ginásio de esportes da região, atual ginásio do COB, construção do Grêmio Recreativo de Subtenentes e Sargentos [GRESSB], do Grêmio Recreativo de Cabos e Soldados [GRECAS], além da construção de um pavilhão e alojamento para a Polícia Militar do antigo território.
Na década de 80, o 6° BEC continuou seus feitos em apoio ao desenvolvimento Regional, atuando massivamente na construção de pontes, bueiros e pavimentação da BR-174 e da BR-401, realização de serviços de Engenharia na construção e implantação da antiga Base Aérea de Boa Vista [BABV], atual ALA 7, execução do asfaltamento das principais ruas e avenidas da cidade, além das melhorias nas instalações de sua sede e das Organizações e Instituições militares já implementadas na Guarnição.
Nos anos 90, o Batalhão atuou na construção das instalações da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, do 32° Pelotão de Polícia do Exército, do 1° Pelotão de Comunicações de Selva, do Posto Médico da Guarnição de Boa Vista e a Terraplenagem da área da 1ª Base Logística de Selva, atual 1° Batalhão Logístico de Selva, realizou a construção do Estande de Tiro da Guarnição e de diversos Próprios Nacionais Residenciais [PNR] das Vilas Militares de Oficiais, Subtenentes e Sargentos da Guarnição. Além da construção do muro de arrimo e de parte das infraestruturas do 1° Esquadrão do 2° Grupo de Aviação do Exército, atual 4° Batalhão de Aviação do Exército, com sede em Manaus-AM.
Salienta-se que, neste período, como forma de reconhecimento pelo papel desempenhado pelo 6° BEC na integração Brasil-Venezuela, o Batalhão recebeu, em 21 de janeiro de 1994, a denominação histórica de “Batalhão Simón Bolívar”, reverenciando o nome do insigne libertador da Venezuela e demais países da América do Sul, fato pelo qual, ocasionou na intensificação dos laços com o país vizinho em consequência dos nobres feitos por este Batalhão.
Na primeira década do século atual, o Batalhão atuou largamente nos Estados do Amazonas e Roraima, com diversos tipos de obras e operações, das quais citamos a construção do campo de pouso de São Luís do Anauá, RR; ampliação do aeródromo de Pacaraima, RR; execução de obras de infraestrutura no Terminal Hidroviário Intermodal de Camanaus, em São Gabriel da Cachoeira-AM; construção das instalações do 6° Pelotão Especial de Fronteira – PEF de Uiramutã; serviços de recuperação de estradas vicinais no Estado de Roraima, com ênfase na construção de bueiros, manutenção de estradas e reforma de pontes na RR-171 e RR-319 na região de Uiramutã, RR; recuperação e manutenção da estrada Puraquequara, nas bases de instrução do Centro de Instrução de Guerra na Selva em Manaus-AM; pavimentação de ruas de diversas instituições do Estado de Roraima, tais como EMBRAPA, SENAI, Polícia Militar e Organizações Militares da 1ª Bda Inf Sl; execução de serviços de Engenharia na Expansão e Manutenção da Infraestrutura do Distrito Agropecuário de Manaus, AM; Serviços de terraplenagem, encabeçamento de pontes, construção de obras de arte de drenagem e pavimentação na BR-319, Região de Careiro-Castanho, AM e Beruri, AM; serviços de Engenharia em apoio à BOVESA na expansão da eletrificação rural em Roraima; construção do pátio e melhoria das instalações da Receita Federal em Pacaraima, RR; e execução dos encabeçamentos da Ponte sobre o Rio Tacutu, fronteira com a República da Guiana, além dos serviços de construção e implantação da inversão de mão da cidade de Lethén, também na Guiana.
Nos últimos anos, este Batalhão continuou prestando os mais variados serviços de Engenharia em prol do desenvolvimento da Amazônia quer seja com o lançamento de ponte tipo Bailey, para o restabelecimento do tráfego na BR-174, no município de Presidente Figueiredo, AM, ou para reestabelecimento do tráfego de veículos no Bairro Tarumã e Ponta Negra, na cidade de Manaus, AM; na execução de serviços de conservação, manutenção e lançamento de microrrevestimento asfáltico em toda a extensão da BR-401, entre Boa Vista, RR e Bonfim, RR; ou na construção de uma ponte de madeira semipermanente com mais de cem metros de extensão em apoio ao 4° PEF de Estirão do Equador, na fronteira do Amazonas com o Peru.
Nos dias de hoje, por meio das obras e operações atuais, os militares e servidores civis deste Batalhão continuam escrevendo dia a dia a história de glória e sucesso desta nobre OM, estamos trabalhando na execução dos serviços de terraplenagem, drenagem e pavimentação asfáltica de aproximadamente 13 Km da BR-432, na região do município do Cantá, RR; recuperação da rede mínima de estradas das bases de instrução do Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus, AM; nos serviços de implantação da rede de esgoto, drenagem fluvial, terraplenagem e asfaltamento da Vila Militar da Guarnição de Tabatinga, AM; execução de serviços de Engenharia no melhoramento da estrada de acesso do 4° PEF à Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), em Estirão do Equador, AM; execução de trabalhos da Operação Acolhida de construção dos abrigos e bases utilizados pela Força-Tarefa Logística Humanitária na recepção e acolhimento de pessoas em situações vulneráveis advindas da Venezuela, com atuação em Pacaraima, RR e principalmente na cidade de Boa Vista, RR; nas ampliações, reformas e construção das instalações atuais, como a construção do novo setor de aprovisionamento do 6° BEC; entre outros.
Onde por fim, destacamos a fase final do planejamento e preparação para a perfuração de poços artesianos no território da República Cooperativa da Guiana, prevista para ocorrer nos meses de outubro e novembro do corrente ano. O Batalhão Simón Bolívar orgulha-se de ter prestado relevantes serviços ao Estado do Amazonas e Estado de Roraima.
Sua presença tem sido relevante em todo o período de sua história nesta região, não só nas tarefas básicas da Engenharia, mas nas obras de cooperação com o Governo Estadual, Prefeituras Municipais e demais Órgãos Públicos, no apoio à construção de prédios, vilas, casas, estradas, pontes, obras de saneamento, asfaltamento de estradas, ruas, avenidas, edificações, perfuração de poços e quaisquer tipos de missões que lhe têm sido confiadas.
Sem nenhuma veleidade, podemos afirmar que o 6° BEC está intrinsecamente ligado ao progresso e desenvolvimento desta região.
Passados cinquenta anos, a história do Batalhão continua a ser escrita com dedicação, sacrifício e, acima de tudo, com a fé inabalável de que continuamos lutando “a mais bela batalha do mundo”.
6° BEC, 50 anos de Pioneirismo
por uma Amazônia mais Forte!
Folha de Boa Vista ‒ Boa Vista, RR
Quarta-Feira, 08.08.2018
6° BEC Comemora Meio Século
[Folha Web]
Batalhão foi Criado Especialmente para a Construção de Obras que Ajudaram no Desenvolvimento de Roraima, como a BR-174
Ainda no final da década de 1960, o estado de Roraima estava isolado do restante do Brasil, assim como dos países vizinhos, Venezuela e Guiana. Para reforçar a segurança nas fronteiras e também permitir o desenvolvimento do estado, o Governo Federal criou o Decreto n° 63.184/68 que determinava a criação do 6° Batalhão de Engenharia de Construção [6° BEC], onde foi posteriormente instalado no dia 9 de agosto, em Manaus.
Em 1969, a sede oficial foi transferida para Boa Vista, onde está localizada até hoje, 50 anos depois, na Avenida Capitão Ene Garcez.
Em seu propósito de criação, o Batalhão construiu a BR-174, para integrar Roraima com o Amazonas por terra. Foram sete anos para a conclusão de 941 quilômetros de estradas, ligando a capital amazonense ao município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. […]
De acordo com o comandante Ten Cel Eng Vandir Pereira Soares Júnior, depois que o Batalhão terminou a missão, que incluiu também a construção de 226 quilômetros de estrada ligando Boa Vista aos municípios de Normandia e Bonfim para interligar o país da Guiana, não houve mais o envolvimento em grandes obras na região justamente porque, com as estradas, o desenvolvimento esperado chegou a Roraima. Afirmou:
O Batalhão foi uma grande ferramenta para conseguir a infraestrutura necessária que tem hoje. Aqui era uma área isolada e não tinha nada. Então o Batalhão fez toda essa ligação para que o estado se tornasse o que é hoje. Graças a esse trabalho não é necessário o Batalhão se envolver em obras tão grandiosas como naquela época. Já cumpriu sua finalidade.
No entanto, o 6° BEC cumpre missões de obras que são determinadas pelo Exército para garantir os serviços de engenharia, então acabam dando apoio em trabalhos realizados na BR-432, construção da ponte do Rio Tacutu, auxílio na construção de quartéis e outros. Completou:
A nossa grande missão é formar mão de obra, nos manter capacitados. Para isso, a gente precisa executar obra, não tem como aprender engenharia só nos bancos escolares, é preciso ir para o terreno, manter o nível de capacitação necessário para a nossa missão dentro do Exército.
CAPACITAÇÃO – Segundo o comandante, o Batalhão tem formado em torno de 200 profissionais em diversas áreas. Engenheiros civis são contratados temporariamente para ganharem experiência e permanecem até oito anos no Batalhão. O comandante garante que a capacitação é fundamental para melhoria nas habilidades. Dentro da corporação militar, existem também treinamentos para carpinteiros e motoristas. Destacou:
Nesse tempo, eles ganham experiência que dificilmente ganhariam se estivessem fora. Então eles vão ganhar experiência em obras verticais, viárias, de saneamento. São várias áreas úteis para o mercado da região.
ALISTAMENTO – Atualmente, 780 militares atuam no 6° BEC através do alistamento obrigatório, que acontece anualmente, ou em uma seleção feita pela 12ª RM, em Manaus, por meio de processo seletivo. O 6° BEC também conta com 10 estagiários, alunos da Universidade Federal de Roraima [UFRR] trabalhando na área de engenharia. Finalizou:
Procuramos fazer convênios com setores do Governo Federal, principalmente o DNIT. Estamos com o termo de execução direta para trabalhar no trecho da BR-432, próximo do Cantá. As outras obras do Batalhão são de interesses do Exército e com o Ministério da Defesa na Operação Acolhida, que é em Pacaraima e em Boa Vista, com a função de infraestrutura dos abrigos. [A.P.L] (FBV, 2018)
Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 28.12.2022 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
- Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
- Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
- Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
- Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
- Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
- Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
- Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
- Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
- Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
- Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
- Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
- Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
- Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
- E-mail: [email protected].
[1] Foi o 1° Governador do Território Federal do Rio Branco, nomeado pelo Presidente Getúlio D. Vargas, em 21.09.1943. (Hiram Reis)
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