Resultados do estudo realizado no eixo Manaus – Boa Vista, ao longo da rodovia BR 174, foram apresentados durante Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral, em Ouro Preto (MG)

Lançamento do estudo foi realizado durante a programação do Simexmin, em Ouro Preto, Minas Gerais. Foto: Núcleo de Comunicação SGB

A busca por fertilizantes alternativos na Região Norte do país é fundamental devido ao alto custo logístico da região, que dificulta a agricultura familiar e também gera impacto no desenvolvimento do agronegócio, em especial nos estados de Roraima e Amazonas. Para contribuir e ajudar a reverter este cenário, o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) iniciou em 2019 a avaliação do potencial agromineral do eixo Manaus – Boa Vista, ao longo da BR 174 entre os dois estados, e detalhou ontem (28) os resultados deste trabalho, que aponta os insumos que são extraídos na mineração e podem ser utilizados na agricultura.

Realizado pela Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM), o estudo teve seus resultados apresentados durante o Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral (Simexmin), que acontece na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, até quarta-feira (30). Na ocasião, o titular da DGM, Marcio Remédio, explicou que este estudo integra o Projeto Avaliação do Potencial Agromineral do Brasil, cujo objetivo é avaliar em todo território nacional rochas com potencial de remineralização e condicionamento de solos, com enfoque principalmente em materiais disponíveis em descartes de mineração, tendo em vista que esses materiais são mais facilmente disponibilizados para atender essa demanda.

Para acessar o estudo na íntegra, basta acessar aqui

“A importância do SGB em desenvolver estudos nesta temática se dá pelo fato da questão de a fertilização dos solos ser um assunto estratégico para o Brasil, considerando, sobretudo, a alta demanda que nós temos de insumos agrícolas. E com essa questão recente na Europa, essa instabilidade no mercado internacional de fertilizantes, nós precisamos buscar fontes alternativas para contribuir nessa demanda que temos de fertilizantes no país”, disse Marcio Remédio durante o lançamento.

O estudo na região foi realizado pelos geólogos Paulo Benevides e Alessandra Blaskowski, que fez a apresentação técnica durante o Simexmin. “Um trabalho com essa temática no Norte do país é muito importante, pois essa região tem uma dificuldade na matriz de transporte e logística. Algo importante de se destacar lá em Roraima, em específico nessa área eixo Manaus-Boa Vista, é que há uma carência muito grande de corretivo agrícola disponível, que vinha da Venezuela ou do Pará. Então nós realmente precisamos buscar soluções, não só para essa região, mas para o país todo”, explicou a pesquisadora.

Além da avaliação de rochas em unidades geológicas com potencial agromineral, a pesquisa teve foco nas pedreiras de agregados para construção civil, onde a rocha fragmentada já representa um ativo mineral e é, por vezes, subaproveitada. Nas amostras coletadas, em lavras e afloramentos, foram realizadas análises litoquímicas, petrográficas e mineralógicas, a partir das quais foi possível avaliar seu potencial agromineral.

“Destaco nesta região principalmente duas grandes lavras, uma próxima a Manaus, outra próxima a Boa Vista, que tem rochas com potencial e características químicas e mineralógicas que podem atender a norma de remineralizadores de solos. Destaco também os descartes da pedreira EBAM, em Presidente Figueiredo, em Manaus, e as rochas basálticas presentes na formação acotéri, que estão presentes na granada mineração próxima de Boa Vista”, pontuou Blaskowski.

A pesquisadora encerrou falando sobre a página do SGB voltada aos agrominerais. Para acessar, basta clicar aqui.

“Uma coisa que é importante e que recomendamos para o público é entrar na plataforma de agrominerais, onde tem esse trabalho e outros de referência nessa temática, como o projeto agrominerais da região Irecê Jaguarari e o projeto agrominerais do grupo Serra Geral no Rio Grande do Sul, dentre outras publicações importantes nessa temática”, encerrou.

Lucas Alcântara
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil – CPRM SGB
Ministério de Minas e Energia