Cartas de indígenas potiguar, que datam do Brasil Colônia e guardadas na Real Biblioteca de Haia, na Holanda, são traduzidas do tupi antigo em trabalho inédito de filólogo da USP. Imagens dos manuscritos estão na exposição “Nhe’e Porã: memória e transformação” em cartaz até abril de 2023 no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.

Composição com trecho da carta de Felipe Camarão a Pedro Poti escrita em Tupi Antigo em 19 de agosto de 1645. No detalhe, o endereçamento que lê: Ao Senhor Capitão Pedro Poti de Parayba.

Um trabalho de tradução inédito de autoria do filólogo Eduardo de Almeida Navarro, especialista em tupi antigo e em nheengatu é destaque da mais recente – e a última do ano de 2022 – edição do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. “Transcrição e tradução integral anotada das cartas dos Índios Camarões, de 1645, em Tupi Antigo” é o título da contribuição de autoria de Eduardo Navarro, e foi publicada na seção Memória da revista.

Trata-se de seis manuscritos de autoria de indígenas originalmente escritos na língua tupi antiga e que datam do período da invasão holandesa à costa brasileira onde hoje é o estado de Pernambuco e que perdurou por 15 anos (1630 – 1645).

A guerra contra a ocupação de parte do território do Brasil Colonial foi travada com a participação de indígenas potiguar (de potĩ – “‘camarão”’ + “‘ûara” – “‘comedor’, “‘o que come’”: “‘comedores de camarão”’) também chamados Camarões. As cartas traduzidas por Navarro são testemunho das lutas travadas à época. Como informa o autor das traduções: “Tais índios, parentes uns dos outros, conhecidos como ‘Camarões’, dividiram-se durante o conflito, ficando alguns ao lado dos luso-brasileiros e outros com os holandeses.” As cartas trocadas entre eles estão preservadas na Real Biblioteca de Haia.

Trata-se da primeira transcrição, tradução comentada desde que os documentos vieram à tona em 1885.

A reprodução de parte da carta de Felipe Camarão a Pedro Poti escrita em Tupi Antigo em 19 de agosto de 1645 e a sua tradução também podem ser vistas na exposição “Nhe’e Porã: memória e transformação” aberta no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Saiba mais lendo a íntegra do artigo disponível em: http://editora.museu-goeldi.br/…/transcricao(navarro).pdf

Na edição há artigos sobre moradia popular no Maranhão e sobre memória e paisagem na Brumadinho pós-rompimento da barragem, este último publicado em formato bilíngue. Há também artigo sobre pesquisa colaborativa no campo da museologia, além de contribuições sobre linguística e arqueologia.

Ver a edição completa em https://www.scielo.br/j/bgoeldi/i/2022.v17n3/

O pdf completo poderá ser obtido em http://editora.museu-goeldi.br/humanas/

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Texto: Jimena Felipe Beltrão, jornalista e editora do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas

FONTE: MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI 

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