O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou na abertura da COP15 nesta quarta-feira. O encontro sobre biodiversidade acontece em Montreal, no Canadá, até 19 de dezembro.
Em seu discurso, o chefe da ONU destacou que a Conferência sobre Biodiversidade traz uma oportunidade para construir paz com a natureza. Ele afirma que os governos precisam desenvolver planos robustos em todas as frentes.
Soluções verdes
Ao afirmar que o mundo trata o planeta como latrina e que estamos “cometendo suicídio “por procuração”, Guterres destacou as perdas que a falta de cuidado com a natureza já causam. Ele estima um prejuízo de US$ 3 trilhões com a deterioração da natureza, além da perda de empregos, vidas e do aumento da fome e doenças.
Guterres acredita que as autoridades devem redirecionar subsídios e isenções fiscais para soluções verdes, como energia renovável, redução de plástico, produção de alimentos ecológicos e extração sustentável de recursos.
Além disso, o líder das Nações Unidas afirma que os planos devem reconhecer e proteger os direitos dos povos indígenas e comunidades locais, que ele avalia como “guardiões da biodiversidade”.
Para o secretário-geral, o setor privado deve balancear lucro e colocar a proteção dos ecossistemas em primeiro lugar. Guterres explica que isso significa que a indústria alimentar e agrícola procure formas sustentáveis de produção e meios naturais de polinização, controle de pragas e fertilização.
Financiamento
O chefe da ONU reforça que os países desenvolvidos devem fornecer apoio financeiro para os países do Sul Global, que são “como guardiões da riqueza natural do nosso mundo”.
Ele pediu às instituições financeiras internacionais e bancos multilaterais de desenvolvimento que alinhem suas carteiras com a conservação e uso sustentável da biodiversidade.
Segundo Guterres, a comunidade global precisa apoiar todos os países enquanto eles protegem e restauram seus ecossistemas após “séculos de degradação e perda”.
Não há Planeta B
Em um chamado para que os governos tomem responsabilidade pela natureza, biodiversidade e humanidade, Guterres afirmou que “deixando de lado os sonhos ilusórios dos bilionários, não existe Planeta B”.
Assim, ele concluiu seu discurso afirmando que, embora se inspire com jovens ativistas ambientais de todo o mundo, ele acredita que “não podemos passar a responsabilidade para eles limparem nossa bagunça”.
O chefe da ONU pediu que os representantes aceitem a responsabilidade pelos danos causados e tomem medidas para corrigi-los.
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na Conferência de Biodiversidade da ONU, COP15, aberta nesta terça-feira em Montreal, no Canadá.
A primeira parte da COP15 ocorreu em Kunming, na China, em outubro do ano passado, e desta vez, a agenda inclui a continuação de negociações para a adoção de um Quadro de Biodiversidade Global pós-2020.
Mulheres, jovens e indígenas
A porta-voz do chefe da ONU, Stephanie Tremblay, contou que Guterres encontrará o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o presidente da COP15, ministro Huang Runqiu da China, que também estão em Montreal.
O secretário-geral se reunirá com representantes da sociedade civil, incluindo grupos de mulheres, jovens, comunidades indígenas e agremiações regionais.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma,* explica que governos de todo o mundo devem traçar um novo conjunto de metas e objetivos que vão guiar a ação global sobre a natureza até 2030.
A COP15 quer alcançar um acordo histórico para deter e reverter a perda da natureza, no mesmo nível do Acordo de Paris sobre o Clima, de 2015. O que for adotado em Montreal será essencialmente um plano global para salvar a biodiversidade em declínio do planeta.
COP27 e COP15: qual a diferença?
Embora pareça semelhante à COP27, a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, ambos os eventos se concentram em questões diferentes, mas relacionadas.
A COP27 abordou ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e para se adaptar a essas mudanças. Já a COP15 tem a natureza como foco, por meio da Convenção sobre Diversidade Biológica, um tratado adotado para a conservação e o uso sustentável da diversidade biológica e questões relacionadas.
A COP da biodiversidade ocorre a cada dois anos e esta edição é particularmente importante, já que deve ser adotado um novo quadro global de biodiversidade. O acordo será o primeiro desse tipo adotado desde os Objetivos de Biodiversidade de Aichi, em 2010.
Na COP10 em Nagoya, no Japão, os governos se propuseram a cumprir os 20 Objetivos de Biodiversidade de Aichi até 2020, incluindo que a perda de habitats naturais seria reduzida pela metade e que os planos para consumo e produção sustentáveis seriam implementados.
De acordo com um relatório de 2020, nenhuma dessas metas foi totalmente atingida. Os 196 países participantes ratificaram a Convenção sobre Diversidade Biológica, e 196 nações precisarão adotar a estrutura nesta reunião em Montreal.
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